Filosofia

A ideia de finalidade da natureza na de Fundamentação da Metafísica dos Costumes Kant

A Fundamentação da metafísica dos costumes é a obra na qual Kant faz sua primeira tentativa de estabelecer o princípio da moral fundamentado, principalmente, na autonomia da razão. Em seu desenvolvimento argumentativo, o autor faz uso da ideia de uma ordenação conforme a fins da natureza – isto é, de uma teleologia –, em dois momentos específicos: no argumento teleológico e nas fórmulas do imperativo categórico. A presença da teleologia no processo de investigação da moral kantiana recebeu pesadas críticas da literatura.

Comunidade ética e história na filosofia de Kant

A presente tese visa traçar a relação entre os âmbitos individual e coletivo no que diz respeito à moral kantiana, a partir de uma análise do conceito de comunidade ética, apresentado por Kant em 1793, com a publicação da Religião nos limites da simples razão. Assim, em um primeiro momento busca-se reconstruir e examinar a dualidade a partir da qual Kant pensa o problema do mal: por um lado, uma predisposição (Anlage) para o bem, por outro, uma propensão (Hang) para o mal.

O realismo político de Hegel na seção “A religião da arte” da Fenomenologia do espírito: “é fundamentada a desconfiança” frente à exigência da conformidade da política à moral

Neste trabalho, tentaremos mostrar que, na seção “A religião da arte” do sétimo capítulo da Fenomenologia do espírito (VII, B), Hegel não descreve somente o contraste da religião grega com a religião natural, mas, antes, a consciência de seu tempo. Na abertura da subseção “A obra-de-arte espiritual” (VII, B, c), lemos que os “belos espíritos-dos-povos” reúnem-se “em um único Panteão” (PhG, 529, § 727), entretanto, “esses estão sob a hegemonia de um, mais que sob sua soberania” (530, § 728).

No céu como na terra: a possível influência de João Filopono de Alexandria sobre Tomás de Aquino na discussão do ‘De Caelo’ I, 3

Proponho discutir um possível caso de influência filosófica de João Filopono de Alexandria sobre Tomás de Aquino, no comentário in De caelo et mundo I, lição 6. O Filopono foi um filósofo neoplatônico do século VI e autor de vários tratados e comentários. Seu De aeternitate mundi contra Aristotelem representa um marco em sua filosofia, uma vez que o livro contém uma rejeição clara e decisiva da existência do éter, o elemento natural do sistema aristotélico responsável por explicar a composição e o movimento dos corpos celestes.

O conceito de programa em Deleuze e Guattari

Trata-se de uma cartografia com o objetivo de localizar, nas escrituras filosóficas de Félix Guattari e Gilles Deleuze, elementos capazes de compor o conceito de programa e, com isso: 1 - Analisar os programas citados ao longo das obras para deles extrair compósitos capazes de subsidiar a proposição conceitual em jogo. 2 - Encontrar intersecções entre o programa e outros conceitos.

A noção de uso regulador em Kant: da ciência dos princípios regulativos aos princípios regulativos das Ciências

Essa pesquisa propõe-se a retomar e desenvolver a noção de uso regulador das faculdades superiores a priori de Kant, assim como avaliar o seu potencial teórico e a sua atualidade para discussões acerca das condições de possibilidade da prática científica. Para isso, em uma primeira etapa, procura compreender o estatuto e a abrangência do uso regulador a priori no interior do projeto crítico, a partir de duas perspectivas centrais. De um lado, a partir do poder de regulação conferido à faculdade da razão na Crítica da Razão Pura (particularmente, no Apêndice à Dialética Transcendental).

Estratégias meta-ontológicas e o debate de ontologia dos objetos matemáticos

Ontologia é a área da filosofia preocupada com o estudo do que há; do que constitui a realidade. Mas qual é o melhor método para investigar o que há? Quando nos é permitido dizer que algo existe ou não? Essas são questões que a meta-ontologia tentará responder. Dessa forma, a ontologia dos objetos matemáticos buscará estudar a existência dos objetos matemáticos, já a meta-ontologia dirá como esse estudo pode ser realizado e quais são as conclusões que podemos tirar dele.

Matéria e Essência nos Livros VII e VIII da Metafísica de Aristóteles

Em Categorias, Aristóteles admite dois tipos de substância. A substância primeira são os entes concretos, suporte ontológico dos acidentes, e a substância segunda são os universais, que não existem por si, mas, assim como os acidentes, dependem ontologicamente da substância primeira. Na Metafísica, a fim de indagar qual é o fundamento desses entes concretos, o autor os analisa em termos de matéria e forma. Nessa investigação, a primazia é atribuída à forma, visto que não há existência sem determinação (existir é sempre existir como algo) e é a forma que determina a matéria.