Antropologia Social

“TRAIDORES DE GÊNERO?”: aproximações e tensionamentos entre homens e feminismos no cenário brasileiro

Este estudo propõe uma reflexão sobre as relações entre homens e feminismos no contexto brasileiro, mapeando definições e tensões primeiramente a partir de um conjunto de instituições e sujeitos ligados à Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG). A RHEG é constituída por indivíduos que transitam entre academia, organizações da sociedade civil e movimento social, produzindo e sendo produzidos pela discussão sobre homens e masculinidades e pelas teorias e ativismos feministas a partir do final dos anos 1990.

“PUTA NÃO TEM AMIGA”? Afetos, Conflitos e o Imperativo de Inimizade nas Políticas da Prostituição Feminina

Esta tese trata das gramáticas emocionais e dos processos formativos que atravessam as políticas da prostituição feminina. Diante da difusão de imperativos que incentivam a inimizade entre prostitutas, e informam que prostitutas não têm ou não podem ter amigas, analisa-se como tais preceitos, junto às relações de amizade, embates, conflitos e afetos contraditórios incidem na formação dos vínculos entre elas, assim como nos processos pedagógicos que visam ao “aprender a ser prostituta”.

“Em PrEP": Etnografia da gestão do risco e da vulnerabilidade ao hiv/aids no manejo clínico da PrEP no SUS

A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV/Aids (PrEP) é a mais nova estratégia com a promessa de diminuir os novos casos de infecção pelo vírus da aids. Desde 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda seguramente a eficácia da PrEP e incentiva a implementação de políticas locais da profilaxia para populações-chave, buscando se referir às populações prioritárias que são afetadas desproporcionalmente pela epidemia de hiv/aids.

Pelas estratégicas “gambiarras” das promotoras de justiça de Campinas (SP): uma etnografia entre inquéritos de violência policial

A presente pesquisa objetiva descrever e analisar um projeto de responsabilização de violências policiais conduzido por promotoras de justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, na cidade de Campinas (SP), entre os anos de 2015 e 2018. Esse projeto se dedicou às violências perpetradas por agentes de segurança pública contra jovens associados a infrações.

As transversalidades do corpo e as travessuras do controle: uma etnografia sobre práticas agrícolas à luz dos estudos de gênero e das relações multiespécies

A partir dos estudos multiespécies, pretende-se analisar como se dão as relações de controle dos corpos humanos e dos corpos não-humanos no processo de desenvolvimento de práticas agrícolas convencionais e orgânicas. Buscando ultrapassar compreensões tipológicas e fixas dos organismos e das relações travadas no campo da agricultura, os estudos de gênero terão espaço fundamental na construção teórica da pesquisa.

O Direito e a Antropologia diante da criminalização dos povos e pessoas indígenas - análise do caso Passo Piraju (MS)

A pesquisa buscou investigar a criminalização dos povos indígenas por meio do Poder Judiciário, orientado por uma política historicamente integracionista/assimilacionista implementada pelo Estado brasileiro. O movimento indígena e indigenista mobilizou conceitos antropológicos que foram estabelecidos com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que marcou o Brasil como um país multicultural ao reconhecer os direitos originários dos povos indígenas, no artigo 231, à terra tradicionalmente ocupada, organização social, crenças, usos e costumes, religião e língua.

RETIFICADO SEJA O VOSSO NOME: UMA ETNOGRAFIA SOBRE PROCESSOS DE NOMEAÇÃO NA VIDA DE PESSOAS TRANS E TRAVESTIS.

Nos últimos anos, a retificação do nome e/ou gênero no registro civil de pessoas trans e travestis tornou-se uma prática mais recorrente em suas vidas. Isso vem ocorrendo porque os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram, através do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.275, de 2016, que tais sujeitos podem realizar administrativamente a troca de seus documentos com a mudança de nome (prenome) e/ou gênero, sem a necessidade de cirurgia de transgenitalização e/ou autorização judicial.

Camgirls: afetos, raça e classe

O presente trabalho busca compreender, por meio de abordagem etnográfica, como a inserção no camming atravessa o cotidiano e as perspectivas de vida, afetividade e sociabilidade de mulheres brasileiras que exercem o trabalho de camgirl, assim como analisar os impactos do racismo no trabalho sexual online, investigando como a discriminação racial e de classe influenciam as interações entre modelos e clientes no camming.

DA “BURRNESHË” AO HOMEM DE MALESI E MADHE: Estudo sobre un fenômeno no norte da Albânia.

Esta dissertação analisa a mercantilização das individualidades das Burrneshat (chamadas de sworn virgins pelos materiais ocidentais) da Albânia, bem como as dinâmicas de desagregação social provocadas por narrativas midiáticas e acadêmicas de caráter colonial exotificante. A pesquisa critica como essas narrativas, em vez de se pautarem pela escuta sensível e pelo respeito às experiências dessas pessoas, frequentemente as exotificam e as transformam em objetos de consumo simbólico.