Para agendar a Defesa de Tese:
A Defesa de Tese deve ser agendada no sistema SIGA (DAC/UNICAMP), através de uma série de procedimentos que podem ser observados no Manual de Defesa de Dissertação/Tese - clique aqui.
A tese investiga a trajetória de Helios Aristides Seelinger (Rio de Janeiro, RJ, 1878 – Rio de Janeiro, RJ, 1965) ao longo da Primeira República (1889-1930), período de sua formação e consolidação como um pintor moderno no meio artístico brasileiro. A partir da análise de obras exibidas em circuitos artísticos, da recepção crítica na imprensa e de sua inserção em redes de sociabilidade, reconstitui-se sua atuação com base em pesquisas em coleções públicas e privadas, arquivos institucionais e pessoais, e periódicos da época. O foco em Seelinger permite compreender as estratégias individuais mobilizadas por artistas diante das ambivalências em torno do conceito de arte moderna no período. A tese propõe uma revisão crítica da historiografia da arte no Brasil, destacando a pluralidade de experiências modernas e os embates em torno da definição e do controle do valor moderno no campo artístico da Primeira República.
Esta pesquisa examina a evolução do pensamento de João Filopono a partir de sua atuação como comentador do Livro IV da Física de Aristóteles, com foco no trecho conhecido como Corolário sobre o Lugar. Considera-se que, embora formado na tradição neoplatônica da escola de Amônio, Filopono já manifestava divergências conceituais com o aristotelismo antes da ruptura oficial com a escola, tradicionalmente situada no ano de 529 d.C. O trabalho propõe que o comentário e o corolário, apesar de distintos em sua forma, compartilham uma unidade filosófica em torno da crítica à definição de lugar como limite. Filopono contrapõe a essa definição a concepção de lugar como extensão tridimensional. A metodologia adotada envolve a análise textual do comentário e do corolário, em cotejo com o texto aristotélico e com apoio de bibliografia secundária especializada. O estudo inclui ainda a tradução do corolário a partir da edição latina de 1558, com base comparativa em uma tradução inglesa, acompanhada de notas críticas. A proposta é contribuir para o entendimento da posição original de Filopono no debate antigo sobre a física do lugar e do vazio.
Embora tenha havido os que tentaram decretar seu fim ou a perda de sua importância, esquerda e direita -- termos que ganham conotação política na Revolução Francesa -- tornaram-se definitivamente populares e centrais na era das redes. À pergunta sobre o que leva os indivíduos a aderirem a um lado ou a outro do espectro político-ideológico, as ciências sociais, durante décadas, procuraram responder apontando aspectos sociodemográficos. Apesar de inegável, a influência desses fatores para a compreensão do processo de adesão às ideologias políticas não é única. Há pouco mais de duas décadas, uma crescente literatura de pesquisa aponta para a pertinência também de fatores psicofisiológicos nesse processo. Considerando a limitada presença dessa abordagem na ciência política brasileira, o presente trabalho percorre sua produção e procura contribuir para a compreensão do fenômeno político-ideológico de duas formas: destaca e discute achados elucidativos nesse campo, assim como apresenta dois estudos empíricos acerca de relevantes aspectos emocionais e cognitivos. Os estudos abordam a assimetria entre pessoas de esquerda e de direita quanto ao viés de negatividade e quanto à empatia, testando, dessa maneira, a validade externa de achados desse campo de pesquisa e adicionando à sua literatura.
Esta pesquisa se propôs a analisar o impacto dos itinerários formativos na experiência de docentes e estudantes da rede estadual de São Paulo. Os itinerários formativos se inserem em uma proposta de inovação curricular, inicialmente instituída pela Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017) que, por um lado, se pauta na elaboração de uma base curricular nacional unificada e, por outro, propõe a flexibilização curricular pelo estabelecimento de diferentes percursos formativos. Em São Paulo, o primeiro ente federativo a construir um currículo alinhado às reformas nacionais, as mudanças passam a ser introduzidas em 2021, o que torna o estado fonte primária e privilegiada para entender os impactos concretos de uma flexibilização curricular que promete solucionar a distância entre o que é aprendido na escola e os interesses individuais dos jovens. Compreende-se que a flexibilização se impõe como norma de vida em um momento histórico marcado pelo avanço da racionalidade neoliberal, que abrange as práticas formais de educação por meio de um duplo processo de mercadorização e mercantilização. Considerando a dimensão interativa do currículo e a centralidade da experiência no processo de formação de sujeitos, foi adotada uma pesquisa qualitativa cuja coleta de dados ocorreu por meio da realização de entrevistas semiestruturadas com docentes e estudantes de duas escolas públicas da cidade de Campinas-SP. A interpretação desses dados ocorreu com a Análise de Conteúdo e os resultados evidenciaram que: (a) a comunidade escolar avalia os itinerários formativos de forma predominantemente negativa; (b) os estudantes e os docentes têm buscado estratégias para contornar, adaptar ou ressignificar os sentidos dos itinerários formativos; (c) as experiências de docentes têm sido marcadas pela descaracterização profissional e cerceamento da prática pedagógica; (d) os estudantes percebem, de forma mais profunda, as desigualdades educacionais a que estão submetidos e denunciam os itinerários como instrumento de afunilamento do acesso ao Ensino Superior e de redução de sua formação à mão de obra barata e massa de manobra; (e) contrariando os discursos de construção democrática, os processos de elaboração e implementação das reformas, como o Novo Ensino Médio, têm se dado sem participação efetiva da comunidade escolar. Conclui-se, corroborando a hipótese, que os itinerários formativos têm significado o aprofundamento e naturalização das desigualdades educacionais, fragmentando o acesso ao conhecimento de estudantes da rede pública, além de estarem significando sobrecarga, precarização e vigilância do trabalho docente. No entanto, docentes e estudantes, em movimento de ressignificação, têm procurado e encontrado meios de reelaboração curricular dos novos componentes. Diante disso e considerando a centralidade da comunidade escolar para a efetivação de políticas curriculares, importa que mais pesquisas se debrucem sobre a realidade da sala de aula e sejam construídas em parceria com os docentes da educação básica.
Diversas correntes teóricas que se reivindicam marxistas postularam uma suposta superação histórica do pensamento de Marx. Segundo esses intérpretes, o capitalismo teria assumido uma dinâmica distinta daquela prevista pelo filósofo alemão, resultando na perda da centralidade do fator econômico como elemento determinante na reprodução das relações de produção capitalistas. Nesta perspectiva, Marx teria supostamente negligenciado a emergência de novos fatores - particularmente os mecanismos ideológicos de reprodução das relações de dominação, com destaque para o Estado enquanto administrador do capital - que teriam adquirido primazia sobre a esfera econômica. O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo central examinar, no âmbito do debate marxista contemporâneo, as obras de alguns desses teóricos que sistematizaram concepções específicas sobre o Estado capitalista, analisando seus principais argumentos. Posteriormente, propomo-nos a empreender uma leitura dialética rigorosa dos textos marxistas, visando avaliar em que medida a acusação de omissão quanto a uma teoria suficientemente desenvolvida do Estado capitalista encontra sustentação na obra do filósofo alemão. Partimos do pressuposto metodológico de que é possível, mediante uma exposição dialética consistente, reconstituir a categoria Estado desde os primeiros textos da fase madura de Marx, marcada pela ruptura com a filosofia de Feuerbach, até a sua última e mais importante obra O Capital.