Atividades Curriculares

Uma importante característica dos cursos de Mestrado e Doutorado em Filosofia da Unicamp é a flexibilidade de sua estrutura curricular, que visa a compatibilizar a liberdade de investigação docente, institucionalizada em suas variadas Linhas de Pesquisa, com as exigências mínimas de uma formação básica dos alunos por meio do estudo de temas e autores clássicos, tendo por objetivo permitir a concentração do trabalho discente na redação da dissertação ou tese. Tendo em vista a natureza da atividade filosófica, que não se presta a definições rígidas de tema nem se exprime em um conjunto predeterminado de disciplinas ou enunciados fundamentais, o Programa de Pós-Graduação em Filosofia tem uma estrutura acadêmico-curricular extremamente simples e aberta, definida principalmente a partir dos Projetos de Pesquisa dos professores orientadores. Não há previsão de disciplinas obrigatórias, vinculadas a determinadas Linhas de Pesquisa, salvo a prerrogativa, atribuída ao orientador, de indicar disciplinas ou seqüências de disciplinas a serem cumpridas pelo orientando para sua formação adequada.

A estrutura curricular do programa é adequada as quatro linhas de pesquisa do programa. Anualmente são oferecidas cerca de 40 disciplinas, incluindo duas disciplinas de Estágio Docente, uma de Dissertação de Mestrado, uma Tese de Doutorado e os Seminários de Orientação, que são disciplinas nas quais os discentes do programa de pós-graduação em Filosofia expõem resultados parciais de sua pesquisa para crítica e discussão, perante não apenas o orientador, mas também outros alunos e até mesmo outros professores do programa.

Os objetivos dos Seminários de Orientação consistem em (i) contribuir para o aperfeiçoamento do trabalho de pesquisa discente, (ii) fomentar sua capacidade de discussão especializada e pública de argumentos e interpretações. A configuração dessas disciplinas é flexível e adapta-se, em cada oferecimento, às circunstâncias da pesquisa e às preferências do professor-orientador. Assim, o trabalho discente pode ser completamente concentrado na discussão de partes (preliminares ou não) da dissertação e/ou tese, ou pode, a critério do orientador, envolver aprofundamento de assuntos mais específicos que são de fundamental importância para a formação do pesquisador em filosofia.

Apesar da flexibilidade da nossa estrutura curricular, alguns eixos comuns a caracteriza. Em primeiro lugar, procura-se sedimentar no trabalho discente a capacidade de argumentar articuladamente, tanto no texto escrito como na exposição e discussão oral, de acordo com critérios de correção lógico-formal pertinentes ao discurso acadêmico de Filosofia. Em segundo lugar, procura-se instilar no trabalho discente a objetividade no discernimento e na formulação de problemas e resoluções, tendo por horizonte evitar, nas dissertações e/ou teses, falta de coesão ou mesmo digressões em relação ao núcleo temático que nelas se propôs. Em casos mais específicos, procura-se aperfeiçoar o trabalho discente de interpretação das fontes primárias, isto é, de leitura e interpretação dos textos clássicos em língua original, com a discussão de problemas filológicos que têm grande impacto na formulação de argumentos filosóficos.

Quanto a este último objetivo, destacam-se os seminários em História da Filosofia Antiga, Medieval e Moderna. Freqüentemente, a espinha dorsal desses seminários constitui-se como leitura e interpretação coletiva (orientador e orientandos) de textos na língua original (grego ou latim), com discussão pormenorizada de problemas filológicos e análise minuciosa do emaranhado argumentativo e conceitual presente em cada texto.