Projeto de extensão levou cinema até estudantes de escola pública

Data da publicação: qua, 05/03/2025 - 14h54min

Um dos primeiros projetos de extensão do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp vinculado à Curricularização da Extensão, a primeira edição do cineclube Cine Devir, voltado para alunos de escolas públicas, foi realizada em novembro de 2024. O projeto foi desenvolvido por estudantes de Ciências Sociais nas disciplinas HZ211, HZ212 e HZ213 (Extensão em Humanidades I, II e III), cumprindo um dos principais objetivos da nova política de extensão universitária. O Cine Devir, que contou com o apoio da Coordenadoria de Eventos, Extensão e Difusão do IFCH, tem como objetivo familiarizar jovens com o ambiente universitário e discutir temas das Humanidades por meio do cinema e da literatura,  além de trazer estudantes de escolas públicas para a universidade, mostrando que eles são bem-vindos e que há políticas de permanência para apoiá-los.

A iniciativa partiu de Alice Carvalho dos Santos, estudante de Ciências Sociais, que já tinha interesse em educação não formal antes de ingressar na Unicamp. “A ideia nasceu antes de eu entrar aqui. Eu já pensava em trabalhar com educação não formal, como clubes de leitura e cineclubes, que considero ferramentas educativas muito interessantes”, conta Alice. Além dela, participam do projeto as estudantes Maria Luisa Leão Ramos Santana e Sthéfani Raissa Rodrigues.

O projeto foi desenvolvido ao longo de três semestres e contou com a orientação dos docentes que ministraram as disciplinas: Pedro Peixoto (Departamento de Sociologia) e Artionka Capiberibe (Departamento de Antropologia), além do apoio da Coordenadoria de Eventos, Extensão e Difusão do IFCH. “A disciplina tem um caráter prático, e o grande desafio é fazer com que ela saia da sala de aula. A sala de aula vira um apoio para que os estudantes desenvolvam práticas de extensão”, explica a professora Artionka. A atividade é um exemplo concreto da integração entre graduação e extensão, um dos pilares da Curricularização da Extensão.

Do esboço à realidade

No início, o projeto era apenas um esboço, mas, aos poucos, foi se estruturando e colocado em prática. “No semestre seguinte [referência à segunda disciplina da série, a HZ212], com o apoio da professora Artionka, conseguimos trazer a ideia para a realidade e aprofundar a questão teórica”, relata Alice.

A escola escolhida foi a Escola Estadual Antonio Carlos Lehman, localizada no Jardim Bassoli, a 30 km da Unicamp, cujo contato foi obtido por uma das estudantes do grupo. Uma turma de alunos do ensino médio da escola foi trazida de ônibus até a Unicamp para a primeira sessão de cinema, que aconteceu no dia 5 de novembro de 2024, com a exibição do filme Menino 23, do diretor Belisário Franca, inspirado nas pesquisas do historiador Sidney Aguilar Filho sobre uma fazenda onde crianças órfãs foram escravizadas por nazistas brasileiros. Alice avalia que a experiência com os alunos da escola foi muito positiva, apesar de não ter dado tempo de realizar todo o debate planejado devido à limitação de tempo.

Segundo Alice, o projeto tem perspectivas de continuidade. A ideia é expandir o projeto para outras turmas da escola, incluindo o ensino fundamental. A professora Artionka destaca a importância da extensão na formação dos estudantes. “A universidade hoje tem um olhar mais dedicado à extensão, e isso se reflete nos recursos disponíveis. A comunidade acadêmica também mudou, com um perfil mais diverso e desafiador”, ressalta. Ela ainda reforça que a Curricularização da Extensão tem sido fundamental para integrar as atividades de graduação com as demandas da sociedade. Para ela, o projeto é uma forma de mostrar que a universidade é um espaço para todos. “Queremos familiarizar os alunos com o ambiente universitário e mostrar que eles são bem-vindos aqui”, conclui Alice.

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