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História do PPGAS

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Estadual de Campinas[1]

Mariza Corrêa

A crise pela qual passou a Universidade de São Paulo foi em parte responsável pela transformação da Universidade de Campinas, projeto local antigo, em Universidade Estadual de Campinas, no final dos anos sessenta. Com a indicação de Zeferino Vaz para a reitoria da nova universidade, teve início o processo de constituição de várias faculdades e institutos e a contratação de um grande número de professores, vários deles intelectuais perseguidos pelo regime militar. No atual Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, esse processo começou com a criação de um Departamento de Economia e Planejamento Econômico e Social, para o qual depois foram contratados economistas, e pela contratação, logo depois, de linguistas, filósofos, sociólogos, antropólogos e cientistas políticos.[2]

O filósofo Fausto Castilho, encarregado por Zeferino Vaz de fazer estas primeiras contratações lembra que a ideia era retornar, no final dos anos 1960, o projeto da Universidade de São Paulo, uma universidade na qual os docentes fossem altamente qualificados e a liberdade de pensamento garantida. Dado o contexto político da época, a estratégia na área de ciências humanas foi enfatizar o planejamento para emprestar algo de empresarial às análises econômicas; a linguística era o guarda-chuva disciplinar que emprestaria aspecto científico às análises de Ciências Sociais, muito mal vistas pelo governo militar. Como consequência desta estratégia de criação, vários dos primeiros contratados por Fausto, que tiveram apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para fazerem seu doutorado na Europa, assumiram o compromisso de seguirem cursos também em linguística.

O primeiro contratado na área de Antropologia, Antonio Augusto Arantes, recém-formado, era instrutor na Universidade de São Paulo e descreve o clima da USP como sendo de grande ebulição intelectual naquele momento, um “clima de muita solidariedade, de respeito mútuo, muito comprometimento por uma causa, digamos, de modernização do conhecimento, de articulação do conhecimento com as questões sociais, históricas. Envolvimento com a dimensão social e política do trabalho de um cientista social. Isso era muito forte, muito importante naquela época. (...) E a invasão da Maria Antônia, a crise institucional, criaram sérios problemas para o desenvolvimento desse, não era bem um projeto, mas desse fluxo de ideias, atividades e decisões na USP. E foi nesse momento que Bento (Prado) me perguntou: ‘Você não quer trabalhar em Campinas, nessa Universidade que não tem catedráticos e que é para começar daqui a dois anos?’ (...)” Assim, logo depois do desmantelamento da Maria Antônia, ele embarcou para Besançon para fazer seu curso de linguística junto com o primeiro grupo de contratados do Instituto. A estadia em Besançon foi breve para todos – em poucos meses, cada um perseguia seus interesses próprios de pesquisa. No caso de Antonio, este estava na Inglaterra e num trabalho com Edmund Leach, que o aceitou como aluno em Cambridge.[3]

Através de Antonio e também por uma carta de Fausto Castilho, Leach soube do projeto da Unicamp e falou dele a Peter Rivière, orientador da tese de Verena Martinez-Alier, e este comentou o assunto com seu colega Peter Fry, então professor no University College of London. Em algum momento, os três, Antonio, Verena e Peter se encontraram para planejar sua vinda Campinas. Verena conta que veio para o Brasil porque não podia voltar para Cuba, onde fizera a pesquisa de doutoramento; Peter conta que veio porque não podia voltar à África, onde fizera a dele.[4] Os três se encontraram no consulado do Brasil, já que o cônsul Ovídio de Mello também estava encarregado de procurar candidatos titulares para a nova Universidade, e hoje lembram divertidos a situação delicada em que cada um procurava perceber as tendências políticas dos outros, num momento em que o Brasil era mais conhecido no exterior pela ditadura do que pelas universidades.[5]

Os três começaram a dar aulas para a primeira turma de graduação em Ciências Sociais em 1970 e, já no ano seguinte, foram incumbidos por Fausto Castilho de dar início ao programa de pós-graduação. Como o grupo era muito pequeno, socorreu-se frequentemente de professores visitantes e dos docentes de outras áreas, o que fez com que o programa tivesse no seu início não só um diálogo com os colegas de outras disciplinas, como expunha os alunos a uma variedade grande de orientações teóricas trazidas pelos convidados.[6] A marca do programa, no entanto, era indiscutivelmente a influência da Antropologia britânica, trazida pelos seus fundadores. Peter e Verena relembram também seu aprendizado do país ao chegarem , fosse na reelaboração dos programas de curso, que logo perceberam como muito distantes dos interesses dos estudantes, fosse na elaboração de suas próprias pesquisas aqui. O trabalho de Peter na África o levou a se interessar pela umbanda: “No início, comecei a estudá-la não somente porque constituía um desafio na minha aventura de tentar decifrar a cultura brasileira, mas também porque julguei que poderia ter uma importância política análoga à que tinha a religião tradicional do povo shona, que eu estudara no Zimbábue.” As conclusões a que chegou, no entanto, o aproximaram mais das de um antropólogo brasileiro do que de suas próprias no estudo anterior: “... percebi a umbanda não como uma resistência à cultura dominante, mas como a sacralização de um aspecto fundamental de toda a cultura brasileira: ela me mostrou a legitimidade do malandro, da sacanagem e do favor.”[7] Foi a partir de seu trabalho com as religiões que ele iniciou uma pesquisa pioneira sobre a homossexualidade[8] e continuou seu diálogo com os colegas do Museu Nacional, para onde se transferiu em 1983.

Verena, que tinha iniciado seu trabalho em Antropologia com um estudo sobre “atitudes raciais e valores sexuais”, continuou a estimular essas linhas de pesquisa no mestrado e as primeiras dissertações que orientou tratavam de questões de gênero, ou de família, e de relações raciais.[9]

O diálogo dos recém-chegados com os colegas no Departamento de Ciências Sociais, do Departamento de Linguística e de Economia não era sem conflitos. Peter lembra seu susto, como jovem professor, com as grandes teorizações que encontrou ao chegar. E logo depois: “Eram todos chomskianos ou levistraussianos; vinham de Chicago ou de Michigan e traziam referências muito mais abrangentes do que as minhas. Mas isso foi muito bom, porque fui obrigado, se não a ler, pelo menos a tentar entender Poulantzas, Althusser... Quando saiu o livro de E. P. Thompson (Miséria da teoria), me senti vingado de tanto sofrimento. E até teorizei sobre o assunto: como a língua portuguesa é muito restrita em seu uso, traduz-se muito. Eu li, por exemplo, Vigiar e punir em português muito antes de meus amigos na Inglaterra... De qualquer forma, como não podíamos competir com o discurso barroco elaborado dos outros, insistíamos mais e mais na pesquisa de campo (...) Ficávamos chocados, Verena e eu, com a falta de conhecimentos sobre a sociedade brasileira em todos os níveis. E por isso éramos chamados de empiricistas pelos nossos colegas de outras disciplinas.[10]

Além da ênfase na pesquisa empírica, a outra vertente importante desde o início na formação dos estudantes do Programa de Pós-Graduação de Campinas era a relação da Antropologia, não com a Linguística, como teria sido de esperar, dado o contexto de sua criação, mas com a História.

O trabalho de Verena com mulheres que trabalhavam nas plantações de cana de Campinas foi decisivo para a implementação dessa influência, como ela lembra. “à medida que eu ia recolhendo histórias de vida e trabalhando com documentos históricos para chegar a estabelecer uma continuidade entre os anos 1980 e os anos 70 em Campinas, fui percebendo do que se tratava realmente. É não só, em abstrato, tentar introduzir uma perspectiva histórica na Antropologia – uma Antropologia que era realmente a-histórica na época, funcionalista – nem tampouco acrescentar uma espécie de introdução histórica depois de fazer o típico estudo de caso, mas introduzir a dinâmica histórica através da análise dos sujeitos e das sujeitas que fazem a história. Então, nesse momento, o Peter Worsley me disse uma frase que achei ótima, porque resume muito bem o problema. Ele diz, com toda a razão, que convencionalmente a História conta eventos, fatos, sem gente. Acontecem batalhas, revoluções etc., mas não tem sujeitos – salvo para alguns historiadores como E. P. Thompson, E. Hobsbawm e os marxistas. Enquanto que a Antropologia tem escrito interminavelmente sobre gente sem história. Então a questão é juntar a história com os sujeitos.”[11] Essa perspectiva foi reforçada pela criação, mais tarde, de um Departamento de História no Instituto e pela influência recíproca das duas disciplinas no panorama mais geral das pesquisas em Ciências Humanas.

O número reduzido dos participantes do grupo no início levou a algumas démarches para a contratação de outros antropólogos: Roberto DaMatta veio para o programa como professor visitante nos seus dois primeiros anos, assim como Francisca Vieira Keller, ambos do Museu Nacional; Roberto Cardoso de Oliveira foi convidado, quando estava para decidir se ficava no Museu ou ia para Brasília, mas o grupo começou a crescer pela contratação de alguns ex-alunos dos novos programas, de Campinas, do Museu Nacional, da UnB ou da USP (ver quadro a seguir). Isso reforçou a tendência, já notada antes, de uma maior circulação dos antropólogos entre os programas de pós-graduação que, além de apontar para uma situação nova em termos de universidade brasileira, parece sugerir também o reforço de um campo comum de atuação. Na criação desse campo tem sido importante tanto as iniciativas institucionais como os debates intelectuais.

Além dos debates internos a cada programa, ou entre os programas e seus vizinhos institucionais, havia também um diálogo constante dos programas entre si, ainda que parcial. Isto é, as discussões nunca envolviam os programas como um todo, mas sim os representantes de certas áreas – de estudos indígenas, da questão agrária, das relações de gênero, da questão urbana etc. Esses diálogos foram também reforçando as várias áreas de pesquisa que se desenvolveram ao longo desses anos, criando grupos de trabalho que muitas vezes extrapolaram os territórios da universidade.

Peter Fry lembrou a importância que as análises de Roberto DaMatta tiveram para ele, para a compreensão da realidade brasileira; Antonio Arantes lembrou o impacto da defesa de tese de doutorado de Roberto Cardoso de Oliveira, quando concluía seu curso na USP – e as relações entre os docentes do programa de Brasília e os do Museu Nacional já foram lembradas. Foi também a partir de uma aliança entre professores dos programas de Campinas e de São Paulo que a ABA retomou suas atividades no final da década de setenta.[12] Essa abertura do campo institucional de cada programa para uma atuação mais ampla no campo da Antropologia brasileira levou inevitavelmente a uma ampliação do diálogo entre diferentes tendências da Antropologia. Como diz Peter Fry: “Quando Manuela (Carneiro da Cunha) chegou com uma carta de Lévi-Strauss, Verena e eu, que só conhecíamos a Antropologia social britânica, ficamos impressionados. Mas dessa conversa resultou algo interessante...”[13]

A conversa continua, agora com um número muito maior de interlocutores mas, aqui, só é possível recuperar parte dela, a que ocorria no momento inicial da constituição desse campo.

Quadro – PPGAS da Unicamp – Quadro docente desde sua fundação[14]

Nome

Período

Título

Ano

Origem

Orientador

 

Antonio Augusto Arantes

1968

PhD

1977

Cambridge

Edmund Leach

Aposentado como professor titular em 1997, mantendo seu vínculo como colaborador junto ao PPGAS.

Peter Henry Fry

1971-1983

PhD

1969

U. Londres

Mary Douglas

Transferiu-se inicialmente para o Museu Nacional e, após um período na Fundação Ford (1985-1993, Rio de Janeiro e Harare), foi incorporado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do IFCS – UFRJ. Se aposentou como professor titular em 2010.

Verena Stolcke

1971-1979

PhD

1970

Oxford

Peter Rivière

Transferiu-se para a Universitat Autònoma de Barcelona, onde é professora catedrática emérita.

Francisca Keller

1971-1972

Dr.

1967

USP

F. Fernandes

Professora do Museu Nacional entre 1969 e 1981, quando faleceu prematuramente.

Luiz Mott

1972-1978

Dr.

1975

Unicamp

Verena Stolcke

Transferiu-se para a Universidade Federal da Bahia, onde se aposentou como professor titular.

Manuela Carneiro da Cunha

1972-1984

Dr.

1975

Unicamp

Peter Fry

Foi inicialmente para o PPGAS – USP, onde ficou até 1995, quando se transferiu para Universidade de Chicago onde é professora emérita. Na atualidade, é professora colaboradora do PPGAS – USP.

José Luiz dos Santos

1972-2007

PhD

1981

U. Londres

J. Kahn

Aposentou-se em 2007.

Maria Suely Kofes

1973

Dr.

1990

USP

Eunice Durham

Professora titular do Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Alba Zaluar

1975-1994

Dr.

1984

USP

Eunice Durham

Ingressou em 1995 como professora titular na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde se aposentou em 2012. Na atualidade é professora  visitante no IESP / UERJ.

Carlos Rodrigues Brandão

1975

Dr.

1979

USP

José de Souza Martins

Aposentou-se como professor titular em 1997, mantendo seu vínculo como colaborador junto ao PPGAS. É professor emérito junto ao Departamento de Antropologia – Unicamp.

Ana Maria Niemeyer

1975-1999

Dr.

1985

USP

Ruth Cardoso

Aposentou-se em 1999, mantendo seu vínculo de colaboradora junto ao PPGAS – Unicamp.

Diana Brown

1975-1976

Dr.

1974

Columbia

Charles Wagley

Atualmente é professora no Bard College.

Dolores Newton Fish

1975-1977

Dr.

 

Harvard

 

 

Mário Bick

1975-1977

Dr.

1974

Columbia

Marvin Harris

Atualmente é professor no Bard College.

Rubem César Fernandes

1976-1981

Dr.

1976

Columbia

L. Krieger

Transferiu-se em 1981 para o Museu Nacional onde permaneceu até 1994. Concentrou suas atividades no ISER e no Viva Rio.

Mariza Corrêa

1976

Dr.

1982

USP

Ruth Cardoso

Aposentou-se como professora livre-docente em 2003, mantendo seu vínculo como colaboradora junto ao PPGAS – Unicamp e atuando como pesquisadora do PAGU.

Carlos Alberto Ricardo

1977-1979

Bacharel

1972

USP

 

Um dos fundadores do CEDI em 1974, concentrou suas atividades nesta instituição desde 1979. Participou da fundação do ISA em 1994.

Mauro W. Barbosa Almeida

1977

PhD

1993

Cambridge

Stephen Hugh-Jones

Aposentou-se como professor livre-docente em 2013, mantendo seu vínculo como colaborador junto ao PPGAS.

Mércio Pereira Gomes

1978-1991

PhD

1977

Flórida

Charles Wegley

Desligou-se da Unicamp em 1991.

Bela Feldman Bianco

1980

PhD

1980

Columbia

Joan Vincent

Aposentou-se como professora livre-docente em 2010, mantendo seu vínculo como colaboradora junto ao PPGAS.

Guillermo Raul Ruben

1980-2008

Dr.

1980

U. Paris

I. Chiva

Aposentou-se  como livre-docente em 2008.

José Guilherme C. Magnani

1981-1985

Dr.

1982

USP

Ruth Cardoso

Transferiu-se para o Departamento de Antropologia / PPGAS – USP.

Anthony Henman

1981-1989

MA.

1975

Cambridge

M. Gilseman

Atuou como pesquisador e consultor em distintas organizações nacionais e internacionais dedicadas ao tema das drogas. Atualmente é pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP).

Vanessa Lea

1983

Dr.

1986

Museu Nacional

Anthony Seeger

Aposentou-se como professora titular em 2014, mantendo seu vínculo como colaboradora junto ao PPGAS.

Luis Eduardo M. Soares

1983-1987

Dr.

1991

IUPERJ

W. G. dos Santos

No período em que trabalhou junto à Antropologia da Unicamp, Luiz Eduardo Soares havia realizado o mestrado no Museu Nacional – UFRJ (1980), sob a orientação de Otávio Velho. Atualmente é professor da UERJ.

Teresa Caldeira

1988-1996

Dr.

1992

U. Califórnia

P. Rabinow

Transferiu-se para a Universidade da Califórnia – Irvine. Atualmente é professora da Universidade da Califórnia – Berkeley.

Roberto Cardoso de Oliveira

1985-1990

Dr.

1966

USP

Florestan Fernandes

Aposentou-se em 1990, mas permaneceu, como professor emérito, vinculado ao Programa de Mestrado em Antropologia Social e ao Doutorado em Ciências Sociais. Faleceu em julho de 2006.

Hugo Lovisolo

1985-1988

Dr.

1987

Museu Nacional

Otávio Velho

Transferiu-se para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Nádia Farage

1985

Dr.

1997

USP

Maria Aparecida Santilli

Aposentou-se em 2014, mantendo seu vínculo como colaboradora junto ao PPGAS.

Heloísa Pontes

1985

Dr.

1996

USP

Maria Arminda N. Arruda

Professor titular do Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Lilia Schwarcz

1985-1988

Dr.

1993

USP

M. Carneiro da Cunha

No período em que trabalhou junto à Antropologia da Unicamp, Lilia Schwarcz havia realizado o mestrado na Unicamp (1986), sob a orientação de Antonio Augusto Arantes. Transferiu-se para o Departamento de Antropologia / PPGAS – USP.

Paula Montero

1985-1988

Dr.

1983

USP

Eunice Durham

Transferiu-se para o Departamento de Antropologia / PPGAS – USP.

Nestor Perlongher

1985-1992

MS.

1986

Unicamp

Mariza Corrêa

Nestor Perlongher faleceu em novembro de 1992.

Robin Wright

1987-2007

PhD

1981

Stanford

Renato Rosaldo

Aposentou-se como livre-docente pela Unicamp em 2007, transferindo-se para a Universidade da Flórida.

Guita G. Debert

1985

Dr.

1983

USP

Ruth Cardoso

Professora titular do Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Maria Filomena Gregori

1989

Dr.

1997

USP

Ruth Cardoso

Livre-docente do Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Rita C. L. Morelli

1989 - 2014

Dr.

1998

Unicamp

Guillermo Ruben

Aposentou-se em 2014.

Márcio Ferreira da Silva

1990-1998

Dr.

1993

Museu Nacional

E. Viveiros de Castro

Transferiu-se para o Departamento de Antropologia / PPGAS – USP.

Marcio D’Olne Campos

1993-1998

Dr.

1972

U. Languedoc

M. Savelli

Desde 1993 atuou em diversas instituições cariocas e fluminenses.

John Manuel Monteiro

1994-2013

Dr.

1985

U. Chicago

John H. Coatsworth

John Manuel Monteiro faleceu em março de 2013 quando, como professor titular, havia acabado de assumir a direção do IFCH.

Emília P. de Godoy

1994

Dr.

1998

U. Paris

Carmen Bernand

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Aracy Lopes da Silva

1998-2000

Dr.

1980

USP

Lux Vidal

Aracy Lopes da Silva faleceu em outubro de 2000.

Omar Ribeiro Thomaz

2001

Dr.

1997

USP

Paula Montero

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Ronaldo R. M. de Almeida

2004

Dr.

2002

USP

Paula Montero

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Amenris Maroni

2005-2014

Dr.

1994

PUC-SP

Norma Telles

Aposentou-se em 2014, mantendo seu vínculo como professora colaboradora junto ao PPGAS – Unicamp.

Adriana Piscitelli

2008

Dr.

1999

Unicamp

Mariza Corrêa

Pesquisadora  do PAGU – Núcleo de Estudos de Gênero / PPGAS – Unicamp.

Regina Facchini

2010

Dr.

2009

Unicamp

Maria Filomena Gregori

Pesquisadora  do PAGU – Núcleo de Estudos de Gênero / PPGAS – Unicamp.

José Maurício Arruti

2012

Dr.

2002

Museu Nacional

João Pacheco

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Susana Durão

2013

Dr.

2006

ISCTE - Lisboa

Graça Cordeiro

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Antônio R. Guerreiro Jr.

2013

Dr.

2012

UnB

Marcela Coelho de Souza

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Isadora Lins França

2014

Dr.

2010

Unicamp

Júlio Assis Simões

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Christiano  Key Tambascia

2014

Dr.

2010

Unicamp

Suely Kofes

Departamento de Antropologia / PPGAS – Unicamp.

Artionka Capiberibe

2014

Dr.

2009

Museu Nacional

Aparecida Villaça

Departamento de Antropologia / PPGAS - Unicamp

Nashieli Loera

2014

Dr.

2009

Unicamp

Emília Pietrafesa de Godoy

Departamento de Antropologia / PPGAS - Unicamp

 

[1]              Reproduzimos aqui parte de um ensaio mais amplo de Mariza Corrêa sobre a formação e consolidação do campo da Antropologia Social no Brasil. Ver: CORRÊA, M (1995): “A Antropologia no Brasil (1960-1980)” in MICELI, Sérgio. História das Ciências Sociais no Brasil. Vol 2. São Paulo: Editora Sumaré (pp. 65 – 72).

[2]              Sobre a Universidade Estadual de Campinas ver ADUNICAMP (1991). Adunicamp – em defesa da universidade. Campinas: Ed. da Unicamp. N.E.: sobre os primórdios da Unicamp, ver também GOMES, Eustáquio (2006). O Mandarim – História da Infância da Unicamp. http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/indice-mandarim

                Devo os esclarecimentos sobre a Unicamp no final dos anos 60 e início dos anos 70 a Fausto Castilho, André Villa Lobos e Luiz Orlandi, a quem agradeço as várias horas de conversa que tiveram comigo. O Instituto de Filosofia consta atualmente com cinco departamentos (Antropologia, Ciência Política, Sociologia, Filosofia e História); os antigos departamentos de Economia e Linguística transformaram-se, respectivamente, no Instituto de Economia e no Instituto de Estudos da Linguagem.

                O que Fausto define hoje como uma estratégia foi, no entanto, percebido por alguns atores na época como um projeto no qual, como diz Antonio Augusto Arantes, “a linguística aparecia como a disciplina que faria a articulação teórica dos demais.” (Entrevista concedida a Cíntia Ávila de Carvalho. Ver CARVALHO, Cíntia A. de. (1990): “Sobre a Antropologia na Unicamp”. Campinas: Unicamp, mimeo. N.E.: Atualmente o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas conta com 6 departamentos: aos listados acima, soma-se o Departamento de Demografia, formado por professores oriundos dos departamentos de Antropologia e Sociologia e com uma relação muito intensa com o NEPO – Núcleo de Estudos de População – Unicamp.

[3]              O estruturalismo estava começando a chegar à universidade brasileira e, apesar de ter lido As estruturas elementares do parentesco com Ruth Cardoso e ter discutido o assunto com Bento Prado, Antonio tinha familiaridade com os autores ingleses, por ter sido monitor de Eunice Durham preparando seminários sobre Malinowski, Firth, Radcliffe-Brown. “Acho que um dos marcos na minha formação foi o Repensando a Antropologia, de Leach, em que ele faz a crítica da Antropologia taxonômica e classificatória e propõe, em termos empiricistas, vamos dizer assim, uma compreensão estruturalista das práticas sociais.” Antonio voltou para defender seu mestrado na USP, mas defendeu sua tese de doutorado em Cambridge. ver ARANTES, A. A. (1975): “A Sagrada Família”. Campinas: Cadernos do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (5), Unicamp; ARANTES, A. A. (1982): O trabalho e a fala. São Paulo: Kairós. N.E.: Em breve O trabalho e a fala estará disponível on line na página do PPGAS – Unicamp, como segundo volume da coleção “40 e tantos”, parte do selo do PPGAS – Unicamp AVAKUAATY.

[4]              Ver FRY, Peter (1975). Spirits of Protest. Cambridge University Press; e MARTINEZ-ALIER, Verena (1974). Marriage, class and colour in nineteeth-century Cuba – a study of racial attitudes and sexual values in a slave society. Cabridge University Press. O volume de Verena foi reeditado pela The University of Michigan Press em 1989. N.E: conta com uma versão em espanhol – Racismo y sexualidad em la Cuba colonial – publicada em 1992 em Madri pela Aliança Editorial. Em breve contaremos as versões em português on line dos livros de Verena e Peter supracitados como parte da coleção “40 e tantos” do PPGAS – Unicamp AVAKUATY.

[5]              Peter e seus colegas gostam também de contar a anedota que ele registrou em Para inglês ver: “Logo de início enfrentei uma ‘realidade’ que me foi de difícil compreensão, desde a alfândega até a universidade. Fiquei um pouco decepcionado com a comida, pois, diariamente, nos restaurantes de Campinas, devorei bifes, arroz, feijão e salada. Achei que tanto os restaurantes quanto a comida muito pouco diferentes dos europeus ou africanos e suspeitei que meus amigos estivessem me escondendo a ‘verdadeira’ cultura culinária brasileira, a que a distinguiria de todas as outras culturas. Nas minhas andanças pela cidade tinha visto um restaurante aberto, com balcão e vidro basculantes, que achei tão ‘diferente’ que só poderia ser o locus do legítimo prato nacional. Comuniquei aos amigos a descoberta, aproveitei para criticá-los por me terem levado sempre a lugares de cultura ‘importada’ e convidei-os a me acompanhar ao lugar em questão. Era uma pastelaria chinesa.” FRY, Peter (1982). Para inglês ver. Identidade e política na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Zahar.

[6]              Foram visitantes do Programa, entre outros, Carmelo Lisón-Tolosana, Juan Martinez-Aleir, Daniel Gross, Richard Price, Robert Shirley, Diana Brown, Mário Bick, Helène Clastres.

[7]              Cf. FRY (1982: 13)

[8]              Idem.

[9]              Ver o artigo de Verena Martinez-Alier (1973): “Cor como símbolo de classificação social”, in Revista de História (96), São Paulo, e a introdução à segunda edição de sua tese de doutoramento (1989).

[10]             Peter Fry, depoimento de 25 de dezembro de 1991.

                Verena confirma as palavras de Peter: “Eu me lembro (...) que as discussões eram absolutamente surrealistas (...) porque os conceitos eram interminavelmente tratados, olhados, discutidos, virados, reinterpretados. E a minha reação era sempre: ‘Vamos ver o que as pessoas dizem, não?’ E acho que não foi um erro insistir. (...) Mao disse uma vez (...), acho que naquele texto sobre estrutura de classes na China: ‘Não tem direito de falar quem não pesquisa’. E isso, dentro do ambiente político geral, para mim foi uma espécie de carta se cidadania.” (Depoimento de 24 de setembro de 1990). É difícil, hoje, recuperar o debate interno daqueles anos, já que nenhum texto programático foi publicado. Mas a percepção dos alunos do Programa, se bem a interpreto, era de que havia um determinismo teórico por parte, principalmente, dos economistas, que se opunha à visão dos antropólogos, expressa por Verena e Peter: que era necessário saber o que pensavam os agentes da história. De certo modo, reeditávamos a polêmica Willems-Florestan em novos termos – mas Florestan, a esta altura, já era um ícone da resistência ao regime e era relido nesse diapasão. Daí, talvez, a afinidade entre o estrutural-funcionalismo dos antropólogos seus alunos na USP e dos professores da Unicamp.

[11]             Peter Worsley foi um dos professores visitantes do programa. Convém lembrar que o diálogo ocorreu alguns anos antes de A nova História começar a chegar às prateleiras das livrarias. Para os resultados finais da pesquisa, ver STOLCKE, Verena (1986). Cafeicultura – homens, mulheres e capital (1850-1980). São Paulo: Editora Brasiliense. A resenha de José Graziano da Silva sobre este livro (“Café amargo”) e a resposta de Verena (“O povo na história”), publicadas na Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº 3 (1), de fevereiro de 1987, explicitam, anos depois, alguns dos pontos daquele debate interno.

[12]             Na eleição do biênio que começou em 1980, Eunice Ribeiro Durham foi indicada para a presidência da Associação; o secretário era Antonio Augusto Arantes e o tesoureiro Peter Fry.

[13]             Seria impossível reconstituir, nos limites deste trabalho, todas as pequenas relações envolvidas nessas idas e vindas de antropólogos entre os programas: parte por acaso, parte por injunções de suas trajetórias pessoais, Antonio Augusto Arantes não foi para Harvard fazer um doutorado dentro do convênio estabelecido com o Museu Nacional, Carlos Rodrigues Brandão deixou Brasília, onde tinha defendido a primeira dissertação de mestrado do programa, para vir para Campinas e assim por diante.

[14]             Esta tabela foi devidamente atualizada, com a autorização da autora Mariza Corrêa. Dela constam todos os professores que atuaram junto ao PPGAS da Unicamp, entre os concursados do Departamento de Antropologia, contratados por determinados períodos pela Unicamp ou vinculados a núcleos de pesquisa. Não fazem parte da tabela os inúmeros professores e pesquisadores estrangeiros e brasileiros que estiveram conosco com apoio de agências financiadoras como FAPESP ou CNPq.