Próximas Defesas

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“Quanto sexo é o suficiente?”: coprodução de conhecimento, discursos médico-científicos e controvérsias acerca da compulsão sexual
Aluno(a): Sarah Rossetti Machado
Programa: Ciências Sociais
Data: 31/10/2024 - 14:00
Local: Sala de Teses
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Marko Synesio Alves Monteiro ( Presidente )
  • Profa. Dra. Daniela Tonelli Manica (Unicamp)
  • Profa. Dra. Jane Araujo Russo ( Universidade do Estado do Rio de Janeiro )
  • Profa. Dra. Erica Renata de Souza ( Universidade Federal de Minas Gerais )
  • Profa. Dra. Fabiola Rohden ( Universidade Federal do Rio Grande do Sul )
Descrição da Defesa:

A presente tese de doutorado tem como ponto de partida as indagações acerca da patologização/despatologização de sexualidades ditas desviantes. Tomamos como objeto empírico as controvérsias envolvidas na produção de conhecimento médico-científico e psi no Brasil em torno do diagnóstico da “compulsão sexual”. Nesse sentido, insere-se nos Estudos sobre Gênero e Sexualidade, na interface com a Antropologia da Ciência. Analisa a emergência das categorias relacionadas à noção de compulsão sexual e suas relações com os campos da biomedicina, da ciência e da sociedade. Focaliza as trajetórias, as controvérsias e disputas de sentidos em relação a tais categorias no campo nacional, inclusive a partir dos debates em âmbito internacional em torno da inclusão/exclusão dos diagnósticos Hypersexual Disorder/Compulsive Sexual Behaviour Disorder nos/dos manuais diagnósticos como o DSM e a CID. Analisa também a maneira pela qual convenções acerca de gênero e de sexualidade emergem dos discursos biomédicos e jurídicos sobre o tema, bem como as controvérsias em torno da compulsão sexual envolvendo o HIV/AIDS, práticas homossexuais e bissexuais e as noções de risco e vulnerabilidade. A metodologia usada lança mão de técnicas qualitativas, integrando: 1) o mapeamento das redes e dos atores envolvidos nas controvérsias; 2) a realização de etnografia em espaços de produção e divulgação do conhecimento científico sobre o tema, como instituições e eventos do campo; 3) a análise documental da produção médicocientífica e psi, nacional e internacional acerca do diagnóstico, especialmente das últimas três décadas; 4) observação online. A tese apresenta seis capítulos que analisam o tema, sendo o primeiro deles focado na apresentação e análise das controvérsias envolvidas na construção de diagnósticos relacionados aos “excessos sexuais” nos manuais diagnósticos. A partir de análise documental da produção internacional sobre o tema, do mapeamento dos atores/redes, de observação online e análise dos manuais, como o DSM e a CID, busco realizar uma historicização das categorias diagnósticas apresentadas, relacionando-as ao contexto mais amplo da produção médico-científica sobre a sexualidade. O segundo capítulo busca dar conta da construção de um campo de produção médico-científica e psi sobre a compulsão sexual no Brasil, a partir da análise da produção científica nacional advinda majoritariamente dos campos da sexologia e da medicina sexual, mas também do campo psicanalítico. O terceiro capítulo traz análises resultantes da observação etnográfica de eventos científicos nacionais, como congressos e seminários, que congregaram atores sociais do campo. Analisa os discursos dos profissionais no que diz respeito às dificuldades encontradas no contexto clínico para o diagnóstico e para a própria demarcação da compulsão sexual, bem como discute as relações entre pesquisa científica e prática clínica. O quarto capítulo apresenta resultados da etnografia realizada entre o final de 2018 e o início de 2020 em um ambulatório brasileiro que trabalha com o tema da compulsão sexual. Apresenta a entrada em campo, as dificuldades de acesso e questões éticas envolvidas, bem como discute algumas das dinâmicas e relações presentes no ambulatório, em termos de composição da equipe, relações profissionais, produção científica e diálogo com o público leigo. O quinto capítulo discute alguns temas, conceitos e práticas que estão ligados ao diagnóstico da compulsão no campo e que informam a maneira como ele é pensado no contexto do ambulatório pesquisado, onde diferentes convenções sociais de gênero, sexualidade, natureza e cultura emergem dos discursos e informam as práticas dos profissionais. Também reflete acerca da relação entre a padronização dos diagnósticos relativos à compulsão sexual em manuais diagnósticos, como o DSM e a CID, e a maneira como tais diagnósticos operam na prática clínica e nas pesquisas realizadas no campo, sendo possível observar a existência de diferentes ontologias relacionadas ao transtorno. Por fim, o sexto capítulo traz as considerações finais acerca da tese. 

Hegel e a representação política corporativa: uma alternativa ao princípio liberal do atomismo. (1817-1831)
Aluno(a): Verrah Chamma
Programa: Filosofia
Data: 07/11/2024 - 14:00
Local: Sala da Congregação
Membros da Banca:
  • Presidente Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Junior Universidade Estadual de Campinas
  • Membros Titulares Dr. Emmanuel Zenryo Chaves Nakamura Freie Universitat Berlin
  • Prof. Dr. Erick Calheiros de Lima Universidade de Brasília
  • Prof. Dr. Fábio Mascarenhas Nolasco Universidade de Brasilia
  • Prof. Dr. Marcos Severino Nobre IFCH/ UNICAMP
  • Membros Suplentes Prof. Dr. Ricardo Crissiuma Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
  • Prof. Dr. Rafael Rodrigues Garcia IFCH/ UNICAMP
  • Prof. Dr. Luiz Fernando Barrére Martin Universidade Federal do ABC - Campus São Bernardo
Descrição da Defesa:

O estudo pretende apresentar a concepção hegeliana de representação política, a representação corporativa, em contraposição e como alternativa à concepção liberal que surge efetivamente com a Revolução Francesa. Hegel é o primeiro pensador a sistematizar a representação política de tipo corporativa, muito embora ela já estivesse, de alguma forma, entranhada nas estruturas sociais e políticas da Alemanha de sua época e fosse acolhida pelos reformadores liberais como Hardenberg e Stein. A concepção hegeliana de corporação, como um princípio de organização econômica e social, em parte pensada normativamente, em parte descritiva de uma realidade em vias de desaparecimento, é central para construir uma alternativa à representação política baseada na tese liberal de que cada indivíduo vota, enquanto indivíduo, em um candidato qualquer.

SOBRE O ASCETISMO NA FILOSOFIA DE SCHOPENHAUER
Aluno(a): Marcelo Guedes Cavasin
Programa: Filosofia
Data: 11/11/2024 - 10:00
Local: Sala de Defesas de Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Oswaldo Giacoia Junior (Presidente) (Orientador) Instituição de Origem: IFCH/ UNICAMP
  • Dr. Felipe dos Santos Durante Instituição de Origem: Universidade Federal do Espirito Santo /Vitória
  • Dr. Guilherme Marconi Germer Instituição de Origem: Pesquisador Independente /Campinas
  • Prof. Dr. Daniel Omar Perez Instituição de Origem: IFCH/ UNICAMP
  • Dr. Eli Vagner Francisco Rodrigues Instituição de Origem: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho /São Paulo
Descrição da Defesa:

A presente dissertação examina o que o filósofo Arthur Schopenhauer denominou ascese e como essa noção se desenvolveu no decorrer de suas obras. Fundamentado sobre a noção de que a coisa-em-si de Kant é uma Vontade cega, e cuja existência é o cerne de todo o sofrimento do mundo, uma necessidade soteriológica emerge. O caminho para que o erro da existência possa ser corrigido e para que o sofrimento deixe de existir constitui o aspecto seminal da teoria ascética do filósofo de Frankfurt. Partindo, portanto, da perspectiva pessimista, analisa-se como a morte e o suicídio são inseridos no âmbito fenomênico, cuja ilusão pode ser superada pelo desvelamento da essência do mundo. Desvelamento esse, que em mais alto grau, propicia o fenômeno ascético exemplificado pela vida dos santos. Restando para aqueles que não alcançaram a salvação pelo mero conhecimento da essência do mundo, oriundo da contemplação, converterem-se por meio da experiência do sofrimento, a qual o pensador considera como a segunda via da ascese. Por fim, investiga-se como é possível que a vontade se converta através daquilo que foi denominado como “efeito da graça”, realizando a hermenêutica do conceito de graça em seu aspecto histórico e semântico. Dessa maneira, por meio da exegese criteriosa e apoiada pela contribuição de diversos autores, conclui-se que o pensamento sistemático do filósofo é de grande complexidade e que este encontra na ascese a única via possível de redenção e fim do sofrimento.

PSEUDODEMOCRACIA NO ESTADO DE DIREITO
Aluno(a): Jorge Leandro Short Fontes
Programa: Filosofia
Data: 11/11/2024 - 14:00
Local: Sala de Defesas de Teses I
Membros da Banca:
  • Presidente Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Junior Universidade Estadual de Campinas
  • Membros Titulares Dr. Douglas Ferreira Barros Pontifícia Universidade Católica de Campinas
  • Dr. Caio Henrique Lopes Ramiro UNIFEITEP
  • Membros Suplentes Prof. Dr. Daniel Omar Perez IFCH/ UNICAMP
  • Dr. Glauco Barsalini Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Descrição da Defesa:

Agamben caracteriza o estado moderno como lugar de ‘gestação’ da biopolítica, ou melhor, de seu ‘parto’. Os direitos e garantias fundamentais do cidadão, o livre-arbítrio e a adesão a um contrato social são o verniz que torna opaco a real base de constituição do Estado Moderno: a vida nua. A estrutura política originária é a decisão soberana sobre a exceção, posto que enceta em seus termos o princípio de localização de toda ordem jurídica, a partir da qual é possível vincular o conjunto normativo a um território e onde o horizonte de atuação política das formações estatais modernas ganha sentido a partir daquilo que é incluído ou excluído do ordenamento. O ordenamento do espaço não é apenas a tomada da terra e a fixação de uma ordem jurídica sobre um território, mas, essencialmente, a constituição da exceção. O estado de exceção, com base nesse pressuposto, é um instrumento de atuação do projeto biopolítico caracterizado pela barbárie, matabilidade, é o que resta quando se rompe o véu da constituição e de uma vida organizada pelo respeito inconteste aos direitos e garantias fundamentais com sede na constituição à cargo dos representantes do povo nos estados de direito. Com base nesse pressuposto, busca-se desvelar como, a um só tempo, realidades opostas parecem coexistir em um mesmo espaço e tempo, notadamente em sistemas políticos tão distintos: democrático e totalitarismo. Para tanto, busca-se, igualmente, compreender o que faz a vida ingressar nos mecanismos e cálculos expressos do biopoder.

 

 

"Pase nomás, mamita": Uma etnografia sobre a economia popular aymaras das caseras alteñas
Aluno(a): Chryslen Mayra Barbosa Gonçalves
Programa: Antropologia Social
Data: 19/11/2024 - 13:00
Local: Teses I
Membros da Banca:
  • Profa. Dra. Artionka Manuela Góes Capiberibe - Presidente
  • Prof. Dr. Antonio Roberto Guerreiro Junior - Titular
  • Prof. Dr. Salvador Andres Schavelzon - Titular
  • Profa. Dra. Gemma Orobitg - Titular
  • Profa. Dra. Marisol de La Cadena - Titular
  • Prof. Dr. Marco Alejandro Tobón Ocampo - Suplente
  • Profa. Dra. Karen Gomes Shiratori - Suplente
  • Prof. Dr. Cauê Gomes Flor - Suplente
Descrição da Defesa:

As experiências de deslocamento que constituíram a cidade de El Alto (Bolívia) a partir das comunidades indígenas demonstram uma inter-relação atual entre urbanidade e comunidades de origem. Esses vínculos são mantidos por famílias aymaras das terras altas que se deslocam entre o campo e a cidade por diversos motivos: vínculos festivos, relações políticas, produção da terra e diversas relacionalidades com o território comunitário. As principais protagonistas destes deslocamentos são as mulheres aymaras. As aymaras tiveram um papel decisivo na formação da urbanidade de El Alto e, portanto, nas suas relações econômicas. El Alto é a cidade boliviana com maior índice de informalidade na Bolívia. É também uma cidade majoritariamente indígena, mas o sentido de “informalidade” não explica as diversas mutualidades presentes nos mercados, feiras, calçadas e postos de venda alteños. Com mais de 400 feiras semanais, a população de El Alto não depende dos monopólios dos supermercados para a sua alimentação diária; seus vínculos de compra e venda respeitam relações de compromisso com as pequenas vendedoras, vínculos que são caracterizados nesta tese como caseridad e as pessoas na relação como caseras. A etnografia presente nesta tese de doutorado foi realizada entre os anos de 2018 e 2024 com vendedoras e compradoras de alimentos da zona sul de El Alto (distrito 3 da cidade). Com base em relações intensas e cotidianas – a partir das quais passei a fazer parte de uma família aymara, me tornei casera vendedora de churros e casera compradora– pude construir laços de caseridad com diferentes vendedoras e compradoras, compreendendo o seu saber fazer na economia: laços afetivos, reclamações, cariño (que também se apresenta como iraqa e yapa), redes de cuidado (unjaña), memória e voltar, elementos presentes na visualidade que possibilita a caseridad. Esses laços me mostraram que as fronteiras impostas pelo sentido de humanidade não são uma realidade nos Andes bolivianos, há uma diversidade de sujeitas na economia da caseridad que estão além desses limites: as outras-que-humanas, a Pachamama, os mortos; além disso, a experiência onírica desempenha um papel importante nestas relações de venda, assumindo um estatuto ontológico e coletivo. Essas economias afetivas da caseridad alteña enriquecem nossas análises sobre as economias populares da América Latina, ampliando nossa visão sobre as transações econômicas e seus sujeitos, economias que não são apenas espaços de produção, circulação e consumo de produtos, mas se mostram como uma rede de mutualidades.