A noção de uso regulador em Kant: da ciência dos princípios regulativos aos princípios regulativos das Ciências

Essa pesquisa propõe-se a retomar e desenvolver a noção de uso regulador das faculdades superiores a priori de Kant, assim como avaliar o seu potencial teórico e a sua atualidade para discussões acerca das condições de possibilidade da prática científica. Para isso, em uma primeira etapa, procura compreender o estatuto e a abrangência do uso regulador a priori no interior do projeto crítico, a partir de duas perspectivas centrais. De um lado, a partir do poder de regulação conferido à faculdade da razão na Crítica da Razão Pura (particularmente, no Apêndice à Dialética Transcendental). De outro lado, a partir do poder de regulação conferido à faculdade de julgar reflexionante na Crítica da Faculdade de Julgar (particularmente, nas “Introduções” e na Crítica da Faculdade de Julgar Teleológica). Ainda nessa etapa, procura realizar um “confronto” entre as descrições do uso de princípios regulativos de ambas as faculdades, assim como discutir a complementaridade de seus respectivos modos de operar no contexto de uma compreensão adequada da prática da ciência, a partir do reconhecimento de seus elementos a priori. Em uma segunda etapa, aproveitando os elementos teóricos determinados na anterior, a pesquisa tenta demonstrar em que sentido a descrição kantiana acerca do uso regulador de princípios a priori – seja da razão, seja do julgar – delineia uma esfera de atuação dessas faculdades na construção dos sistemas de conhecimentos científicos, e explica, em parte, a lógica da investigação, da descoberta e dos avanços das Ciências da natureza. Para provar isso, após uma breve alusão às discussões da tradição de leitura acerca do uso regulador a priori no âmbito de algumas Ciências da natureza, toma-se como pano de fundo a Biologia. A partir de dois campos particulares, a Taxonomia e a Biologia Evolutiva (presentes na própria filosofia kantiana), procura-se expor de modo concreto como é (ou pode ser) feito esse recurso a princípios regulativos a priori nas ciências. Ao final, espera-se provar como a noção kantiana do uso de princípios regulativos a priori, alicerça um campo restrito de discussão acerca das condições de possibilidade da prática das Ciências da natureza, e em que sentido ela reivindica seu lugar nos debates acerca da lógica da investigação científica hoje, com indicações de quão promissor é esse tópico da filosofia transcendental.

Data da defesa: 
sexta-feira, 8 Março, 2024 - 14:00
Membros da Banca: 
Presidente Prof. Dr. Daniel Omar Perez IFCH/ UNICAMP
Membros Titulares Prof. Dr. Ubirajara Rancan de Azevedo Marques UNESP Campus de Marília
Prof. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra Universidade Federal do Paraná
Prof. Dr. Konrad Christoph Utz - Universidade Federal do Ceará
Prof. Dr. Luis Cesar Yanzer Portela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Membros Suplentes Prof. Dr. Zeljko Loparic Universidade Estadual de Campinas
Prof. Dr. Fabio Cesar Scherer Universidade Estadual de Londrina
Prof. Dr. Paulo Roberto Licht dos Santos Universidade Federal de São Carlos
Programa: 
Nome do Aluno: 
Luhan Galvão Alves
Sala da defesa: 
Sala de Defesas de Teses I