Próximas Defesas
- Fernando Teixeira da Silva - Orientador (UNICAMP)
- Claudio Henrique de Moraes Batalha (UNICAMP)
- Clifford Andrew Welch (UNIFESP)
Neste projeto, proponho uma análise do processo histórico de elaboração da legislação trabalhista para o campo no Brasil entre 1946 e 1961, tendo nos anais da Câmara dos Deputados a documentação privilegiada para a pesquisa. Nesse período, diferentes propostas sobre o tema foram apresentadas ao Parlamento, e o projeto de lei n.º 1.837, de 1960, transformou-se na lei n.º 4.214, de março de 1963, que criou o Estatuto do Trabalhador Rural. Pretendo investigar como se deram os debates parlamentares em torno dessas propostas, quais os deputados federais que participaram do debate, seus partidos políticos e com quem dialogavam fora do Parlamento. Para aprofundar o conhecimento a respeito da experiência política desses parlamentares, pesquisarei um dicionário histórico-biográfico, livros de memória e entrevistas. Concebo o Parlamento como caixa de ressonância das demandas e das expectativas da sociedade e, nesse sentido, considero que os trabalhadores rurais, os fazendeiros e a imprensa foram agentes sociais importantes que impactaram nesse debate. Assim, revistas de órgãos nacionais de representação dos fazendeiros e jornais de diversos matizes políticos também serão utilizados como fontes. O objetivo é propor uma história social da legislação em que o processo de feitura da lei é entendido como espaço de negociações e conflitos entre deputados que carregavam consigo não apenas os interesses políticos de seus partidos, mas também, não sem tensões, os interesses e os posicionamentos de agentes sociais que estavam fora do Parlamento.
- Marcos Tognon - Orientador (UNICAMP)
- Maria Luiza Zanatta de Souza (Universidade Federal de Santa Maria)
- Andrea Buchidid Loewen (USP)
O presente projeto visa promover a transcrição do códice 3675 da Biblioteca Nacional de Portugal,
mais conhecido por “Tratado de Architectura” (1576?-1579?) atribuído ao mestre de obras
português, Antônio Rodrigues. A partir da análise paleográfica e da compreensão do contexto
artístico, social e cultural ao qual o documento fora confeccionado, pretende-se, por meio da
transcrição do mesmo, oferecer ao campo da História da Arte e afins, uma ferramenta de acesso
para aquele que é considerado como o único tratado de arquitetura subjacente em Portugal. Por
meio do esclarecimento de conceitos, ideias e métodos estabelecidos pela historiografia da arte e
da arquitetura, pretende-se observar e analisar o documento como chave para a decodificação da
introdução e dos usos da linguagem da arquitetura clássica em Portugal, atrelada ao contexto de
manutenção e defesa do território por meio da arquitetura militar, mecanismo esse estimado e
promovido pelos reinantes portugueses, especialmente na segunda metade do século XVI. A
transcrição e análise do texto permitirão uma contribuição a mais sobre a primeira fonte de
arquitetura portuguesa que chegara a estes tempos, e sua posição enquanto um raro testemunho
teórico do saber profissional do arquiteto calcado nos postulados da tratadística da arquitetura
europeia da época bem como outros saberes circulantes em Portugal à época.
- Rui Luis Rodrigues - Orientador (UNICAMP)
- Luiz Estevam de Oliveira Fernandes (UNICAMP)
- Philippe Delfino Sartin (Pesquisador sem vínculo)
Em 1609 nas pequenas vilas de Zugarramurdi e Urdax, localizadas no reino de Navarra ao norte da Espanha, tem-se início a mais significativa perseguição contra as bruxas de toda a História da Inquisição Espanhola. O caso é marcante não só pelas investigações e condenações promovidas pela Inquisição, mas por sua ampla repercussão, tanto no período quanto em épocas posteriores. A difusão dos feitos maléficos dos bruxos de Navarra gerou grandes tensões sociais por todo o reino, causando elevado número de delações e até perseguições violentas promovidas pela própria população. O caso foi descrito pela bibliografia como bruxomania, que por sua vez é definida como histeria coletiva. Tendo em vista os avanços das pesquisas sobre bruxaria, nosso trabalho propões problematizar esta acepção, já que ela resume um fenômeno muito amplo a uma única categoria. Mobilizando a historiografia relativa a bruxaria e a noção de estratégias sociais de Giovanni Levi, proposta no livro Herança Imaterial, pretendemos analisar o caso sobre outra perspectiva que dê a ver a complexidade de relações que culminaram naquela ampla perseguição às bruxas.
- Rui Luis Rodrigues - Orientador (UNICAMP)
- Leandro Alves Teodoro (UNICAMP)
- Philippe Delfino Sartin (Pesquisador sem vínculo)
Através da análise de três casos de bruxaria ocorridos entre os anos de 1577 e 1662, a pesquisa busca investigar as tensões sociais percebidas no momento da Reforma Religiosa, de viés calvinista, na Escócia do século XVI. Além dos processos, também são investigados documentos inseridos no contexto da Reforma e da perseguição à bruxaria, como “As institutas” (1559) de João Calvino, a “Confissão de fé escocesa” (1560), o “Ato de Bruxaria Escocês” (1563), o panfleto “News from Scotland” (1591) e o tratado demonologia escrito pelo rei James VI, “Demonology” (1597). Investigando os processos de bruxaria, que são concomitantes ao processo de Reforma e criação da Igreja Escocesa, foi possível perceber vestígios de um choque cultural causado por duas diferentes formas de interpretação da realidade: a primeira, anterior à Reforma, e de viés analógico, e uma segunda, aplicada através na nova religiosidade reformada, de viés lógico. Os conceitos “pensamento analógico” e “lógico” são definições sugeridas pelo historiador Hilário Franco Júnior. É, principalmente, no contexto da perseguição à bruxaria na Escócia dos séculos XVI e XVII que se percebe o conflito destes pensamentos, mas, além de rupturas causadas por estas tensões, é perceptível inúmeras continuidades do pensamento anterior, mostrando que a Reforma escocesa não transformou a totalidade do parâmetro cultural do país.
- Camila Loureiro Dias - Orientadora (UNICAMP)
- Neil Franklin Safier (Brown University)
- Mariana de Campos Françozo (Leiden University)
Este trabalho investiga a presença de práticas e conhecimentos tradicionais de sociedades indígenas na agricultura colonial do Estado do Maranhão e Grão-Pará, entre os anos de 1670 e 1757. O período a ser analisado abrange desde as primeiras tentativas sistemáticas do cultivo de plantas nativas por incentivo da Coroa portuguesa, na década de 1670, até o ano de 1757, antes das reformas pombalinas, quando ocorreu uma série de mudanças na organização produtiva da região. Partindo da constatação de que se havia uma presença de práticas indígenas na produção local, sobretudo nos cultivos de subsistência, busca-se examinar a adaptação desses modelos produtivos em contexto colonial, assim como a influência que podem ter exercido nas características da organização do trabalho indígena, nas formas de ocupar a terra e de explorar o ambiente.