Antropologia Social

“Aquilombar é o que dá força”: redes de afeto, de fazer político e de produção de conhecimento em um coletivo negro de universitários de Medicina

A implementação de políticas de ação afirmativa racialmente orientadas, ao longo das duas últimas décadas, tem contribuído significativamente para a democratização do acesso às universidades públicas brasileiras. Como consequência disso, cursos de graduação de um modo geral, e aqueles considerados mais concorridos e de prestígio como os de Medicina, em particular, vêm passando por significativas mudanças na composição de seus quadros discentes. Junto a este processo, tem sido possível, também, assistir à proliferação de coletivos negros universitários nas universidades brasileiras.

Quando o outro não diz: A construção da expressão "infanticídio indígena" e a conformação de seus atores sociais no Brasil

Esta dissertação aborda a construção política da noção de “infanticídio indígena” no Brasil por meio do estudo de atores vinculados à bandeira da luta que prevê o seu combate. Este grupo é formado majoritariamente por colaboradores da organização brasiliense de atuação missionária Atini Voz Pela Vida e políticos da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional, responsáveis pela criação e defesa do PLC 119/2015 – outrora PL 1057/2007 – que disserta sobre a existência de “práticas tradicionais” entre povos indígenas no Brasil.

Etnografia entre bombeiros militares paulistas: ideias de corpo

Esta dissertação aborda, de maneira etnografica, a concepção de corpo presente entre os bombeiros militares da cidade de São Carlos - SP com base no ambiente de trabalho do quartel. O corpo é compreendido a partir de uma concepção tripartida: enquanto ferramenta de trabalho; na relação com as vítimas socorridas; e enquanto metáfora para união no quartel. Para esses bombeiros, o corpo é uma importante ferramenta, implicando na valorização de músculos definidos e na disciplina dos afetos — sobretudo nos atendimentos ao lidar com vítimas.

O olho clínico: Charcot e a conformação da imagem na produção da Iconografia Fotográfica da Salpêtrière.

A Iconografia Fotográfica da Salpêtrière se constitui como um compêndio de estudos de casos e experimentações clínicas sobre a histeria, epilepsia, hístero-epilepsia e suas comorbidades. Empreendida pelos neurologistas Jean-Martin Charcot (1825-1893) e Désiré-Magloire Bourneville (1840-1909) em conjunto com o fotógrafo e fisiologista Paul Regnard (1850-1927), a obra é dividida em três volumes publicados, datados de 1877, 1878 e 1 879-1880. No conjunto dos três tomos, são apresentadas 119 fotografias.