Próximas Defesas
- Rodrigo Camargo de Godoi - Orientador (UNICAMP)
- Izabel Andrade Marson (UNICAMP)
- Silvana Mota Barbosa (UFJF)
- Tania Regina de Luca (UNESP)
- Stella Maris Scatena Franco (USP)
Atualmente basta ligar a televisão, checar os sites ou podcasts de notícias para se constatar que as mulheres são maioria nas redações dos jornais e demais veículos de mídia espalhados pelo Brasil. Com efeito, partindo de uma vasta pesquisa nos jornais e em diferentes arquivos situados principalmente no Rio de Janeiro, a tese procura problematizar e historicizar este dado analisando suas raízes entre 1850 e 1890. Neste período, um grupo de mulheres iniciou-se no jornalismo no Rio de Janeiro, assumindo o papel de responsáveis pela produção intelectual e gráfica de seus jornais. O processo histórico em foco divide-se em três. A primeira relaciona-se ao jornalismo de modas, inaugurado no Jornal das Senhoras, em 1852. Longe de analisado como uma amenidade, a pesquisa revelou que este gênero era parte essencial de uma indústria dominada por mulheres, da qual participaram modistas, costureiras e jornalistas. A segunda etapa, investiga a atuação das jornalistas na Instrução Primária e Secundária do Império. A partir do jornal O Sexo Feminino analisa-se o imbricamento entre jornalismo e educação em meados da década de 1870. No terceiro e último momento, considerando o quadro mais amplo de criação das primeiras empresas jornalísticas no último quartel do século XIX, a tese dedica-se a investigar os temas políticos pelas penas das mulheres, como a abolição da escravidão, o republicanismo e a busca por seus direitos, associado a criação da Companhia Imprensa Familiar, sociedade anônima vinculada ao jornal A Família. Finalmente por intermédio da trajetória de Corina Coaracy, analisa-se o ingresso das jornalistas nos grandes jornais no Rio de Janeiro nas duas últimas décadas do século XIX.
- Thiago Lima Nicodemo - Orientador (UNICAMP)
- Josianne Frância Cerasoli (UNICAMP)
- Anita Lucchesi (Universidade de Luxemburgo)
- Miguel Soares Palmeira (USP)
- Luciana Quillet Heymann (Fundação Oswaldo Cruz/RJ)
Como foram arquivados registros da pandemia de COVID-19 na América Latina? Esse é o questionamento básico que orienta este trabalho. Observando os efeitos da transformação digital, a tese aborda os agentes, as estratégias, a documentação e, enfim, a experiência dos projetos criados especificamente para arquivar aspectos da vida durante a pandemia na região. Trata-se de uma pluralidade de iniciativas criadas por agentes que atuaram com variados graus de formalidade, compondo projetos que transitam entre a criatividade e a precariedade. Universidades, arquivos públicos, ativistas, páginas de redes sociais, anônimos, acadêmicos e voluntários estão entre os atores que adotaram estratégias diversas para coletar, organizar e prover acesso a registros sobre a vida durante a catástrofe da pandemia na América Latina. Tais projetos são observados por um olhar historiográfico, isto é, são objeto de uma reflexão sobre a constituição da história enquanto área do conhecimento a partir das operações que realizam nos campos do arquivo e da memória. Assim, procura-se entrelaçar uma história do arquivamento da pandemia com uma reflexão sobre como a experiência de tais projetos mobiliza, tensiona e cria interações entre noções fundamentais ao campo historiográfico, como arquivo, memória, história, testemunho, evidência, passado, presente, futuro, justiça, dentre outras. Inicialmente, reflete-se sobre as formas de coleta de registros por tais projetos em perspectiva à adoção de técnicas de composição e análise de base de dados para estudos históricos no meio digital. Em seguida, debruça-se sobre a experiência de arquivamento via redes sociais, destacando os contornos dos projetos que se utilizaram do Instagram e os desdobramentos das suas experiências para a construção de arquivos e histórias no meio digital. A terceira parte da tese aborda o caráter sensível dos projetos e dos registros da pandemia. Expressando traumas e feridas históricas coerentes com a catástrofe vivida, tais arquivos possibilitam uma rica imersão sobre a operacionalização de tempos históricos e a mobilização de sensibilidades em direção à reconstrução e ao fortalecimento comunitário. Do início ao fim, a tese reflete sobre o caráter global, a desigualdade e o caráter trágico expresso na experiência de arquivamento da COVID-19. Isso tudo imprime um tensionamento constante das noções de história e arquivo em perspectiva a uma prática ética no que concerne a eventos catastróficos, realçada em complexidade pela presença das tecnologias digitais. Como se argumenta, a própria experiência dos arquivos da pandemia é um caminho para encaminhar essa tensão, a partir da abertura a formas mais fluidas de mobilização do tempo histórico, da escuta da dor, do engajamento político e do agenciamento a partir as margens para a construção de arquivos calcados no cultivo do comum.
- Camila Loureiro Dias - Orientadora (UNICAMP)
- Aldair Carlos Rodrigues (UNICAMP)
- Rafael Ivan Chambouleyron (UFPA)
Esta pesquisa analisa as disputas entre os agentes coloniais no Maranhão pela administração das aldeias e do trabalho indígenas, bem como a política indigenista durante a União Ibérica (1603-1647), buscando compreender a ideia de liberdade colonial proposta e suas implicações no processo de incorporação dos nativos à sociedade colonial. Partindo dos primeiros contatos entre portugueses e indígenas na conquista do território, examina as estratégias dos portugueses em forjar alianças com os nativos e o processo de formação dos primeiros aldeamentos. Em seguida descreve e analisa o conceito de liberdade na legislação indigenista empregada pela monarquia hispânica e os projetos de aldeamentos do colono Bento Maciel Parente e do jesuíta Luís Figueira. Por fim, avalia a prática de administração das aldeias e dos indígenas aldeados na primeira metade do século XVII. A pesquisa sugere uma incompatibilidade entre a “liberdade” imposta pelo Estado colonial e a garantia da autonomia relativa dos povos indígenas integrados nos aldeamentos do Maranhão.