Neste trabalho, tentaremos mostrar que, na seção “A religião da arte” do sétimo capítulo da Fenomenologia do espírito (VII, B), Hegel não descreve somente o contraste da religião grega com a religião natural, mas, antes, a consciência de seu tempo. Na abertura da subseção “A obra-de-arte espiritual” (VII, B, c), lemos que os “belos espíritos-dos-povos” reúnem-se “em um único Panteão” (PhG, 529, § 727), entretanto, “esses estão sob a hegemonia de um, mais que sob sua soberania” (530, § 728). Nesses parágrafos, Hegel parece confrontar, ao seu realismo político, a ideia kantiana de uma federação de Estados pacíficos que se expande em direção à paz perpétua e à instituição de uma república mundial, assim como Hegel o fizera nos textos da “Filosofia do espírito” de 1805-6 que precederam a Fenomenologia: “uma união de povos em direção à paz perpétua seria a dominação de um povo, ou seja, seria apenas um povo” (Jenaer Systementwürfe III, 250). Na seção “A religião da arte”, parece ser mostrado que “é fundamentada essa desconfiança” (PhG, 538, § 738) frente à virtude, frente à exigência kantiana de que a política seja conforme à moral: que é fundamentada a desconfiança própria a um realismo político de extração maquiaveliana. Não é possível interpretar que seria também desmascarada a máscara ideológica da Revolução Francesa que encobre o seu rosto imperialista? Isto é, interpretar que, para a consciência religiosa do sétimo capítulo, Napoleão, um herói trágico, “estabelece ainda outras provas” (PhG, 538, § 737) contra a prioridade que Kant dá à fundação moral da superação da guerra em direção à paz perpétua?
O realismo político de Hegel na seção “A religião da arte” da Fenomenologia do espírito: “é fundamentada a desconfiança” frente à exigência da conformidade da política à moral
Data da defesa:
segunda-feira, 1 Julho, 2024 - 09:00
Membros da Banca:
Presidente Prof. Dr. Rafael Rodrigues Garcia IFCH/ UNICAMP
Membros Titulares Prof. Dr. José Eduardo Marques Baioni Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR
Prof. Dr. Emmanuel Zenryo Chaves Nakamura Freie Universitat Berlin
Prof. Dr. Marcos Severino Nobre IFCH/ UNICAMP
Prof. Dr. Agemir Bavaresco Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Membros Suplentes Prof. Dr. Fábio Mascarenhas Nolasco Universidade de Brasilia
Profa. Dra. Monique Hulshof IFCH/ UNICAMP
Prof. Dr. Erick Calheiros de Lima Universidade de Brasília
Programa:
Nome do Aluno:
Rafael Teixeira da Silva Pugliesi
Sala da defesa:
Sala de Defesas de Teses I