Para agendar a Defesa de Tese:
A Defesa de Tese deve ser agendada no sistema SIGA (DAC/UNICAMP), através de uma série de procedimentos que podem ser observados no Manual de Defesa de Dissertação/Tese - clique aqui.
Esta investigação tem como objetivo compreender quais são as percepções e as experiências das mulheres eleitas e candidatas nos dois níveis do poder legislativos, Câmara Municipal de Maceió e a Assembleia Legislativa de Alagoas, sobre violência política de gênero em perspectiva interseccional. A tese está estruturada teórica e metodologicamente em dois pilares: os estudos de gênero e os da teoria interseccional. Ambos com o intuito de compreender as vivências, as formas, os impactos e as percepções das mulheres candidatas e eleitas sobre violência política contra as mulheres. Assim, a abordagem adotada foi a pesquisa qualitativa. Para tanto, foram realizadas nove entrevistas semiestruturadas, com três vereadoras eleitas em 2020, três deputadas estaduais eleitas em 2022, e três mulheres candidatas no período entre 2020 e 2022. Os dados foram tratados e analisados a partir da técnica de análise de conteúdo de Bardin (1997). Os resultados evidenciam que, no contexto alagoano, a violência política de gênero em perspectiva interseccional direcionada às mulheres se apresenta como dispositivo que funciona como mecanismo para desqualificar, desencorajar, limitar, dificultar, descredibilizar e coagir a atuação e a participação das mulheres na política partidária. Tal mecanismo de exclusão opera por meio de atos de violência moral, psicológica, verbal, simbólica e econômico, podendo causar danos à inserção e permanência das mulheres na política partidária, prejudicando-as tanto na conquista do espaço no parlamento quanto no próprio exercício do mandato. A violência se manifesta a partir das opressões cruzadas e entrelaçadas dos destintos eixos de opressão - gênero, raça, classe social, faixa etária, geográfico (de bairro), orientação sexual e identidade de gênero. E as motivações são decorrentes das violências institucionais sexista e racista, LGBTQIAPQN+fóbica, pela questão da faixa etária, discriminação por classe social e pertencimento a bairros populares e periféricos. Em contrapartida, os dados demostram também que essas mulheres têm ressignificado os espaços de poder, pois elas reagem e buscam estratégias para enfrentar as formas de violência, tanto pelo dispositivo legal, estabelecido pelas regras jurídicas para prevenir, reprimir e combater a violência, conforme a Lei nº 14.192/2021, como nos enfrentamentos diárias, sejam no próprio parlamento, nos partidos e nas ruas. Com isso, essas mulheres seguem (re)significando esses espaços para que tantas outras possam ocupar a política partidária, e que, sobretudo, não precisem sofrer violências como o custo a se fazer política para/com as mulheres.
A pesquisa de doutorado analisa a emergência e transformações organizativas e territoriais que tem experimentado as “comunidades negras” do norte do departamento do Cauca, Colômbia, nas últimas três décadas. Utilizando uma etnografia multissituada, analiso as continuidades e descontinuidades nas formas organizacionais estabelecidas pelas comunidades durante o período em estudo, que refletem as particularidades históricas, políticas e culturais da região após a guinada multicultural estabelecida na Constituição Política de 1991 com o reconhecimento dos direitos étnicos e territoriais das populações negras do país. Esta investigação é resultado do apoio ao Conselho Comunitário Afrodescendente do distrito de La Toma, município de Suárez, departamento de Cauca, no processo de "restituição de direitos fundiários e titulação coletiva" que tramita perante o Primeiro Juizado Cível do Circuito Especializado em Restituição de Terras de Popayán.
Esses tipos de demandas e processos confluem entre políticas multiculturais, políticas de vitimização e cooperação internacional, onde as ideias modernas de sujeito, cidadania e Estado se chocam. Essas ideias implicam debates sobre vulnerabilidade e novas noções e possibilidades de articulação e vivência da negritude. Concluo que as práticas e relações estabelecidas entre organizações locais e instituições estatais permitem traçar a emergência de linguagens e categorias que moldaram a constituição de sujeitos etnizados e racializados, estabelecendo novas formas de relação com o Estado que possibilitaram o surgimento de lideranças políticas em torno de narrativas que transcendem as lutas étnicas e territoriais dos povos afro-colombianos.