“Aquilombar é o que dá força”: redes de afeto, de fazer político e de produção de conhecimento em um coletivo negro de universitários de Medicina

A implementação de políticas de ação afirmativa racialmente orientadas, ao longo das duas últimas décadas, tem contribuído significativamente para a democratização do acesso às universidades públicas brasileiras. Como consequência disso, cursos de graduação de um modo geral, e aqueles considerados mais concorridos e de prestígio como os de Medicina, em particular, vêm passando por significativas mudanças na composição de seus quadros discentes. Junto a este processo, tem sido possível, também, assistir à proliferação de coletivos negros universitários nas universidades brasileiras. Em espaços como esses, estudantes acolhem-se e formam-se politicamente, e pesquisas recentes indicam que sua emergência tem contribuído diretamente para a chegada e para a permanência de pessoas negras no ensino superior. Até pouco tempo atrás considerados exceção na Medicina, estudantes negros têm tensionado a formação acadêmica ao passo em que se afirmam como sujeitos dos processos de produção do saber e da prática médica. Por conseguinte, observa-se mudanças na produção de conhecimento, nos temas de pesquisas, nos eventos acadêmicos da área, nas ementas de disciplinas e nas Ligas Acadêmicas. Em vista disso, esta dissertação dedicou-se a explorar as relações entre cotas raciais, acesso e permanência universitária, produção de identificações e diferenças, e disputas epistemológicas. O fez a partir do Quilombo Ubuntu, coletivo universitário criado e gestado por estudantes negros do curso de Medicina da Unicamp. O trabalho de campo ocorreu ao longo de 2021, com metodologia eminentemente etnográfica, conduzida integralmente online, sendo realizadas observação participante nas reuniões do Quilombo Ubuntu, entrevistas com seus membros e diálogos informais por WhatsApp. Acompanhando os integrantes do coletivo, foram etnografados, ainda, eventos nos quais participaram, tendo sido realizadas conversas informais com outros participantes dos mesmos; foram acompanhados também eventos institucionais abertos promovidos pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Filmes sobre o tema, literatura acadêmica recente e matérias de mídia relativos à temática das ações afirmativas no período foram incluídos na análise.

Data da defesa: 
terça-feira, 1 Fevereiro, 2022 - 14:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Regina Facchini REIT/ UNICAMP
Profa. Dra. Flavia Mateus Rios Universidade Federal Fluminense
Profa. Dra. Silvia Maria Santiago FCM/ UNICAMP
Profa. Dra. Silvia Aguião Rodrigues Universidade Estadual do Rio de Janeiro
Profa. Dra. Gleicy Mailly da Silva UNICAMP
Nome do Aluno: 
William Paulino Rosa
Sala da defesa: 
Integralmente à distância - https://www.youtube.com/watch?v=c0sgrpW9sSs