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DESEMPRETECIMENTO NO HAITI E NO SENEGAL, A QUESTÃO DE BELEZA E STATUS & DÉNÉGRIFICATION DO MUNDO?
Aluno(a): Frantz Rousseau Déus
Programa: Sociologia
Data: 16/04/2024 - 13:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto (Presidente) (Orientador) - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Mario Augusto Medeiros da Silva - IFCH/ UNICAMP
  • Dr. Deivison Mendes Faustino - UNIFESP
  • Dra. Miqueli Michetti - Universidade Federal da Paraíba
Descrição da Defesa:

Estuda-se neste trabalho, o desempretecimento da pele concebido como uma prática estética visando o gerenciamento da tonalidade da pele a fim de corresponder a um padrão estético considerado bonito e valorizado. É uma prática majoritariamente feminina que está presente nas populações negras em diversas regiões do mundo. Ela já foi/é considerada problema de saúde pública em vários países, particularmente alguns países africanos. Por meio de análise de materiais audiovisuais (publicidades, filmes, documentários, vídeos amadores feitos por influenciadoras de redes sociais), em diálogo com uma bibliografia multidisciplinar (sociologia, história, antropologia, dermatologia, farmácia, filosofia) e com base numa abordagem sociológica que articula várias échelle de análise (micro, meso, macro), busca-se entender como as pessoas que recorreram a essa prática justificam o recurso a cosméticos e outras técnicas artesanais para clarear a cor da pele. Desejo de ser bonita, conquistar algum parceiro afetivo são justificativas mais comuns apresentadas pelas praticantes. Tanto nos discursos publicitários para promover essa prática, quanto nas justificativas das praticantes, conquistar um pouco de beleza está no primeiro plano. Essa justificativa expressa um sentimento de inadequação ao padrão estético valorizado, ao mesmo tempo, evidencia como as características fenotípicas das pessoas negras, particularmente a pele, são vistas como feias, o que interfere na sua autoestima. Para além das explicações funcionais dadas pelas pessoas envolvidas, apresenta-se também uma explicação histórico-estrutural, cujo ponto de partida é o processo da racialização do mundo e da négrification dos/as africanos/as levado a cabo para justificar o tráfico negreiro e a escravidão. Ao deslocar africanos/as da categoria humana para animal, sua inferioridade foi pronunciada e defendida filosófica e cientificamente por muitos europeus. Suas características fenotípicas foram inferiorizadas, e, a feiura atribuída à elas era símbolo da inferioridade racial por excelência. Sintomaticamente, a análise da racialização e négrification evidencia como as indústrias cosméticas e de beleza remobiliza um conjunto de preconceitos histórico para lucrar com o corpo negro, oferecendo produtos nocivos e cancerígenos para sua (auto)destruição. Essa última conecta o desempretecimento com um projeto do capitalismo liberal e colonial que visa a dénégrification do mundo – exterminar as pessoas negras da face da terra –. Isso porque na pós-escravidão, as pessoas negras simplesmente não foram/são aceitas como cidadãs capazes de gozar os mesmos direitos e compartilhar os mesmos códigos com o ‘branco’ civilizado. Em suma, a abordagem sócio-histórica realizada neste trabalho evidencia a complexidade desse fenômeno, portanto, desafia qualquer abordagem simplista que culpabilizam de antemão, tanto as pessoas que desempretecem a pele por cosméticos e técnicas artesanais quanto casais negros que recorrem a receitas dietéticas, pílulas etc. para clarear seus fetos na barriga, limitando a possibilidade de eles nascerem com uma pele preta. A reflexão final da tese é sobre o seguinte questionamento: que mundo é esse que exige que as pessoas de pele preta se desempretecem para fazer parte? Esse questionamento alerta que esse trabalho não esgota, de modo algum, a necessidade de novas pesquisas para compreender esse fenômeno em todas as suas dimensões.

NEOCONSERVADORISMO-NEOLIBERAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: uma investigação da representação de família no portal online da Universal do Reino de Deus
Aluno(a): Isabela Vicente Monti
Programa: Sociologia
Data: 22/04/2024 - 14:00
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Sávio Machado Cavalcante (Presidente) (Orientador)
  • Prof. Dr. Michel Nicolau Netto - IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Mariana Magalhães Pinto Côrtes - Universidade Federal de Uberlândia
Descrição da Defesa:

Essa pesquisa objetiva compreender se valores e princípios neoconservadores e neoliberais podem estar sendo articulados, no curso do tempo presente, em outros espaços que não o da política institucional. Para isso, interroga se a representação de família elaborada e difundida por lideranças religiosas da Universal do Reino de Deus é neoconservadora-neoliberal. Para responder a essa pergunta, foi construído um corpus documental composto por 257 postagens publicadas entre os anos de 2017 e 2021 pelo atual líder terreno da Universal, bispo Renato Cardoso. Ao longo do desenvolvimento do trabalho, evidenciaremos a maneira pela qual a representação familiar iurdiana envolve e articula o neoliberalismo e o neoconservadorismo, promovendo continuidades, mas, também, deslocamentos com relação à uma representação convencional de família.

Imigração e Lutas Migrantes: redes e encruzilhadas da mobilização por direitos e contra a xenofobia racializada no Brasil em crise
Aluno(a): Karina Quintanilha Ferreira
Programa: Sociologia
Data: 23/04/2024 - 09:30
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Ricardo Luiz Coltro Antunes (Presidente) (Orientador) - IFCH/UNICAMP
  • Profa. Dra. Vera da Silva Telles - Universidade de São Paulo
  • Profa. Dra. Patrícia Villen Meirelles Alves - Universidade Federal de Uberlândia
  • Profa. Dra. Mariana Shinohara Roncato - Universidade Estadual de Campinas
  • Profa. Dra. Bárbara Geraldo de Castro - IFCH/UNICAMP
Descrição da Defesa:

A partir do referencial analítico das lutas migrantes em diálogo com a sociologia do trabalho, esta pesquisa tem como objetivo analisar experiências de mobilização política de imigrantes e refugiadas/os por direitos e contra a xenofobia racializada no contexto pós-crise econômica mundial de 2008/9, com foco no período da pandemia da Covid-19 (2020-2022). O recorte empírico privilegia as lutas migrantes no Brasil, e mais especificamente na cidade de São Paulo, aonde a pesquisa de campo se desenvolveu na pandemia. Neste período, sob o governo da extrema-direita, verificou-se um agravamento dos efeitos do capitalismo pandêmico, intensificando as desigualdades sociais, o sistemático ataque a direitos e as tendências seletivas nas políticas de controle migratório. Diante desse contexto, indaga-se por quê e como imigrantes e refugiadas/os se organizam para resistir contra a opressão e a exploração em suas interserccionalidades de gênero, raça/etnia, classe, nacionalidade e condição migratória. Além da pesquisa bibliográfica e documental, a abordagem qualitativa é situada por meio de entrevistas com trabalhadoras/es imigrantes periféricos e racializados da Bolívia, do Haiti e da República Democrática do Congo que são reconhecidas/os ativistas no campo das migrações em São Paulo. Essa abordagem foi combinada com pesquisa participativa junto às seguintes redes e movimentos: Associação de Mulheres Imigrantes Luz e Vida (AMILV); Regularização Já; Justiça Por Moïse e, em especial, pela atuação com a rede Vidas Imigrantes Negras Importam, que se desdobrou nas campanhas Somos João Manuel; Liberdade Para Falilatou e Nduduzo Fica. O trabalho está organizado em um mosaico de quatro partes: 1) Imigração e lutas migrantes: um campo epistemológico em deslocamento; 2) Contexto brasileiro (2010-2022): políticas migratórias, trabalho imigrante e a permanente luta por direitos; 3) Lutas migrantes no Brasil pandêmico (2020-2022); 4) Redes e encruzilhadas. A pesquisa evidencia a diversidade e a heterogeneidade dessas lutas no Brasil, revelando questões emergentes e interconectadas sobre a informalidade e a precarização do trabalho, as políticas de indocumentação, a criminalização étnico-racial da migração e, sobretudo, a xenofobia racializada que afeta particularmente imigrantes das diásporas negras e indígenas. No que tange aos movimentos analisados, tratam-se de formas de auto-organização tecidas “a partir das margens” que se constituem por meio de alianças políticas e práticas coletivas como redes, associações, movimentos sociais, sindicatos, coletivos culturais – com crescente protagonismo de mulheres racializadas, trabalhadoras na informalidade, mães e provenientes de países da periferia do capitalismo. Na esteira das conquistas da Lei de Migração (2017), esses movimentos mostram a necessidade de uma permanente mobilização em escala local, nacional e transnacional para reivindicar direitos humanos, cidadania e pertencimento por um “mundo sem fronteiras”. Interpelam, assim, a sociedade e as lutas sociais em seu conjunto, expandindo a agenda política das migrações como potencial de transformação social no atual contexto de crise estrutural e multidimensional – política, econômica, social, ambiental, financeira e sanitária – do capital.

Um navio no espaço: as mudanças sociais, a literatura e o feminino através da literatura marginal de Ana Cristina Cesar
Aluno(a): Thaís Fernanda Rabelo
Programa: Sociologia
Data: 25/04/2024 - 14:30
Local: Sala de Defesa de Teses I
Membros da Banca:
  • Profa. Dra. Élide Rugai Bastos (Presidente) (Orientadora) IFCH/UNICAMP
  • Profa. Dra. Mariana Miggiolaro Chaguri - IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Alexandro Henrique Paixão - FE/ UNICAMP
Descrição da Defesa:

Esta pesquisa buscou encontrar uma outra história possível para as mudanças sociais, a literatura e o “feminino” face aos conflitos da ditadura civil-militar por meio da poética de Ana Cristina Cesar – uma das únicas mulheres escritoras do movimento de literatura marginal dos anos 1970 do Brasil. Concentrada majoritariamente no Rio de Janeiro, a geração que compôs este movimento cultural e que ficou conhecida como geração AI-5 apresentou a politização do cotidiano, o desbunde e o deslocamento da crítica social tanto no comportamento quanto na prática literária, de modo a recusar os meios oficializados de publicação e circulação da literatura brasileira e provocar as fronteiras entre arte e vida. Com uma voz autoral feminina na literatura marginal, Ana Cristina Cesar se apropriou desses elementos para explorar a intimidade, o desejo e a sexualidade durante os anos de chumbo. Nossa hipótese é a de que a poeta figurou uma outra forma de abordar as mudanças sociais da ditadura, ao refletir criticamente sobre a relação entre a linguagem e o real a partir das renovações temáticas e teóricas do seu contexto intelectual. Além da análise dos poemas, por meio da revisão bibliográfica observamos o percurso da escritora diante dos conflitos e disputas presentes nas esferas cultural e política e a forma com que os escritores marginais atuaram nessa realidade.

A Forma Aguda do Infinito Um estudo sobre o Barroco e a Espanha do Siglo de Oro na Filosofia de Espinosa
Aluno(a): Francisco Guerra Ferraz
Programa: Filosofia
Data: 26/04/2024 - 13:00
Local: Sala de Defesas de Teses I
Membros da Banca:
  • Presidente Prof. Dr. Marcio Augusto Damin Custodio IFCH/ UNICAMP
  • Membros Titulares Profa. Dra. Fátima Regina Rodrigues Évora IFCH/ UNICAMP
  • Profa. Dra. Lia Levy Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Prof. Dr. Ivan Domingues Universidade Federal de Minas Gerais
  • Profa. Dra. Simona Langella Universita Degli Studi di Genova
  • Membros Suplentes Prof. Dr. Giorgio Gonçalves Ferreira Universidade do Estado da Bahia
  • Profa. Dra. Monique Hulshof IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Matheus Barreto Pazos de Oliveira Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Comissão de Programa de Pós-Graduação em Filosofia Este
Descrição da Defesa:

Partindo das categorias de época e estilo, esse estudo recupera as formulações de Carl Gebhardt, segundo as quais a filosofia de Espinosa seria uma genuína expressão do Barroco. Procurando
avaliar a pertinência dessa hipótese, mostramos que o infinito, desde a obra de Heinrich Wölfflin, Renaissance und Barock (1888), é identificado com o Barroco por meio do sentimento do sublime provocado pela fruição da monumentalidade dos espaços arquitetônicos. Espinosa é o filósofo que elabora uma metafísica geométrica que reflete o infinito progresso da natureza a partir de uma substância absolutamente infinita, que se expressa por atributos infinitos em seu gênero, da qual se seguem efeitos infinitos em número infinito de modos. É o filósofo que enxerga o infinito em seus diversos ângulos e que extrai dele a origem da mente, sua natureza e salvação mediante o aumento de sua perfeição, entendida como a expansão de sua parte eterna e imperecível. O meio hispano-português de Amsterdã onde Espinosa nasceu vivia a experiência de redescobrir o judaísmo mas simultaneamente reafirmava suas origens portuguesa e espanhola refletida em sua vertiginosa produção literária barroca e nas inúmeras traduções, para o espanhol, de obras da filosofia judaica medieval, como o Guia dos Perplexos de Maimônides. A elite sefardita, ao mesmo tempo que inventava seu judaísmo próprio, reproduzia a formação barroca da Ratio Studiorum da Companhia de Jesus que recebera nas escolas e universidades católicas da península ibérica e que valorizava ao máximo o conhecimento das letras, da gramática e das línguas. E na medida em que afirma a tradição medieval árabo-judaica ao retomar o infinito atual de Hasdai Crescas inserindo-o no princípio de sua doutrina, Espinosa afirma o elemento cultural apontado por estudiosos como o fator nevrálgico capaz de modificar o Renascimento vindo da península itálica e dar forma ao Barroco na Espanha. Além do mais, o filósofo possuía em sua biblioteca o suprassumo do Barroco literário produzido na Espanha do Siglo de Oro de onde procuramos vestígios materiais e conceituais de algumas dessas obras em sua filosofia. Aplicando as considerações de Agudeza y Arte de Ingenio de Baltasar Gracián à formulações de Espinosa, procuramos detectar procedimentos conceituais e retóricos próprios do Siglo de Oro, como o uso dos oxímoros. Argumentamos que a própria ideia de uma filosofia cujo modelo é dado por uma metafísica da imanência e pela geometria genética são expressões da agudeza cujo emblema é a produção de uma teoria da verdade nos moldes do contínuo, que recusa qualquer positividade discreta à “forma do erro”, expressando assim uma perspectiva inclusiva e cosmopolita conforme à grande expansão da experiência e da racionalidade da época barroca, que parece anular as dicotomias estanques e dar à noção de “processo” o centro de gravidade do pensamento. Procuramos mostrar também que a ideia de uma Religio Philosophica em Espinosa é um caso emblemático do contradiscurso quando compreendido, não como resíduo do judaísmo, mas como expressão da agudeza que lê trechos das escrituras e disputa seu sentido atribuindo a determinadas passagens e personagens, conteúdos da sua doutrina filosófica. O que revela também uma impossibilidade de separação absoluta entre filosofia e teologia, uma vez que, pela apresentação de um método histórico crítico, pela existência da elocução religiosa constitutiva do discurso racional e a simultânea valorização do livre exame crítico da Escritura, o filósofo subverte a noção de “intérprete autorizado”, deslocando o lugar da teologia e do teólogo. Por fim, procuramos destacar os “pontos de contato” ou “pontos de excitação”, (como na expressão da língua alemã Anregungspunkt) entre Espinosa e alguns autores de sua biblioteca. Valorizamos assim as origens e inclinações do filósofo como expressões do barroco (e não de um iluminismo avant la lettre como hoje parece difundido) e de seu pertencimento, mesmo que problemático, ao acervo cultural ibérico. Palavras-chave: Gebhardt, Barroco, Estilo, Época, Infinito, Espanha, Biblioteca, Siglo de Oro, Geometría, Cosmopolitismo, Retórica, Contradiscurso, Agudeza, Teologia, Religião.