Próximas Defesas
- Prof. Dr. Sávio Machado Cavalcante (Presidente) (Orientador) - IFCH/ UNICAMP
- Prof. Dr. Marcos Silva da Silveira - Universidade Federal do Paraná
- Prof. Dr. Carlos Henrique Gileno - Universidade Estadual Paulista
- Prof. Dr. Alexandro Dantas Trindade - Universidade Federal do Paraná
- Prof. Dr. Michel Nicolau Netto - IFCH/ UNICAMP
Analisamos ao longo desta pesquisa algumas imagens e representações de Lima Barreto tão diferentes entre si que representam versões, por vezes, antinômicas da mesma personagem. Algumas delas são produzidas por intérpretes renomados do escritor, como Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Francisco de Assis Barbosa, Jorge Amado e Gilberto Freyre; e outras por nomes completamente desconhecidos. Busca-se aqui analisar um século de reprodução das imagens e representações do referido personagem-escritor e as relações de poder e dominação estabelecidas entre seus intérpretes. Por essa razão, a construção desse roteiro apresenta uma fórmula de curadoria das imagens do escritor diferente da adotada por seus biógrafos, que é a tradição dominante de artífices do personagem. Essa tradição é qualificada pela pretensão alimentada por seus representantes de totalizar as imagens do escritor a fim de apresentar uma versão autêntica e realista do personagem. Nos distanciamos dessa tradição, uma vez que buscamos sistematicamente desacreditar a confiança de que gozavam amplamente os biógrafos de Lima Barreto, e que se assenta no exercício do poder daquele que Bourdieu definiu como sendo o poder de um censor: poder que se expressa através da capacidade de apontar e emitir um juízo final sobre qual das versões que encontramos desse personagem é uma representação autêntica do escritor ou não. Em direção diversa, construímos a perspectiva de concepção da existência de diversas versões da referida personagem, buscando reconhecer a existência de tradições diferentes de artífices de Lima Barreto. Além de demonstrar que tais versões são construídas umas contra as outras por aqueles que reivindicam ou denegam a herança do escritor. Nesse roteiro, as imagens produzidas sobre Lima Barreto são apresentadas por meio dos duelos entre seus artífices em busca do monopólio da representação das imagens do escritor. Por fim, esperamos que este trabalho tenha conseguido colaborar com o reconhecimento de que o fenômeno social da reprodução das imagens de Lima Barreto se faz através da adesão às lutas pela classificação do valor do referido personagem.
- Profa. Dra. Mariana Miggiolaro Chaguri (Presidente) (Orientadora) - IFCH/ UNICAMP
- Prof. Dr. Marcelo Carvalho Rosa - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
- Profa. Dra. Emilia Pietrafesa de Godoi - IFCH/ UNICAMP
- Profa. Dra. Edna Maria Ramos de Castro - Universidade Federal do Pará
- Profa. Dra. Tânia Guimarães Ribeiro - Universidade Federal do Oeste do Pará
Essa tese aborda a guerra territorial-ontológica na Baía de Castelhanos (Ilhabela/SP). Sugiro que a guerra territorial é indissociável de uma guerra ontológica: de um lado, existe uma ontologia colonial, que fundamenta a expansão da propriedade privada em Ilhabela. De outro, existe a ontologia caiçara, que fundamenta regimes locais de uso do território e práticas de cuidado que relacionam humanos e mais-que-humanos. Essa guerra de ontologias está expressada nos agenciamentos construídos em torno do conflito territorial em Castelhanos, polarizados por dois atores, heterogêneos: as comunidades tradicionais caiçaras e os proprietários privados. A tese investiga como essas ontologias, ou, em outras palavras, como acervos de pressupostos sobre o que existe, se constituíram historicamente e sintetizam as experiências históricas dos atores, fundamentando distintas visões e modos de operar e planejar o espaço da Baía de Castelhanos. Para tanto, a investigação conduziu pesquisa de campo junto às comunidades tradicionais caiçaras; a análise de documentos jurídico-cartoriais sobre o registro e os processos de legitimação das propriedades privadas; e análise de documentos históricos que permitiram remontar o processo de ocupação e construção de distintas territorialidades na Baía de Castelhanos.
- Presidente Prof. Dr. Everton Emanuel Campos de Lima IFCH/ UNICAMP
- Membros Titulares Prof. Dr. Alexandre Gori Maia IE/ UNICAMP
- Dr. Flávio Henrique Miranda de Araújo Freire Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- Dr. Bernardo Lanza Queiroz Universidade Federal de Minas Gerais
- Profa. Dra. Luciana Correia Alves IFCH/ UNICAMP
- Membros Suplentes Prof. Dr. Ednelson Mariano Dota IFCH/ UNICAMP
- Dr. Victor Hugo Dias Diógenes Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
- Dr. Marcos Roberto Gonzaga UNIVERSIDADE FEDERALDO RIO GRANDE DO NORTE
A demografia, ciência que estuda as populações humanas, é fundamental para compreender as dinâmicas socioeconômicas e demográficas ao longo do tempo. No entanto, sua aplicação não se limita apenas às populações humanas, estendendo-se a outras formas de vida, como empresas. Este estudo propõe investigar a mortalidade das empresas sediadas no município de São Paulo entre 1990 e 2020, aplicando métodos demográficos. Quatro questões específicas guiam a pesquisa: os setores de atividade com maior e menor taxa de mortalidade, o impacto do porte e da idade das empresas em sua sobrevivência, e a existência de empresas com potencial de longevidade. Utilizando dados da RAIS, espera-se fornecer insights valiosos para políticas públicas e estratégias empresariais. A escolha de São Paulo como local de estudo se justifica por ser o principal centro econômico do Brasil e pela disponibilidade de dados robustos. Este estudo contribui para preencher uma lacuna na pesquisa sobre demografia empresarial no Brasil, oferecendo uma compreensão mais abrangente dos padrões de mortalidade das empresas na região. As conclusões
- Presidente Profa. Dra. Monique Hulshof IFCH/ UNICAMP
- Membros Titulares Prof. Dr. Diego Kosbiau Trevisan Universidade Federal de Santa Catarina
- Prof. Dr. Robinson dos Santos UFPel Universidade Federal de Pelotas
- Membros Suplentes Prof. Dr. Rafael Rodrigues Garcia IFCH/ UNICAMP
- Prof. Dr. Bruno Nadai Universidade Federal do ABC
A Fundamentação da metafísica dos costumes é a obra na qual Kant faz sua primeira tentativa de estabelecer o princípio da moral fundamentado, principalmente, na autonomia da razão. Em seu desenvolvimento argumentativo, o autor faz uso da ideia de uma ordenação conforme a fins da natureza – isto é, de uma teleologia –, em dois momentos específicos: no argumento teleológico e nas fórmulas do imperativo categórico. A presença da teleologia no processo de investigação da moral kantiana recebeu pesadas críticas da literatura. Primeiramente, os críticos defendem uma incompatibilidade da teleologia com a proposta do estabelecimento de um princípio puro da moral, bem como uma contradição entre o princípio da autonomia e de uma ordenação conforme a fins da natureza que diga respeito ao ser humano. Dessa forma, nosso estudo tem como intuito demostrar que o uso feito por Kant da teleologia na obra é coeso com o uso regulativo das ideias demostrado na Crítica da razão pura; apoiados principalmente pelo opúsculo sobre história escrito no mesmo ano da Fundamentação. Além disso, defendemos também que a ideia de uma ordenação conforme a fins da natureza é um pressuposto heurístico que cumpre uma função relevante de “sensificação” (Versinnlichung) da lei moral, isto é, uma maneira de aproximá-la à intuição, facilitando, assim, sua compreensão e assimilação.
- Luzia Margareth Rago - Orientadora (UNICAMP)
- Priscila Piazentini Vieira (UFPR)
- Edson Passetti (PUCSP)
- Yolanda Glória Gamboa Munõz (PUCSP)
- Tony Renato Hara (Pesquisador)
Partindo do conceito de aleturgia, entendido como manifestação da verdade na forma da subjetividade, Michel Foucault constata que não há exercício do poder sem aleturgia. Desse modo, governo, verdade e subjetividade se articulam como os eixos aletúrgicos que moldam determinada experiência histórica. No primeiro capítulo, analisa-se a aleturgia cristã, composta pelo poder pastoral como forma de governo, pela obediência como imperativo da subjetividade e pela extração da verdade do sujeito por meio da prática da confissão. No segundo capítulo, o neoliberalismo é apresentado como a razão de Estado contemporânea, e entendê-lo como aleturgia implica pensar a articulação entre governamentalidade, subjetividade empresarial e o mercado como local de formação da verdade. Por meio da análise dessas duas aleturgias, é possível traçar uma longa história da subjetividade, conforme interpretada por Foucault. São dois milênios nos quais o sujeito aprendeu a obedecer e a se constituir heteronomamente, tendo que manifestar sua verdade para outrem. Conclui-se afirmando que Foucault também aponta para as resistências e contracondutas, destacando a desobediência como forma de oposição às aleturgias dominantes.