Antropologia Social

De picadas, lotes, cutiões e precisão: sociabilidade e modos de habitar no Projeto de Assentamento Ajarani, RR

O objetivo desta dissertação é investigar modos de ocupar e reivindicar a terra na região do vale do rio Ajarani, em Roraima. O lócus da investigação se deu numa parcela do Projeto de Assentamento Ajarani, uma área de Reserva Florestal, localmente conhecida enquanto Bola. A área é ocupada há cinco anos por pessoas que vivem, plantam e produzem nestas terras. As diferentes formas de ocupação, demanda pela terra, seus sentidos e formas de significá-la por parte dos demandantes desta parcela constitui uma territorialidade específica que extrapola as condições fundiárias da terra.

O caso do Maníaco Matador de Velhinhas: entre trâmites processuais e diferentes formas de narrar que enredam um crime em série

Na década de 1990, em Juiz de Fora, no interior do estado de Minas Gerais, cinco mulheres, com idades entre 58 e 76 anos, foram assassinadas dentro de suas próprias casas. A cena do crime e as vítimas foram encontradas em situação semelhante, indicando uma mesma autoria para os cinco crimes. "Abatidas com requintes de crueldade", seus corpos foram encontrados dispostos sobre as camas, amarrados, parcialmente despidos e com indícios de violência sexual.

Matéria e informação: uma abordagem etnográfica da biblioteca pessoal de Florestan Fernandes

A história recente das relações entre antropologia, arquivos e coleções tem demonstrado uma enorme tendência em privilegiar as condições de possibilidade desses espaços e suas coisas como elemento de análise e exercício descritivo. Com isso em vista, produziu-se uma grande diversidade de trabalhos que vão desde as trajetórias e movimentos do que abrigam, passando pelas narrativas que seus diferentes ordenamentos e acomodações (ou a falta deles) configuram, até chegar às vozes que, em seus domínios, se fazem ouvir ou são silenciadas.

Saberes, poderes e corporalidades: a biopolítica da erradicação da varíola

O objetivo deste trabalho é a analise da Campanha de Erradicação da Varíola no Brasil, entre as décadas de 1960 e 1970, a partir da compreensão dos processos de formulação de conhecimentos e protocolos epidemiológicos sobre a doença e da implementação de um sistema nacional de vigilância epidemiológica. Partindo da tríade saberes, poderes e corporalidades, o trabalho está dividido em três partes:

TACTEANDO O INDIZÍVEL

Como te construiste a ti mesmo, à medida que construías o teu país? foi a grande questão que serviu como ponto de partida para este trabaho sobre a trajectória de Camilo de Sousa, intelectual, combatente pela Independ|encia de Moçambique e cineasta moçambicano.

Da praça aos palcos: trânsitos e redes de jovens drag queens de Campinas-SP

A pesquisa tem como foco a análise dos trânsitos de jovens, da periferia de Campinas, que se montam e aspiram à carreira de drag queen, apresentando-se em boates GLS, concursos, e paradas LGBT em Campinas e em outras cidades. Boa parte desses jovens vem de meios desprivilegiados e em sua maioria se consideram negros. A metodologia da pesquisa proposta é de fundamento etnográfico, contando com entrevistas em profundidade e observação participante.

Habitar entre Grades: Táticas de vida no cotidiano de uma penitenciária feminina

Esta pesquisa foi realizada a partir de um projeto de leitura desenvolvido entre as pessoas que
moravam ou estavam de passagem pelo “pavilhão do RO” numa penitenciária feminina de São Paulo.
Por meio desses encontros, busquei mostrar as táticas cotidianas que envolviam os esforços em
habitar a prisão. Tais esforços, responsáveis tanto por produzir aspectos ordinários do dia-a-dia,
quanto capazes de acionar táticas extremas para manutenção da vida, conviviam e mesclavam-se na

Invenções indígenas: antropologias, políticas e culturas em comparação desde os movimentos Nahua (Jalisco, México) e Tupinambá (Bahia, Brasil)

Esta pesquisa é uma comparação entre o movimento indígena dos Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, Brasil, e o dos Nahuas de Ayotitlán, no sul de Jalisco, México. Em ambos os casos se tratam de lutas pelo reconhecimento de direitos e pela reconstituição como populações indígenas, demandas que, no entanto, tem sido questionadas pelas populações vizinhas, governos e especialistas por considerá-los indígenas aculturados ou misturados.

“O Tekoha como uma criança pequena”: uma etnografia de acampamentos Kaiowá em Dourados (MS)

Desde os anos 1990, as ocupações de terra e montagem de acampamentos conhecidos como “de lona preta” se tornaram uma das formas de demandar desapropriação e distribuição de terra ao Estado brasileiro. Nos últimos 30 anos, esta forma de reivindicação havia sido associada a trabalhadores rurais sem-terra. No entanto, indígenas Kaiowá da região de Dourados, no sul do Mato Grosso do Sul, também têm se utilizado dessa linguagem de demanda para reivindicar terras consideradas por eles como tekoha, isto é, como seus territórios ou espaços de vida tradicionais.