Campinas, 10 de abril de 2025
À comunidade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp
Nós, ex-diretores do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade de Campinas (Unicamp), já aposentados, mas ativos na labuta da produção de conhecimento, temos acompanhado com consternação e revolta as agressões perpetradas por grupos de tipo fascista contra o IFCH no campus da nossa universidade. Gravam vídeos de espaços do nosso Instituto e de membros da comunidade acadêmica sem a devida autorização, abordam estudantes de forma provocativa e os agridem. Depredam os muros dos nossos prédios, se voltando especialmente contra as manifestações políticas e culturais dos movimentos negros e de minorias, indicando, por meio da ação violenta, sua índole autoritária e seu inconformismo com a política democrática de ação afirmativa. Assim agindo, provocam tumulto, interrompem aulas e prejudicam o trabalho dos docentes e demais funcionários.
O objetivo desses pequenos bandos é intimidar os estudantes, os docentes e o pessoal técnico e administrativo de uma unidade da Unicamp que, como as suas coirmãs de outras áreas do saber, dedica-se à produção de conhecimento, à formação científica e profissional dos seus discentes e preza os valores humanistas. O conhecimento e o humanismo são odiados pelas mentes obscurantistas e autoritárias dos fascistas. Com essas arruaças talvez almejem também obter material audiovisual para promover os seus nomes junto àqueles que habitam o mesmo submundo moral e político de onde eles próprios vieram. Hoje, atacam o IFCH, amanhã escolherão outros alvos, como já o fazem em várias universidades brasileiras.
Não é a primeira vez que esse tipo de violência ameaça o nosso Instituto e a nossa universidade. Presenciamos algo parecido sob a ditadura militar. Naquela época, enfrentávamos ações repressivas clandestinas, hoje, tentam nos ameaçar abertamente, como é próprio do movimento fascista. Não nos intimidamos naquela época e não nos intimidaremos agora.
Nós, ex-diretores do IFCH, constatamos com satisfação que os estudantes, os servidores docentes, técnicos e administrativos já se organizam para defenderem as suas pessoas e a instituição. A direção do nosso Instituto, sob a responsabilidade da professora Andréia Galvão e do professor Michel Nicolau, está atuando com propriedade e firmeza. A Reitoria da Unicamp, o nosso Conselho Universitário e as direções das demais unidades da nossa universidade também estão reagindo de maneira institucional e firme contra a ação desses grupos provocadores, autoritários e violentos.
Nós nos somamos a essa resistência em defesa da democracia e da universidade.
João Quartim de Moraes, Nádia Farage, Rubem Murillo Leão Rego, Armando Boito Jr., Sidney Chalhoub