Para agendar a Defesa de Tese:
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A presente dissertação tem por objetivo analisar o processo de construção de uma política de legibilidade estatística no Império Brasileiro, especialmente na província de Pernambuco, palco da revolta que impediu a realização do primeiro censo geral da população em 1852. Dividida em três capítulos, a dissertação passa primeiramente pela formação e consolidação do Estado e da Nação, entendendo como as estatísticas foram um dos dispositivos criados em favor da administração e da criação de um statement, compreendendo também como o Império e Pernambuco estavam engajados com a febre das estatísticas. Em um segundo momento, analisamos a carreira pública de Jeronimo Martiniano Figueira de Mello em Pernambuco e sua importância como uma figura ilustrada interessada na produção de tais documentações. Analisamos também o Ensaio Sobre a Estatística Civil e Política da Província de Pernambuco, produzido pelo desembargador a partir do Contrato com o governo provincial de 1841, e seu processo de publicação. Por fim, debruçamos sobre a Guerra dos Marimbondos e na análise de aspectos relacionados com a condição jurídica, cor, liberdade e trabalho, entendendo que a revolta foi um marco para as estatísticas no Oitocentos, tendo em vista que ela impediu a concretização do maior indicador estatístico de um país.
As escritoras Délia, Emília Freitas, Júlia Lopes de Almeida e Chrysanthème se destacam pela publicação de obras que tematizam a transgressão feminina, entre o final do século XIX e início do século XX, no Brasil. Proponho analisar seus escritos na perspectiva da crítica feminista da cultura patriarcal, fundamentando-me na epistemologia feminista, bem como nas reflexões de Michel Foucault sobre a loucura e em sua analítica do poder e das práticas de liberdade, com maior ênfase nos conceitos de “dispositivo da sexualidade” e de “heterotopia”. Destaco como os escritos dessas literatas permitem uma releitura de aspectos da experiência humana associados historicamente ao feminino, como as emoções e o corpo, subvertendo o imaginário social masculino. Para tanto, trago à tona o conceito de “poética feminista”, desenvolvido por Lúcia Helena Vianna, e focalizo três temas nas obras dessas autoras: a ironia e o humor como contestação dos comportamentos sociais femininos normativos; a loucura e o corpo rebelde diante das formações discursivas científicas hegemônicas; e a criação de utopias e/ou heterotopias feministas.