Próximas Defesas

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Retratos falados de Lima Barreto: sobre a produção da crença nas imagens e representações do escritor.
Aluno(a): Jules Ventura Silva
Programa: Sociologia
Data: 30/07/2024 - 14:00
Local: Sala de Projeção
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Sávio Machado Cavalcante (Presidente) (Orientador) - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Marcos Silva da Silveira - Universidade Federal do Paraná
  • Prof. Dr. Carlos Henrique Gileno - Universidade Estadual Paulista
  • Prof. Dr. Alexandro Dantas Trindade - Universidade Federal do Paraná
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto - IFCH/ UNICAMP
Descrição da Defesa:

Analisamos ao longo desta pesquisa algumas imagens e representações de Lima Barreto tão diferentes entre si que representam versões, por vezes, antinômicas da mesma personagem. Algumas delas são produzidas por intérpretes renomados do escritor, como Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Francisco de Assis Barbosa, Jorge Amado e Gilberto Freyre; e outras por nomes completamente desconhecidos. Busca-se aqui analisar um século de reprodução das imagens e representações do referido personagem-escritor e as relações de poder e dominação estabelecidas entre seus intérpretes. Por essa razão, a construção desse roteiro apresenta uma fórmula de curadoria das imagens do escritor diferente da adotada por seus biógrafos, que é a tradição dominante de artífices do personagem. Essa tradição é qualificada pela pretensão alimentada por seus representantes de totalizar as imagens do escritor a fim de apresentar uma versão autêntica e realista do personagem. Nos distanciamos dessa tradição, uma vez que buscamos sistematicamente desacreditar a confiança de que gozavam amplamente os biógrafos de Lima Barreto, e que se assenta no exercício do poder daquele que Bourdieu definiu como sendo o poder de um censor: poder que se expressa através da capacidade de apontar e emitir um juízo final sobre qual das versões que encontramos desse personagem é uma representação autêntica do escritor ou não. Em direção diversa, construímos a perspectiva de concepção da existência de diversas versões da referida personagem, buscando reconhecer a existência de tradições diferentes de artífices de Lima Barreto. Além de demonstrar que tais versões são construídas umas contra as outras por aqueles que reivindicam ou denegam a herança do escritor. Nesse roteiro, as imagens produzidas sobre Lima Barreto são apresentadas por meio dos duelos entre seus artífices em busca do monopólio da representação das imagens do escritor. Por fim, esperamos que este trabalho tenha conseguido colaborar com o reconhecimento de que o fenômeno social da reprodução das imagens de Lima Barreto se faz através da adesão às lutas pela classificação do valor do referido personagem.

 

A guerra ontológica e contra-colonial pelos territórios tradicionais caiçaras: um estudo da Baía de Castelhanos (Ilhabela/SP)
Aluno(a): Fernanda Folster de Paula
Programa: Sociologia
Data: 30/07/2024 - 14:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Profa. Dra. Mariana Miggiolaro Chaguri (Presidente) (Orientadora) - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Marcelo Carvalho Rosa - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
  • Profa. Dra. Emilia Pietrafesa de Godoi - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Edna Maria Ramos de Castro - Universidade Federal do Pará
  • Profa. Dra. Tânia Guimarães Ribeiro - Universidade Federal do Oeste do Pará
Descrição da Defesa:

Essa tese aborda a guerra territorial-ontológica na Baía de Castelhanos (Ilhabela/SP). Sugiro que a guerra territorial é indissociável de uma guerra ontológica: de um lado, existe uma ontologia colonial, que fundamenta a expansão da propriedade privada em Ilhabela. De outro, existe a ontologia caiçara, que fundamenta regimes locais de uso do território e práticas de cuidado que relacionam humanos e mais-que-humanos. Essa guerra de ontologias está expressada nos agenciamentos construídos em torno do conflito territorial em Castelhanos, polarizados por dois atores, heterogêneos: as comunidades tradicionais caiçaras e os proprietários privados. A tese investiga como essas ontologias, ou, em outras palavras, como acervos de pressupostos sobre o que existe, se constituíram historicamente e sintetizam as experiências históricas dos atores, fundamentando distintas visões e modos de operar e planejar o espaço da Baía de Castelhanos. Para tanto, a investigação conduziu pesquisa de campo junto às comunidades tradicionais caiçaras; a análise de documentos jurídico-cartoriais sobre o registro e os processos de legitimação das propriedades privadas; e análise de documentos históricos que permitiram remontar o processo de ocupação e construção de distintas territorialidades na Baía de Castelhanos.

Educação neoliberal, capitalismo de plataformas e tecnologias microeletrônicas no Brasil contemporâneo
Aluno(a): Stefano Schiavetto Amancio
Programa: Sociologia
Data: 01/08/2024 - 14:30
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Pedro Peixoto Ferreira - Orientador
  • Prof. Dr. Diego Jair Vicentin - UNICAMP
  • Profa. Dra. Teise de Oliveira Guaranha Garcia - UNICAMP
  • Prof. Dr. Henrique Zoqui Martins Parra - Universidade Federal de São Paulo
  • Prof. Dr. Leonardo Ribeiro da Cruz - Universidade Federal do Pará
Descrição da Defesa:

Esta tese de doutorado apresenta uma pesquisa sobre reforma da educação básica brasileira (1996-2023), capitalismo contemporâneo e tecnologias microeletrônicas, com destaque para discursos e práticas de formação do estudante como sujeito social e para a situação do Brasil no capitalismo global. Como metodologia, investigou-se: (a) documentos normativos educacionais federais, paulistas e de organismos internacionais, (b) parcerias diretas entre órgãos públicos educacionais brasileiros (especialmente paulistas) e corporações da indústria microeletrônica (especialmente Intel, Microsoft e Google), e (c) formações e práticas escolares ora observadas e ora diretamente vivenciadas por este pesquisador, durante sua atividade como professor da rede estadual paulista de educação nos últimos nove anos. Como resultados, apresenta-se que a reforma da educação básica brasileira insere o país num projeto internacional de educação neoliberal compromissado com a estabilização de corporações da indústria microeletrônica como centros de cálculo na formação de sujeitos sociais globais. Esse projeto educacional neoliberal, de elaboração coordenada por organismos internacionais em parceria com corporações globais, governos e instituições nacionais, cria e estabelece determinadas competências e habilidades como humanas e obrigatórias para uma formação estudantil de caráter humano, cidadão e apto para o mundo do trabalho, num discurso de síntese atualizadora e de culminância em relação a contribuições pedagógicas e educacionais. Nessa educação neoliberal, a formação de estudantes competentes e hábeis requer o consumo de tecnologias microeletrônicas plataformais, desenvolvidas por corporações majoritariamente estadunidenses. Essas tecnologias têm caráter plataformal porque a tecnicidade microeletrônica tem seu modo de existência fundamentado em camadas de nível baixo e de nível alto (grosso modo, hardware e software, respectivamente), o que condiciona formas técnicas baixas como condições de existência para formas técnicas de nível alto. Esta tese denomina por “capitalismo de plataformas” uma disputa entre corporações para monopolização da pesquisa, da invenção e da comercialização de camadas plataformais da tecnicidade microeletrônica, fator-chave para se posicionarem como pontos de passagem obrigatória na indústria microeletrônica e, desde a década de 1990, na educação básica neoliberal global. Esta tese conclui, enfim, que a associação entre o referido projeto de educação neoliberal e a indústria microeletrônica promove uma privatização da criatividade crítica, aqui compreendida como a hegemonização mundial de uma educação que: (a) naturaliza determinadas mercadorias tecnológicas e suas corporações desenvolvedoras como pontos de passagem obrigatória para a existência humana, cidadã e no mundo do trabalho atuais, (b) aliena o desenvolvimento de bases educacionais a organismos internacionais e corporações globais (ambos majoritariamente centrados nos EUA), e (c) age na consolidação do neoliberalismo, ao adaptar a criatividade crítica para uma vida política acrítica sobre a organização econômica da vida social. Trata-se de um bancarismo criativo, numa atualização do conceito de educação bancária freiriano, porque competências, habilidades, objetos eletrônicos e teorias e práticas científico-tecnológicas são naturalizadas como obrigatórias para a formação do sujeito social, estabelecendo a educação básica como agente numa consolidação geoeconômica global do neoliberalismo contemporâneo.

Imagine sua Coreia: representações da nação na globalização.
Aluno(a): Catharina De Angelo
Programa: Sociologia
Data: 16/08/2024 - 14:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto (Presidente) (Orientador) - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Miqueli Michetti - Universidade Federal da Paraíba
  • Prof. Dr. Renato José Pinto Ortiz - IFCH/ UNICAMP
Descrição da Defesa:

A globalização permite que não apenas os fluxos econômicos sejam desterritorializados, mas também os culturais. Uma grande quantidade de bens simbólicos atravessa o nosso cotidiano, manifestando-se em propagandas, viagens internacionais, ou até mesmo em um almoço corriqueiro em um restaurante coreano, por exemplo. Os espaços onde os fluxos da globalização - culturais, políticos e econômicos - se tornam mais intensos são as cidades definidas como globais. Essas cidades são responsáveis por receber um grande fluxo migratório, tornando o cotidiano permeado pelo multiculturalismo.

Entre os fluxos culturais, nem todos os símbolos de todas as culturas permeiam nosso cotidiano. Alguns países conseguiram articular e investir mais na exportação de sua imagem e de seus produtos. Em 2021, a Coreia do Sul foi classificada como a "Economia Mais Inovadora do Mundo", à frente de países como Suíça e Alemanha. Os produtos culturais sul-coreanos, como música, novelas e filmes, conquistaram posições de destaque nos rankings e prêmios orientais e ocidentais, rompendo a predominância do eixo de disseminação de cultura de massa ocidental.

Assim, através da análise histórica da produção cultural na Coreia do Sul e do esforço estatal para projetar sua imagem globalmente, juntamente com dados sobre vários segmentos da economia sul-coreana, como turismo, exportação musical e produtos mais consumidos, faremos uma análise de como a Coreia do Sul se construiu e se projetou globalmente. Desenvolvendo, nos últimos trinta anos, uma das indústrias culturais mais fortes e inventivas do mundo, mostraremos também a recepção dessa cultura no Brasil, destacando a ação do Estado sul-coreano na cidade global de São Paulo.

DE CASA OU DE RUA: DO QUE É FEITA UMA POPULAÇÃO.
Aluno(a): Joana Mostafa
Programa: Sociologia
Data: 22/08/2024 - 09:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Profa. Dra. Bárbara Geraldo de Castro (Presidente) (Orientadora) - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Roberto Rocha Coelho Pires - IPEA
  • Prof. Dr. Marco Antônio Carvalho Natalino - IPEA
  • Profa. Dra. Taniele Cristina Rui - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Simone Miziara Frangella - Universidade de Lisboa
Descrição da Defesa:

Os moradores de rua sustentam suas vidas por meio de diversos arranjos materiais e relacionais que possibilitam fazer da rua um tipo de casa. Este fato é extremamente incômodo para nós, e aciona as diversas forças que almejam a contenção e a devolução dos corpos e coisas para dentro dos muros das casas ou das instituições. Tentamos, a todo custo, reestabelecer uma fronteira clara entre a casa e a rua. Este é o objeto deste trabalho: o fazer e desfazer de fronteiras entre as casas e a rua, a micropolítica dos lugares de se morar. Realizo esse trajeto por dois caminhos. O primeiro, ao acompanhar momentos críticos de contestação e afirmação da vida na rua, tais como uma operação de limpeza urbana e um equipamento de limpeza pessoal, o banheiro público, ambos no centro de Brasília. Persegui, em especial, os arranjos materiais que tornam a moradia de mulheres na rua possível, embora instável e contida dentro de certos limites - sempre em disputa. Estes arranjos também atestam diversas continuidades entre as casas e a rua, em especial entre o que conceituei como a casa popular, notadamente marcada pelo gênero e pela raça. Assim, nem a casa é tão Casa e nem a rua é tão Rua, como exigem nossas ansiedades racistas do ordenamento urbano, da sujeira e da segurança. Não obstante, processos incessantes de fronteirização entre as casas e a rua estão a agir e colocam imensos desafios para o reconhecimento dos modos de vida da rua, inclusive para a sua nomeação, medição e caracterização. No segundo caminho, pulei de volta a cerca das instituições, ao analisar o problema de transformar uma massa viva em população, a partir de duas experiências de censo dos moradores de rua. Uma ao acompanhar o censo de Brasília, levado a cabo em 2022, e outra com o IBGE, em estudo para a proposição do primeiro censo nacional, no município de Niterói em 2023. Problematizando o tema do censo dos moradores de rua em nível nacional enfrento a grande barreira de colocar em ato uma rua que esteja em continuidade com a casa, ao quebrar o seu teto e seus muros.