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A Defesa de Tese deve ser agendada no sistema SIGA (DAC/UNICAMP), através de uma série de procedimentos que podem ser observados no Manual de Defesa de Dissertação/Tese - clique aqui.

 

 

 

KAROL WOJTYLA E A BRICOLAGEM IDEACIONAL: UMA ANÁLISE INSTITUCIONAL CONSTRUTIVISTA DA REAÇÃO CATÓLICA AOS AVANÇOS MÉDICOS E BIOMÉDICOS EM FAVOR DA SAÚDE SEXUAL FEMININA (1960-1995)
Aluno(a): Luciano Batista de Oliveira
Programa: Ciência Política
Data: 13/06/2025 - 09:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Frederico Normanha Ribeiro de Almeida - Presidente - IFCH/ UNICAMP
  • Ronaldo Romulo Machado de Almeida - IFCH/ UNICAMP
  • Celly Cook Inatomi - IFCH/ UNICAMP
  • Lilian Maria Pinto Sales - Universidade Federal de São Paulo
  • Carlos Eduardo Valente Dullo - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Descrição da Defesa:

   Esta tese investiga a intersecção entre teologia, medicina, bioética e biodireito no discurso político do Vaticano, com foco em Karol Wojtyla (Papa João Paulo II), entre 1960 e 1995. Fundamenta-se no institucionalismo construtivista para analisar como ideias teológicas moldam o Posicionamento Institucional do Vaticano em questões como a pílula contraceptiva, a fertilização in vitro, o aborto e a eutanásia. Utiliza os conceitos analíticos de crença programática, empreendedorismo ideacional e bricolagem para explicar como a Igreja adapta e reinterpreta suas tradições frente aos desafios contemporâneos.

   A metodologia combina rastreamento de processo e estudo de caso, permitindo uma análise detalhada das dinâmicas institucionais e históricas. O primeiro processo político aborda a integração da medicina na ética sexual católica nas décadas de 1950 e 1960, focando na disputa entre personalistas e tradicionalistas sobre a pílula contraceptiva. Nesse contexto, Wojtyla, então teólogo, mobiliza a bricolagem para reafirmar valores tradicionais em meio às intensas mudanças sociais. O segundo processo, compreendido entre 1970 e 1980, examina a oposição do Vaticano à fertilização in vitro e à bioética secular, com a formulação de uma bioética católica alinhada aos princípios doutrinários. O terceiro processo, entre 1980 e 1990, analisa o surgimento do biodireito, impulsionado por avanços tecnológicos e decisões judiciais, como Roe v. Wade, destacando a capacidade do Vaticano de articular um discurso adaptado às novas demandas sociais.

   A pesquisa contribui para compreender os desafios críticos da medicina contemporânea, evidenciando como o Vaticano desenvolve estratégias institucionais para responder às complexidades bioéticas emergentes. Analisa especificamente como a instituição interpreta e se posiciona diante de dilemas biomédicos fundamentais, oferecendo uma perspectiva analítica sobre a dinâmica conflitiva interna, o papel da teologia, a ação de empreendedores de ideias na manutenção do discurso, das crenças e dos posicionamentos institucionais.

Para além do potencial gastronômico: uma análise socioecológica das relações entre a gastronomia e a sociobiodiversidade
Aluno(a): Talitha Alessandra Ferreira
Programa: Sociologia
Data: 13/06/2025 - 14:00
Local: Sala da Congregação
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto (Presidente) (Orientador) - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Mariana Miggiolaro Chaguri - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Joana Cabral de Oliveira - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Myriam Elisa Melchior Pimentel - Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Profa. Dra. Nurit Rachel Bensusan - Instituto Socioambiental
Descrição da Defesa:

Esta tese discute os recentes e crescentes interesses da gastronomia por produtos da sociobiodiversidade. Partindo de recortes que envolveram parcerias entre representantes da gastronomia brasileira e de comunidades tradicionais e indígenas que produzem ingredientes valorizados por esta área, são analisados problemas, eventos e práticas que contradizem a crença de que a gastronomia seja uma ferramenta de promoção e de proteção da sociobiodiversidade. Com o intuito de investigar questões relacionadas a essas parcerias e de compreender a construção desta crença, que é compartilhada por múltiplas instituições e agentes, abordo casos de desequilíbrios ecológicos causados pela expansão da gastronomia e da estética moderna, que a abrange. Indico como representantes de outras instituições modernas participaram historicamente da construção da confiança na gastronomia, a exemplo de cientistas e artistas. Debato como as ideias de cultura, evolução e desenvolvimento participaram da institucionalização da gastronomia, reverberando nas posturas e nos pontos de vista de seus representantes. Considerando o ideário moderno e a colonialidade como partes incontornáveis deste debate e observando os seus efeitos de longa duração nos julgamentos estéticos que não se limitam à mesa, comparo os atuais movimentos de representantes da gastronomia em direção aos territórios da sociobiodiversidade a empreitadas neocolonizadoras e neobandeirantistas. Recorrendo a uma revisão bibliográfica interdisciplinar, que extrapola a sociologia e passa por áreas como história, antropologia e ecologia, foram também consultadas publicações relacionadas à produção da gastronomia, sítios eletrônicos e materiais diversos, como revistas e jornais. Ao longo da construção da tese, são reforçadas as discussões e análises sobre a produção de desigualdades decorrentes da expansão controlada e restrita do universo da gastronomia. Assim, argumento que o potencial gastronômico atualmente imputado aos ingredientes nativos reduz agências, histórias e sentidos caros à organização das comunidades que os cultivam, algo que pode tornar as parcerias entre representantes da gastronomia e de comunidades tradicionais e indígenas locais insustentáveis. Diante da lacuna de estudos sobre a natureza e sobre questões ecológicas a partir da sociologia da cultura, reforço a importância do lançamento de olhares e de leituras socioecológicas e decoloniais para os estudos da alimentação e dos problemas relacionados às práticas socialmente legitimadas e aos gostos contemporâneos.

Outras Auroras: Nietzsche e a antropologia no horizonte do infinito
Aluno(a): Iara Velasco e Cruz Malbouisson
Programa: Filosofia
Data: 16/06/2025 - 08:00
Local: Sala de Defesas de Teses I
Membros da Banca:
  • Presidente Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Junior Universidade Estadual de Campinas
  • Membros Titulares Dr. Henry Martin Burnett Junior Universidade Federal de São Paulo - Campus Guarulhos
  • Dr. Peter Pal Pelbart Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Dr. Yolanda Glória Gamboa Munõz Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Dr. Ivan Risafi de Pontes Universidade Federal do Pará
  • Membros Suplentes Dr. Ricardo Bazilio Dalla Vecchia Universidade Federal de Goiás
  • Dr. Wander Andrade de Paula Universidade Federal do Espirito Santo
  • Profa. Dra. Fátima Regina Rodrigues Évora IFCH/ UNICAMP
Descrição da Defesa:

Provocadoras e controversas, as afirmações públicas e privadas de Nietzsche sobre o niilismo, assim como seu professado perspectivismo, continuam a inspirar debates filosóficos. O advento do niilismo é descrito por Nietzsche como uma catástrofe em direção a qual a cultura europeia está há muito tempo se movendo; a ascensão do niilismo denota um processo de exaustão, a perda de validade e força vinculante dos valores supremos da cultura europeia, dentre os quais a “verdade” aparece com destaque. Uma relação aguda conecta niilismo e perspectivismo no pensamento nietzschiano, uma vez que o surgimento do segundo depende do ocaso que se anuncia pelo primeiro: se estamos no horizonte do infinito, que é também o horizonte do perspectivismo, é porque se apagou aquela linha do horizonte que, sob o sinóptico nome de Deus, arrogava-se como incondicional, absoluta, universal. Nesta tese defendo uma interpretação da filosofia de Nietzsche segundo a qual o colapso da Europa, sendo também sua grande realização, sua Selbstaufhebung, traz consigo a impossibilidade de se recusar a existência e validade de infinitas outras interpretações ou perspectivas, diversas em relação àquela que, na Europa, firmara-se como única, seja ela dita humana ou apenas judaico-cristã. Assim, defendo que a filosofia, a partir de Nietzsche, passa a ser uma atividade necessariamente intercultural, isto é, passa a dar-se necessariamente a partir de um horizonte de interculturalidade. Experimentalmente, por meio de excursos, conecto esta interpretação da filosofia nietzschiana com reflexões teóricas advindas da antropologia (especialmente da obra de Eduardo Viveiros de Castro) e do pensamento indígena (especialmente pela mediação da obra A queda do céu de Davi Kopenawa e Bruce Albert), buscando mostrar como estas interlocuções iluminam e fazem frutificar o pensamento nietzschiano de modo inesperado e filosoficamente instigante, tanto mais quando se considera – e esta é a principal proposição defendida nesta tese – que a própria filosofia de Nietzsche tem como consequência essa abertura de horizontes, ou o descerramento de uma filosofia da interculturalidade.

Helios Seelinger na Primeira República
Aluno(a): João Victor Rossetti Brancato
Programa: História
Data: 18/06/2025 - 09:00
Local: Sala de Projeção - IFCH
Membros da Banca:
  • Jorge Sidney Coli Junior - Orientador (UNICAMP)
  • Rafael Cardoso Denis (UERJ)
  • Maraliz de Castro Vieira Christo (UFJF)
  • Domingos Tadeu Chiarelli (USP)
  • Sônia Gomes Pereira (UFRJ)
Descrição da Defesa:

A tese investiga a trajetória de Helios Aristides Seelinger (Rio de Janeiro, RJ, 1878 – Rio de Janeiro, RJ, 1965) ao longo da Primeira República (1889-1930), período de sua formação e consolidação como um pintor moderno no meio artístico brasileiro. A partir da análise de obras exibidas em circuitos artísticos, da recepção crítica na imprensa e de sua inserção em redes de sociabilidade, reconstitui-se sua atuação com base em pesquisas em coleções públicas e privadas, arquivos institucionais e pessoais, e periódicos da época. O foco em Seelinger permite compreender as estratégias individuais mobilizadas por artistas diante das ambivalências em torno do conceito de arte moderna no período. A tese propõe uma revisão crítica da historiografia da arte no Brasil, destacando a pluralidade de experiências modernas e os embates em torno da definição e do controle do valor moderno no campo artístico da Primeira República.

João Filopono e a noção de lugar: uma leitura do Livro IV da Física de Aristóteles e do Corolário sobre o Lugar
Aluno(a): Tennessee Williams Monteiro Matos
Programa: Filosofia
Data: 18/06/2025 - 09:00
Local: Sala da Congregação
Membros da Banca:
  • Presidente Profa. Dra. Fátima Regina Rodrigues Évora IFCH/ UNICAMP
  • Membros Titulares Profa. Dra. Veronica Ferreira Bahr Calazans Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Curitiba
  • Prof. Dr. Matheus Henrique Gomes Monteiro Universidade Estadual de Campinas
  • Prof. Dr. Thiago Henrique Rosales Marques Universidade Federal da Bahia
  • Prof. Dr. Felipe Ferrari Gonçalves Universidade de Yokkaichi
  • Membros Suplentes Profa. Dra. Yara Adario Frateschi IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Cristiano Novaes de Rezende Universidade Federal de Goiás
  • Prof. Dr. José Portugal dos Santos Ramos Pesquisador
Descrição da Defesa:

Esta pesquisa examina a evolução do pensamento de João Filopono a partir de sua atuação como comentador do Livro IV da Física de Aristóteles, com foco no trecho conhecido como Corolário sobre o Lugar. Considera-se que, embora formado na tradição neoplatônica da escola de Amônio, Filopono já manifestava divergências conceituais com o aristotelismo antes da ruptura oficial com a escola, tradicionalmente situada no ano de 529 d.C. O trabalho propõe que o comentário e o corolário, apesar de distintos em sua forma, compartilham uma unidade filosófica em torno da crítica à definição de lugar como limite. Filopono contrapõe a essa definição a concepção de lugar como extensão tridimensional. A metodologia adotada envolve a análise textual do comentário e do corolário, em cotejo com o texto aristotélico e com apoio de bibliografia secundária especializada. O estudo inclui ainda a tradução do corolário a partir da edição latina de 1558, com base comparativa em uma tradução inglesa, acompanhada de notas críticas. A proposta é contribuir para o entendimento da posição original de Filopono no debate antigo sobre a física do lugar e do vazio.