
27ª Semana de Filosofia debate rumos da disciplina no Brasil
Entre os dias 25 e 29 de agosto, o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp recebeu a 27ª edição da tradicional Semana de Filosofia, promovida pelo Centro Acadêmico de Filosofia (CAFil) com apoio da Coordenadoria de Eventos do instituto. Com o tema Para onde vai a filosofia no Brasil?, o evento reuniu um público expressivo: foram 260 participantes presenciais e 2.346 visualizações nas transmissões pelo YouTube, totalizando 2.696 pessoas envolvidas entre público e organização.
Ao longo de cinco dias, a programação contou com 19 mesas — entre mesas principais, mesas de comunicações, mesas temáticas diversas e um minicurso — e mobilizou 16 organizadores, 36 comunicadores, sete mediadores, dois pareceristas e 29 convidados. Boa parte das atividades foi transmitida ao vivo e segue disponível no canal do IFCH no YouTube.
A Semana abrangeu uma ampla variedade de áreas da filosofia, como Filosofia Antiga, Moderna, Contemporânea, Ética, Metafísica, Filosofia Política, Teoria Crítica, Estética, Filosofia da Biologia, Filosofia de Gênero, Filosofia Brasileira e Filosofias Africanas e Afro-diaspóricas, além de discussões sobre Direito, ensino, extensão universitária e permanência estudantil.
Entre os destaques, esteve debates em torno do tema central da Semana, além de mesas sobre Educação e Ensino de Filosofia, Humanidades e o novo Ensino Médio e sobre a ABEFIL (Associação Brasileira de Ensino de Filosofia), além da apresentação do resultado da pesquisa anual da Frente de Bolsistas BAS, que abordou as condições de vida dos bolsistas da graduação em Filosofia em 2024. Outras mesas realizadas foram sobre os trabalhos do GEFAA (Grupo de Estudos de Filosofias Africanas e Afrodiaspóricas), que debateu epistemologias do sul e a descolonização do pensamento, além do debate Os avanços da extrema direita sobre o debate público: 1964 e 2025, que analisou mudanças no cenário político brasileiro com a presença de Marcos Nobre (Unicamp e Cebrap) e Léo Péricles (UP). A programação contou ainda com debates como extensão universitária e sobre a criação do curso de direito na Unicamp, com a presença de Luis Renato Vedovat .
A programação também prestou uma homenagem ao professor Márcio Augusto Damin Custódio, falecido em 6 de maio de 2025, reconhecido por sua atuação pioneira nos estudos sobre a filósofa inglesa Margaret Cavendish no Brasil. A mesa contou com a presença de Jessica Kellen Rodrigues (IFCH) e Sueli Sampaio Damin Custódio (ITA), destacando o legado acadêmico do professor e seu papel na formação de gerações de estudantes de filosofia.
O presidente do CAFil, Guilherme Bonfim, destacou o caráter desafiador da organização e a importância do evento para o corpo discente:
A pergunta que colocamos como mote da 27ª Semana de Filosofia com certeza pode ser pensada em vários sentidos. Pode-se pensar na filosofia como disciplina acadêmica e, nesse caso, a pergunta refletiria uma preocupação com a permanência da filosofia na universidade diante da conjuntura atual. Também é preciso considerar o mercado de trabalho para o profissional em filosofia e, em geral, para o profissional das humanidades, que está cada vez mais reduzido. (...) Organizar a Semana de Filosofia foi um enorme desafio. O planejamento começou em dezembro do ano passado. Era um dever para nós recuperar o interesse do corpo discente pela Semana. Estamos muito felizes pelos números e pela diversidade das discussões que vimos por aqui.
Ele também ressaltou o apoio recebido pelo Centro Acadêmico e organizadores:
Temos que agradecer à Comissão Organizadora, formada quase exclusivamente por bolsistas BAS, ao pessoal da Secretaria de Eventos, do audiovisual do IFCH, ao DCE, à Secretaria de Graduação do IFCH, à PRG e à Coordenação de Extensão pelo apoio financeiro. Não conseguiríamos também sem o apoio do corpo docente e discente da filosofia e dos convidados que contribuíram de maneira decisiva para o sucesso do evento.
Para Lucas Matos de Melo, diretor de imprensa do CAFil, a coesão da comissão organizadora foi determinante para o êxito da Semana:
Foi muito especial poder fazer a Semana de Filosofia, um evento muito tradicional e que merece ser feito com toda a atenção e carinho. Acho que o principal fator que fez essa edição diferente foi a coesão entre os organizadores. Isso possibilitou que fizéssemos um evento com personalidade, com uma unidade. Conseguimos trazer mesas da máxima urgência, como a da Palestina, bem como um dia inteiro voltado à educação e ao ensino de filosofia. O minicurso do Raphael Concli foi um espaço ótimo onde houve reflexão sobre a nossa profissão e as possibilidades ‘menos ortodoxas’ de trabalho com filosofia — até respondendo à pergunta ‘para onde vai a filosofia no Brasil?