Próximas Defesas

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REPRODUÇÃO SOCIAL E PRÁXIS FEMINISTA: A MILITÂNCIA TRANSFORMADORA DAS MULHERES DO MTD E DO LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE (2015-2018)
Aluno(a): Pamela Carolyne Oliveira
Programa: Sociologia
Data: 01/04/2024 - 10:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto (Presidente) - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Bárbara Geraldo de Castro - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Renata Cristina Gonçalves dos Santos - UNIFESP
Descrição da Defesa:

Esta pesquisa se debruça sobre a práxis feminista das mulheres do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e do Levante Popular da Juventude (Levante) para compreender como suas ações e reflexões estão contribuindo para alterar as estratégias e práticas de ambos movimentos sociais populares, a partir do reconhecimento da Reprodução Social como indispensável na luta de classes. Recorrendo a entrevistas semiestruturadas e a revisão bibliográfica, defendemos a hipótese de que o contexto reacionário entre 2015 e 2018, período em que ocorre o golpe de Estado e o assassinato de Marielle Franco, e também massivos protestos feministas, contribuiu para catalisar a luta feminista antirracista. Ao mesmo tempo em que impôs duras derrotas à agenda feminista e dificuldades à prática política das mulheres, também exacerbou determinadas contradições e jogou luz sobre as lutas por necessidades básicas (renda, saúde, educação, terra, alimentos, água, sobrevivência, etc.) majoritariamente protagonizadas por mulheres das classes trabalhadoras, muitas delas negras. A partir de uma práxis feminista, elas propõe uma atualização da interpretação das classes trabalhadoras no Brasil contemporâneo e, assim, das estratégias políticas dos movimentos sociais que compõem. As entrevistas revelam como a prática cotidiana dessas mulheres têm impulsionado o reconhecimento das contradições analíticas entre reprodução e produção, e, com isso, reposicionado os métodos e as práticas das organizações. A pesquisa ainda visa demonstrar que o processo de assimilação da prática feminista passa por um esforço de solidariedade interseccional, visto o caráter misto em gênero e raça de ambas as organizações. Defendemos que é justamente a diferença entre as pessoas, bem como o manejo dos conflitos e violências que afloram, fundamentado em um companheirismo militante, que propulsiona as organizações a encontrarem saídas que sejam transformadoras. Para sustentar nossas análises, nos fundamentamos em teóricas e teóricos da Reprodução Social (TRS), na Teoria feminista interseccional (enquanto ferramenta analítica e práxis crítica) de Patricia Hill Collins e Audre Lorde, e em teóricas decoloniais.

Mulheres construindo sua autonomia: concepções e práticas feministas em redes de economia solidária no Brasil
Aluno(a): Beatriz Carrascosa Von Glehn Schwenck
Programa: Sociologia
Data: 05/04/2024 - 09:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Profa. Dra. Bárbara Geraldo de Castro (Presidente) (Orientador) - IFCH/UNICAMP
  • Dra. Isabelle Hillenkamp - Institut de Recherche pour le Développement
  • Dra. Andreia Helena B Lemaitre - Université catholique de Louvain
  • Dr. André Ricardo de Souza - Universidade Federal de São Carlos
  • Dra. Flávia Millena Biroli Tokarski - Universidade de Brasilia
  • Dr. Luiz Inacio Germany Gaiger - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Descrição da Defesa:

Esta pesquisa de doutorado tem por objetivo discutir a ideia de autonomia a partir das concepções e práticas das mulheres organizadas na economia solidária no Brasil, buscando compreender os sentidos e significados dessa categoria para elas, bem como sistematizar as possibilidades e os limites ao exercício da autonomia tendo em conta as condições materiais e subjetivas e o contexto econômico, social e político em que elas estão inseridas. Tendo como orientação epistemológica e metodológica a pesquisa-ação feminista, por meio de entrevistas e visitas de campo, esta pesquisa centra-se no caso de três redes feministas organizadas no contexto da economia solidária, compostas por empreendimentos e iniciativas econômicas e por organizações de apoio e fomento, que cumprem um papel de assessoria técnica, execução de políticas públicas e articulação política. Os três casos são a Associação de Mulheres na Economia Solidária do estado de São Paulo (AMESOL), sediada na Região Metropolitana de São Paulo; a Rede Xique Xique de Comercialização Solidária, organizada no estado do Rio Grande do Norte e sediada em Mossoró; e a Rede de Economia Solidária e Feminista (RESF), de âmbito nacional e sediada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Busca-se refletir sobre a relação complexa entre organizações da sociedade civil, o Estado brasileiro e movimentos sociais, em especial o movimento de economia solidária e o movimento feminista e a forma como as reivindicações por autonomia foram traduzidas nas políticas da Secretaria Nacional de Economia Solidária e da Secretaria de Política para as Mulheres no ciclo de governos 2003-2016. Trabalhamos a categoria de autonomia a partir de uma pesquisa multiescalar (à nível do Estado, dos movimentos sociais, das redes solidárias, dos empreendimentos econômicos e organizações de apoio, e da vida das mulheres) e multidimensional (sistematizando múltiplas e imbricadas facetas da autonomia como a dimensão material, a necessidade de redivisão sexual do trabalho, o enfrentamento à violência, a construção de relações de solidariedade, confiança e pertencimento). A partir de uma abordagem feminista e substantiva da economia e da política, é problematizada a articulação entre produção e reprodução social, dando visibilidade ao trabalho de cuidados realizado pelas mulheres e às práticas econômicas permeadas por relações sociais concretas (de reciprocidade, redistribuição e autossuficiência) nos empreendimentos econômicos e redes solidárias. Questionando uma abordagem liberal que localiza a autonomia no nível individual e a associa à ideia de independência, argumenta-se por uma concepção de autonomia assentada na interdependência. Uma abordagem substantiva da autonomia mostra-se potente para analisar as relações de poder, opressão e desigualdade; e também os caminhos de construção de resistência, coletivos e construídos desde relações de solidariedade.

DESEMPRETECIMENTO NO HAITI E NO SENEGAL, A QUESTÃO DE BELEZA E STATUS & DÉNÉGRIFICATION DO MUNDO?
Aluno(a): Frantz Rousseau Déus
Programa: Sociologia
Data: 16/04/2024 - 13:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto (Presidente) (Orientador) - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Mario Augusto Medeiros da Silva - IFCH/ UNICAMP
  • Dr. Deivison Mendes Faustino - UNIFESP
  • Dra. Miqueli Michetti - Universidade Federal da Paraíba
Descrição da Defesa:

Estuda-se neste trabalho, o desempretecimento da pele concebido como uma prática estética visando o gerenciamento da tonalidade da pele a fim de corresponder a um padrão estético considerado bonito e valorizado. É uma prática majoritariamente feminina que está presente nas populações negras em diversas regiões do mundo. Ela já foi/é considerada problema de saúde pública em vários países, particularmente alguns países africanos. Por meio de análise de materiais audiovisuais (publicidades, filmes, documentários, vídeos amadores feitos por influenciadoras de redes sociais), em diálogo com uma bibliografia multidisciplinar (sociologia, história, antropologia, dermatologia, farmácia, filosofia) e com base numa abordagem sociológica que articula várias échelle de análise (micro, meso, macro), busca-se entender como as pessoas que recorreram a essa prática justificam o recurso a cosméticos e outras técnicas artesanais para clarear a cor da pele. Desejo de ser bonita, conquistar algum parceiro afetivo são justificativas mais comuns apresentadas pelas praticantes. Tanto nos discursos publicitários para promover essa prática, quanto nas justificativas das praticantes, conquistar um pouco de beleza está no primeiro plano. Essa justificativa expressa um sentimento de inadequação ao padrão estético valorizado, ao mesmo tempo, evidencia como as características fenotípicas das pessoas negras, particularmente a pele, são vistas como feias, o que interfere na sua autoestima. Para além das explicações funcionais dadas pelas pessoas envolvidas, apresenta-se também uma explicação histórico-estrutural, cujo ponto de partida é o processo da racialização do mundo e da négrification dos/as africanos/as levado a cabo para justificar o tráfico negreiro e a escravidão. Ao deslocar africanos/as da categoria humana para animal, sua inferioridade foi pronunciada e defendida filosófica e cientificamente por muitos europeus. Suas características fenotípicas foram inferiorizadas, e, a feiura atribuída à elas era símbolo da inferioridade racial por excelência. Sintomaticamente, a análise da racialização e négrification evidencia como as indústrias cosméticas e de beleza remobiliza um conjunto de preconceitos histórico para lucrar com o corpo negro, oferecendo produtos nocivos e cancerígenos para sua (auto)destruição. Essa última conecta o desempretecimento com um projeto do capitalismo liberal e colonial que visa a dénégrification do mundo – exterminar as pessoas negras da face da terra –. Isso porque na pós-escravidão, as pessoas negras simplesmente não foram/são aceitas como cidadãs capazes de gozar os mesmos direitos e compartilhar os mesmos códigos com o ‘branco’ civilizado. Em suma, a abordagem sócio-histórica realizada neste trabalho evidencia a complexidade desse fenômeno, portanto, desafia qualquer abordagem simplista que culpabilizam de antemão, tanto as pessoas que desempretecem a pele por cosméticos e técnicas artesanais quanto casais negros que recorrem a receitas dietéticas, pílulas etc. para clarear seus fetos na barriga, limitando a possibilidade de eles nascerem com uma pele preta. A reflexão final da tese é sobre o seguinte questionamento: que mundo é esse que exige que as pessoas de pele preta se desempretecem para fazer parte? Esse questionamento alerta que esse trabalho não esgota, de modo algum, a necessidade de novas pesquisas para compreender esse fenômeno em todas as suas dimensões.

NEOCONSERVADORISMO-NEOLIBERAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: uma investigação da representação de família no portal online da Universal do Reino de Deus
Aluno(a): Isabela Vicente Monti
Programa: Sociologia
Data: 22/04/2024 - 14:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Sávio Machado Cavalcante (Presidente) (Orientador)
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Mariana Magalhães Pinto Côrtes - Universidade Federal de Uberlândia
Descrição da Defesa:

Essa pesquisa objetiva compreender se valores e princípios neoconservadores e neoliberais podem estar sendo articulados, no curso do tempo presente, em outros espaços que não o da política institucional. Para isso, interroga se a representação de família elaborada e difundida por lideranças religiosas da Universal do Reino de Deus é neoconservadora-neoliberal. Para responder a essa pergunta, foi construído um corpus documental composto por 257 postagens publicadas entre os anos de 2017 e 2021 pelo atual líder terreno da Universal, bispo Renato Cardoso. Ao longo do desenvolvimento do trabalho, evidenciaremos a maneira pela qual a representação familiar iurdiana envolve e articula o neoliberalismo e o neoconservadorismo, promovendo continuidades, mas, também, deslocamentos com relação à uma representação convencional de família.

Imigração e Lutas Migrantes: redes e encruzilhadas da mobilização por direitos e contra a xenofobia racializada no Brasil em crise
Aluno(a): Karina Quintanilha Ferreira
Programa: Sociologia
Data: 23/04/2024 - 09:30
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Ricardo Luiz Coltro Antunes (Presidente) (Orientador) - IFCH/UNICAMP
  • Profa. Dra. Vera da Silva Telles - Universidade de São Paulo
  • Profa. Dra. Patrícia Villen Meirelles Alves - Universidade Federal de Uberlândia
  • Profa. Dra. Mariana Shinohara Roncato - Universidade Estadual de Campinas
  • Profa. Dra. Bárbara Geraldo de Castro - IFCH/UNICAMP
Descrição da Defesa:

A partir do referencial analítico das lutas migrantes em diálogo com a sociologia do trabalho, esta pesquisa tem como objetivo analisar experiências de mobilização política de imigrantes e refugiadas/os por direitos e contra a xenofobia racializada no contexto pós-crise econômica mundial de 2008/9, com foco no período da pandemia da Covid-19 (2020-2022). O recorte empírico privilegia as lutas migrantes no Brasil, e mais especificamente na cidade de São Paulo, aonde a pesquisa de campo se desenvolveu na pandemia. Neste período, sob o governo da extrema-direita, verificou-se um agravamento dos efeitos do capitalismo pandêmico, intensificando as desigualdades sociais, o sistemático ataque a direitos e as tendências seletivas nas políticas de controle migratório. Diante desse contexto, indaga-se por quê e como imigrantes e refugiadas/os se organizam para resistir contra a opressão e a exploração em suas interserccionalidades de gênero, raça/etnia, classe, nacionalidade e condição migratória. Além da pesquisa bibliográfica e documental, a abordagem qualitativa é situada por meio de entrevistas com trabalhadoras/es imigrantes periféricos e racializados da Bolívia, do Haiti e da República Democrática do Congo que são reconhecidas/os ativistas no campo das migrações em São Paulo. Essa abordagem foi combinada com pesquisa participativa junto às seguintes redes e movimentos: Associação de Mulheres Imigrantes Luz e Vida (AMILV); Regularização Já; Justiça Por Moïse e, em especial, pela atuação com a rede Vidas Imigrantes Negras Importam, que se desdobrou nas campanhas Somos João Manuel; Liberdade Para Falilatou e Nduduzo Fica. O trabalho está organizado em um mosaico de quatro partes: 1) Imigração e lutas migrantes: um campo epistemológico em deslocamento; 2) Contexto brasileiro (2010-2022): políticas migratórias, trabalho imigrante e a permanente luta por direitos; 3) Lutas migrantes no Brasil pandêmico (2020-2022); 4) Redes e encruzilhadas. A pesquisa evidencia a diversidade e a heterogeneidade dessas lutas no Brasil, revelando questões emergentes e interconectadas sobre a informalidade e a precarização do trabalho, as políticas de indocumentação, a criminalização étnico-racial da migração e, sobretudo, a xenofobia racializada que afeta particularmente imigrantes das diásporas negras e indígenas. No que tange aos movimentos analisados, tratam-se de formas de auto-organização tecidas “a partir das margens” que se constituem por meio de alianças políticas e práticas coletivas como redes, associações, movimentos sociais, sindicatos, coletivos culturais – com crescente protagonismo de mulheres racializadas, trabalhadoras na informalidade, mães e provenientes de países da periferia do capitalismo. Na esteira das conquistas da Lei de Migração (2017), esses movimentos mostram a necessidade de uma permanente mobilização em escala local, nacional e transnacional para reivindicar direitos humanos, cidadania e pertencimento por um “mundo sem fronteiras”. Interpelam, assim, a sociedade e as lutas sociais em seu conjunto, expandindo a agenda política das migrações como potencial de transformação social no atual contexto de crise estrutural e multidimensional – política, econômica, social, ambiental, financeira e sanitária – do capital.