John M. Monteiro

"John Manuel Monteiro Nasceu, em 1956, nos Estados Unidos. Era americano. Portanto tinha, inapelavelmente, que se chamar William ou John. Ficou John. Mas por ser filho de português, seu destino era ser registrado como Manuel ou Joaquim. Acabou herdando o Manuel do pai. E foi com esse nome composto - John Manuel - que veio de mala, cuia e Machado para o Brasil, onde criou raízes, filhos, livros e deixou marcas."1

"A história era seu ofício"2, "era especialista em história indígena, com vasta experiência em pesquisa documental nas Américas, Europa e Índia"3. "A sua erudição - por vezes surpreendente -, a sua capacidade de olhar para além dos limites disciplinares, o seu modo franco e transparente de se posicionar politicamente, assim como a sua capacidade de circular pelos mais diversos grupos – acadêmicos ou não – foram definindo para mim um modelo desejável de intelectual"4. "Seu modo de amar a história era seu modo de amar o mundo... ao nos ensinar ele partilhou este amor e o plantou dentro de cada com seu brilho..."

"Além da competência intelectual reconhecida, era um amigo solidário e tinha o bom senso e a polidez como algumas de suas virtudes"6. "A primeira vez que me vi como seu aluno foi logo quando entrei no curso de Sociais da Unicamp"7. "Comecei a caminhar com o John, aprendi das suas aulas, das suas conversas, de cada momento de troca, também dos seus silêncios, do seu sorriso, do seu jeito particular de cuidar e de se preocupar pela gente"8. "Com ele aprendi que devo defender aquilo em que acredito com elegância, serenidade e justiça. Ele era um exemplo único desses três adjetivos dentre tantos adjetivos que são impossíveis nomear agora"9. "De várias formas ele participou de minha trajetória, e ficará em minha memória, como na de outros muitos"10.

"Perda acadêmica e para nosso instituto, sem dúvidas irreparável, sua partida precoce parte meu coração"11. "Com ele conheci autores, livros e tribos. Perdi a conta das vezes em que conversas informais se tornaram surpreendentes indicações de livros, que sempre se tornavam os preferidos da estante. Também não lembro quantas foram as tentativas de imitar sua disciplina e começar os meus diários, coisa que nunca consegui"12. "Era sua capacidade de trabalhar por horas a fio, em questões muitas vezes meramente burocráticas, sem perder o espírito gentil e agradável que era sua marca distintiva"13.

"Apesar do vazio que sua ausência provoca, faremos o possível para honrar a memória de John"14. "A melhor homenagem é continuarmos! Devemos continuar sua história, continuar acreditando que é possível escrever histórias daqueles que não tinham história"15, "fazendo germinar as sementes por ele plantadas em cada canto desse país"16; "que cada uma de suas sementes possa se transformar em belos frutos, flores e folhas, todos com a mesma raiz de igualdade, liberdade e conhecimento"17.

"À sua esposa Helena e os filhos Álvaro e Thomas, e demais familiares, estendemos o nosso conforto e afeto. John será sempre lembrado por nós."18

"'Elee Niotagodi! Nati Nigoitijo Gonigaxinaganaga!' (Muito obrigado! Até um dia nosso mestre!)."19

(Texto construído a partir de recortes dos relatos e memórias de seus familiares, amigos, linhagem, instituições...)

Transversalidades entre a História e a Antropologia Social

 

1 José Ribamar Bessa Freire - UERJ 11 Jana Gomes
Roberta Tojal 12 Giovana Lopes Feijão
3 CEBRAP 13 Renzo Taddei
4 José Maurício Paiva Andion Arruti                 14 Luisa Tombini Wittmann
Roberta Tojal 15 João Paulo Peixoto Costa
6 ABA 16 Luisa Tombini Wittmann
Chris Tambascia 17 Thomas Monteiro
8 Patricia Lora 18 Deparamento de Antropologia IFCH/Unicamp
Larissa Nadai 19 Giovani José da Silva - UFMS
10 Verena Sevá Nogueira