Próximas Defesas
- Aldair Carlos Rodrigues - Orientador (UNICAMP)
- Rodrigo Camargo de Godoi (UNICAMP)
- Gisele Pôrto Sanglard (FIOCRUZ)
A Santa Casa de Misericórdia de Campinas foi capaz de envolver diferentes setores sociais em seu entorno. Esse vínculo com a população campineira se moldou a partir de diferentes funções que a instituição exerceu na sociedade, definidas, neste trabalho, pelo seu papel nos setores na assistência, na beneficência, na saúde pública, na religião e na sociabilidade. Essas funções permitiram que a instituição pudesse adquirir credibilidade em diferentes estratos sociais, motivando que diversos indivíduos se envolvessem com doações pecuniárias e/ou oferecessem serviços ou materiais à Misericórdia ou, ainda, participando de sua administração. O interesse nesta dissertação é compreender como esses papéis exercidos permitiram que ela conseguisse agregar uma base social diversificada, de modo que motivasse a participação desses grupos, além de vermos o alcance que a instituição possuía e sua representatividade, incluindo os significados que as doações e a própria Santa Casa tiveram na sociedade. Por um lado, veremos como a instituição se inseriu dentro de um projeto das camadas abastadas como uma forma de manutenção de poder e de seus privilégios sociais e econômicos. Do outro, por causa da heterogeneidade de sua base social, veremos a instituição como multifacetada, com significados distintos conforme os interesses de cada grupo social.
- Mateus Batistella – Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (Titular)
- Roberto Pereira Guimarães - Organização das Nações Unidas - ONU (Titular)
- Annah Lake Zhu – Wageningen University & Research (Titular)
- Ramon Felipe Bicudo da Silva – Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (Titular)
- Fabiana Barbi Seleguim - Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (Suplente)
- Mariana Hase Ueta - Pesquisador sem vínculo (Suplente)
- Juliet Lu - University of British Columbia (Suplente)
As mudanças ambientais globais resultantes das atividades humanas afetam de forma desigual as sociedades do Norte e do Sul Global, o que torna necessário analisar oportunidades e ameaças de estratégias de adaptação em conformidade. As rápidas mudanças econômicas e culturais que a China, o país mais populoso do mundo, sofreu no século XX, levaram a muitos problemas ambientais aos quais sua liderança política respondeu em 2007 adaptando a "Construção de uma Civilização Ecológica" como uma visão utópica a ser alcançada até 2049. Desde que o presidente Xi Jinping tomou posse em 2013, a estrutura política também tem guiado a abordagem do país na integração do desenvolvimento urbano e da gestão ecológica, em uma nova etapa de implementação de políticas ambientais prioritárias avançadas e, desde 2017, sua internacionalização na governança ambiental global. As compensações ecológicas estão entre essas ferramentas de mitigação de riscos e financiamento climático que oferecem uma abordagem inovadora para a integração da conservação e modernização, particularmente nas cidades chinesas em rápido crescimento. Nesta tese, defendo que a Eco-Civilização da China oferece um paralelo (não ocidental) com o conceito de metamorfose de Beck, pois a lógica de interação social é fundamentalmente alterada diante dos riscos ambientais globais. Explorando a compensação ecológica e o comércio internacional de uma perspectiva multinível, esta tese fornece algumas evidências para a metamorfose sob a Eco Civilização. Desafiando algumas das concepções ocidentais dominantes sobre a conservação da natureza, a abordagem da China defendeu internamente um forte papel de coordenação com o estado central para construir esta utopia ecológica de harmonia entre o homem e a natureza. Em uma exploração empírica da ciência, notícias e documentos políticos chineses, o conflito entre os diferentes usos da terra é destacado no estudo de caso local da cidade de Chongqing, no sudoeste do país. Seguindo as suposições teóricas de Beck, isto é seguido por uma análise das estruturas de governança ambiental da China e uma discussão sobre os papéis das cidades como atores políticos no processo de metamorfose em Chongqing. As consequências além das fronteiras da China são discutidas nos capítulos cinco e seis, sugerindo que a Eco-Civilização representa uma excelente base para a implementação de eco-compensações na cooperação Sul-Sul entre países biodiversificados. Concluímos destacando algumas das contribuições teóricas que uma abordagem mais pluralizada da ascensão ambiental da China poderia trazer à sociologia ambiental e às políticas ambientais no Brasil.
- Presidente Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Junior Universidade Estadual de Campinas
- Membros Titulares Prof. Dr. Ernani Pinheiro Chaves Universidade Federal do Pará
- Prof. Dr. Henry Martin Burnett Junior Universidade Federal de São Paulo - Campus Guarulhos
- Prof. Dr. João Constâncio Universidade Nova de Lisboa.
- Prof. Dr. Clademir Luís Araldi Universidade Federal de Pelotas
- Membros Suplentes Dr. Antonio Edmilson Paschoal Universidade Federal do Paraná
- Dr. Yolanda Glória Gamboa Munõz Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
- Prof. Dr. Marcos Antonio Siscar IEL/ UNICAMP
O problema da décadence foi, como afirma Nietzsche em O caso Wagner, aquele de que mais se ocupou durante sua vida filosófica. Constata-se que o termo “décadence” é discutido por Nietzsche sob o horizonte de outros temas fundamentais de sua filosofia, como a Wille zur Macht [Vontade de Poder] e a Umwerthung aller Werte [Transvaloração dos Valores]; mas é somente a partir de 1883 que o filósofo desenvolverá, em referência direta ao crítico literário Paul Bourget e determinados escritores franceses, uma definição mais precisa do termo “décadence”, transformando-o em conceito-chave para a constelação de textos escritos entre 1887 – 1888. Nos livros, anotações pessoais [Nachlass] e no material epistolar de Nietzsche, é possível investigar suas considerações sobre a décadence enquanto potente diagnóstico da modernidade e do moderno, identificando em que extensão e medida se deu seu diálogo com a literatura francesa. Os poetas, romancistas e críticos de arte franceses fornecem a Nietzsche um instrumento de leitura privilegiado para diagnóstico que o filósofo empreende da décadence sobretudo entre 1887 – 1888, momento em que lê pela primeira vez os Diários de Baudelaire e dos irmãos Goncourt. A partir de então, o conceito de “niilismo” [Nihilismus] sofre uma inflexão no conceito de “décadence”. Sob essa perspectiva, pode-se constatar que a décadence constitui o núcleo do pensamento tardio de Nietzsche, compondo a trama não somente de seus escritos sobre estética, mas também sobre os mais diversos aspectos da modernidade. A presente tese ocupou-se do conceito de décadence na filosofia tardia de Nietzsche, mostrando em que medida o filósofo ao mesmo tempo se apropria e torce as leituras que faz de Bourget, Baudelaire e dos irmãos Goncourt, flexionando a ideia de décadence proveniente de determinada literatura francesa, para o interesse central de sua filosofia tardia: a transvaloração dos valores.
- Pedro Paulo Abreu Funari - Orientador (UNICAMP)
- Claudio Umpierre Carlan (UNIFAL)
- Filipe Noé da Silva (UDESC)
- Juan Manuel Bermúdez Lorenzo (Universidad Rey Juan Carlos)
- Renata Senna Garraffoni (UFPR)
Precisamos apresentar os resultados de nossa pesquisa de doutorado, cujo tema é o garum romano. Nosso objetivo primordial é escrever sobre as últimas novidades acerca da trajetória histórica do garum no Ocidente romano e oferecer um estudo de cunho multidisciplinar capaz de dar nexo à imensa quantidade de dados gerados sobre esse tema nas últimas décadas, buscando mudar a persistente noção de que o consumo do garum estaria reservado às elites, apresentando evidências literárias e arqueológicas que comprovam que o produto foi um fenômeno tecnológico e comercial multifacetado, uma fonte de proteína de baixo custo para o povo romano, empacotada e despachada a longa distância mediante ânforas, sob o bojo de um processo histórico cujos desdobramentos podem ser percebidos sob um continuum até os dias atuais. Este será o pano de fundo para contestarmos as teorias minimalistas de Finley sobre a economia antiga.
- Presidente Prof. Dr. Enéias Junior Forlin IFCH/ UNICAMP
- Membros Titulares Dr. João Geraldo Martins da Cunha Universidade Federal de Lavras
- Prof. Dr. Marcio Augusto Damin Custodio IFCH/ UNICAMP
- Membros Suplentes Profa. Dra. Fátima Regina Rodrigues Évora IFCH/ UNICAMP
- Dr. Cristiano Novaes de Rezende Universidade Federal de Goiás
No presente texto buscamos apresentar a hipótese da moral provisória, encontrada na terceira parte da obra Discurso do método, de René Descartes, ser um recurso extra filosófico segundo o pensamento do autor. Para isso, dividiremos nosso escrito em três partes: a primeira se voltará a debater a respeito da incongruência existente na relação entre a moral provisória e o texto do Discurso, bem como da impossibilidade de ser derivada do método; a segunda será sobre a fundamentação cética da moral provisória e de como em nada interfere no desenvolvimento ou na extensão do ceticismo de Descartes, com ênfase naquele que é desenvolvido na quarta parte do Discurso; por fim, em nosso terceiro capítulo buscaremos demonstrar como a moral provisória apenas pode ser bem compreendida a partir da hipótese de haver uma influência direta entre os acontecimentos do século XVII e o contexto sob o qual Descartes se encontra no período de desenvolvimento de sua filosofia e publicação de suas obras. Assim, poderemos então apresentar uma chave de leitura que visa desenvolver soluções interpretativas aos problemas que aparecem a partir do surgimento da moral provisória no texto do Discurso do método e de sua incompatibilidade com a obra publicada em 1637, bem como de toda a filosofia de Descartes.