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Entre 1911 e 1925, três jornais escritos por homens negros são-tomenses e republicanos circularam pelo arquipélago de São Tomé e Príncipe e geraram reações entre as autoridades coloniais. Folha de Annuncios (que mudou de nome para a A Verdade em seu terceiro número), A Liberdade e O Combate, diante de um cenário mundial de produção intelectual de sujeitos negros e negros africanos, expunham as insatisfações desse grupo negro e letrado com o regime colonial. Seus textos criticavam o governo republicano recém-proclamado e a sociedade são-tomense local. Além disso, propunham caminhos, candidatos eleitorais e projetos de colonização, que se alinhavam, por um lado, aos seus interesses de manutenção de certo status social e, por outro, às ideologias produzidas por pessoas negras na Europa, na África e nas Américas. O presente trabalho busca analisar as populações envolvidas na publicação de tais jornais, entendidos aqui como parte de uma produção intelectual local. Também objetiva entender com quais teorias, ideais e movimentos tais textos dialogavam. O objetivo é uma leitura que entenda São Tomé e Príncipe como parte de um movimento global de produção intelectual e ideológica negra, cujas ideias e ações não são irrelevantes nem para o Movimento Negro que se estabelece na Europa nas primeiras décadas do século XX, nem para as populações do arquipélago do período, para as quais esse grupo negro e letrado tinha projetos bastante evidentes.
O tema desta tese tem como principal objetivo investigar a força, desenvolvida por Gottfried Wilhelm Leibniz em seu período de transição entre a juventude e a maturidade. Nesse período, Leibniz se ocupava com o problema da força, pois, para ele, ela deveria guiar o pensamento a um plano reflexivo em que a metafísica e a matemática seriam conciliadas com as estruturas físicas e mecânicas. Força é, para Leibniz, um conceito de dinâmica que desvela as estruturas metafísicas da filosofia natural. Nos Espécime de Dinâmica, texto primordial dessa pesquisa, Leibniz discorre de que maneira as estruturas mecânicas do mundo, sobretudo os conceitos de movimento e extensão, estão relacionadas às noções basilares de força. Nesse quadro, Leibniz estabelece dissemelhanças com o pensamento cartesiano e sinaliza os motivos pelos quais não adota os axiomas dessa doutrina. Assim, força, em Leibniz, tem a função centralizadora da verificação acerca da filosofia natural nos moldes de axiomas e de postulados leibnizianos à medida que se vincula ao movimento e à extensão como item participante de tais naturezas. Por essa razão, a possibilidade da centralização desse conceito na filosofia de Leibniz proporciona a amplitude de leitura do tempo em que o autor se localiza na modernidade e os debates acerca da filosofia moderna, bem como o embasamento conceitual para a compreensão da filosofia natural própria de Leibniz. Além disso, força possibilita uma investigação pontual sobre o significado de continuidade e a maneira pela qual o problema da coesão corpórea é definida entre as teses da ciência dinâmica e a Monadologia. Considera-se, portanto, que a centralidade do conceito de força e a revisão da continuidade constituam uma reforma no caminho investigativo que explora as bases do questionamento moderno acerca da coesão corpórea e que, em Leibniz, pode ser considerado fundamental para a inadvertida saída do labirinto do contínuo.
A presente dissertação tem por objetivo analisar os sentidos por trás dos roubos de escravizados em Campinas, Jundiaí e Bethlém na segunda metade do século XIX. Esses casos revelam que na maioria das vezes, os roubos contavam com a colaboração do escravo que, insatisfeito com seu senhor, podia se deixar roubar por outro. O furto de escravos, tipificado como crime pelo Art. 269 do Código Criminal de 1830, passou a ser punido com mais rigor com o decreto n.138 de 15 de outubro de 1837. Tal mudança revela como esses casos preocupavam os políticos e autoridades da época, bem como ameaçavam a propriedade escrava. Mostraremos que os ladrões nem sempre eram outros proprietários, mas, sim, trabalhadores livres pobres que convidavam os cativos a fugirem e depois os vendiam para senhores de outras localidades. Desta forma, foi possível perceber que havia limites implícitos entre fugas e roubos e entre negociação e conflito. A partir da leitura de cada processo, apresentaremos três possibilidades de enquadrá-los, que são: fugas para trocar de senhor, atuação de quadrilhas, isto é, quando havia dois indivíduos ou mais, e roubos em meio a disputas familiares. Essa estrutura favorece olhar para os episódios a partir das especificidades e realidade aos quais estavam inseridos, considerando quais interesses estavam envolvidos e ajudando a entender as motivações de todas as partes. Por fim, no último capítulo, aplicamos a ligação nominativa de fontes em dois dos casos, buscando descobrir mais sobre os sujeitos dos processos, e como isso poderia ter implicado em suas ações. As fontes da pesquisa foram sete processos crimes e uma apelação cível, do Centro de Memória da Unicamp (CMU) e do Arquivo Nacional (AN), que foram cruzadas com outras documentações, no caso, imprensa, inventários e processos de tutela.
A presente dissertação almeja investigar a gênese de técnicas de crítica documental - sobretudo textual - no mundo digital. Essas técnicas são utilizadas hoje nas práticas de aprendizado de máquinas e de filogenia digital para análise de documentação histórica. Isto é, há uma série de processos de pesquisa que hoje estão sendo comandados por máquinas, mas que remontam às raízes da erudição histórica. O objetivo, então, é estudar uma perda de valor da história e dos historiadores sobre esses domínios do trabalho que originalmente eram do historiador, uma vez que são as máquinas que os praticam. Então, busca-se unir a teoria historiográfica da erudição com a prática da pesquisa em softwares de filogenia e de inteligência artificial. Por fim, busca-se discutir o ofício do historiador dentro do universo digital com as novas ferramentas tecnológicas.