Chamadas abertas - Dossiê "Iconoclastia: destruição, transformação e construção de outras narrativas"

Data da publicação: qua, 20/03/2024 - 16h14min

A Revista de História da Arte e da Cultura tem o prazer de comunicar o recebimento de trabalhos para o seu primeiro Dossiê "Iconoclastia: destruição, transformação e construção de outras narrativas", organizado por Clara Habib (UERJ), Sandra Salles (Museu Afro Brasil) e Letícia Leme (Unicamp).

Veja abaixo as principais informações para submissão:
 
Prazo para submissão: 15 de agosto de 2024
Previsão de publicação: dezembro de 2024
Idiomas aceitos: português, espanhol, inglês, francês e italiano

Apresentação: 

No dia 7 de julho de 2020, membros do grupo “Black Lives Matter” derrubaram a estátua do traficante de pessoas escravizadas Edward Colston na cidade de Bristol durante uma manifestação em repúdio ao assassinato brutal de George Floyd. Em momentos como este, o tema da destruição alcança um público amplo, atualizando ferrenhos debates sobre “vandalismo”, iconoclastia e preservação do patrimônio. Apesar de entendermos a derrubada da estátua de Colston como um marco, manifestações similares já ganhavam corpo nos EUA com o debate acerca do destino das estátuas dos confederados e na América Latina com as manifestações em torno dos monumentos a Colombo.
O tema da destruição do patrimônio, entretanto, não se limita ao universo contemporâneo. O novo debate em torno dos monumentos públicos, inclusive, atualiza a conhecida polêmica gerada no seio da Revolução Francesa, quando os revolucionários se viam no dilema entre destruir aquilo que já não representava mais seus anseios enquanto sociedade e preservar o patrimônio artístico e cultural de sua nação.

Para além da questão dos monumentos, temos testemunhado atualmente diferentes maneiras de destruir ou interferir no patrimônio artístico. Podemos citar desde jovens ativistas europeus que atacam célebres obras de arte em museus renomados para chamar atenção para a sua causa até a crescente e cruel onda de iconoclastia direcionada a locais de culto e símbolos religiosos no Brasil. Não podemos deixar de citar, também, a invasão ocorrida em 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes, idealizada por Lúcio Costa em Brasília com seus prédios monumentais do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional projetados por Oscar Niemeyer. Na ocasião, manifestantes da extrema direita brasileira destruíram, danificaram e saquearam importantes peças do patrimônio artístico nacional.

Podemos considerar tais ações como sintomas de um novo surto iconoclasta? O momento presente nos impele com urgência a pensar a questão da destruição, tanto a partir de suas manifestações contemporâneas quanto a partir da sua dimensão histórica. Nesse sentido, o XVII Encontro de História da Arte da Unicamp - Sob Ataque: preservação e destruição de imagens na história da arte, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em História da Unicamp (o mesmo que organiza a presente publicação), ocorrido em outubro de 2023, lançou luz sobre diferentes aspectos da temática através de apresentações e debates. O que pretendemos com este dossiê é dar continuidade e  ampliar as reflexões realizadas no encontro. Portanto, receberemos artigos que tratam de ações, objetos, conceitos e tantas outras questões que podem ser relacionadas com processos de iconoclastia em suas mais diversas manifestações, culturas ou temporalidades. Aceitaremos também artigos sobre destruições não intencionais de imagens, sobre objetos que passaram por deslocamentos ou por transformações tanto pela ação do tempo quanto por processos de restauração, sobre interferências artísticas e/ou ideológicas de caráter permanente ou efêmero em monumentos públicos etc. Propomos pensar a iconoclastia não somente através de sua potência destrutiva, mas também como possível ferramenta de construção de novas narrativas.

 

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