Unicamp concede título de Professora Emérita a Elide Rugai Bastos

Data da publicação: sex, 14/03/2025 - 11h08min

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) homenageará a socióloga Elide Rugai Bastos com o título de Professora Emérita. A cerimônia acontecerá no dia 12 de março de 2025, às 15 horas, no Auditório Fausto Castilho do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), em reconhecimento à sua trajetória acadêmica e contribuições para as Ciências Sociais no Brasil. O evento faz parte da programação do Seminário de 50 anos do Programa de Pós-Graduação em Sociologia.

Nascida em São Manuel (SP), em 9 de março de 1937, Elide Rugai Bastos é de família de agricultores. Estudou em colégios internos em Botucatu e na capital paulista, além de ter cursado piano no Conservatório Musical de São Paulo. Graduou-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1960 e, no mesmo ano, tornou-se professora universitária. Desenvolveu sua carreira como socióloga, tornando-se referência nas Ciências Sociais no Brasil e nos estudos sobre a luta pela terra e a reforma agrária.

Obteve o título de mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) em 1981, com a dissertação As Ligas Camponesas, orientada por José Augusto Guilhon Albuquerque. Sua pesquisa sobre o tema consolidou sua atuação na sociologia rural e nas questões agrárias, sendo publicada como livro pela Editora Vozes em 1984. Já o doutorado em Ciências Sociais foi realizado na PUC-SP, com a tese Gilberto Freyre e a formação da sociedade brasileira, sob a orientação de Octavio Ianni, defendida em 1986. O estudo projetou-a no campo do pensamento social brasileiro e deu origem ao livro As Criaturas de Prometeu: Gilberto Freyre e a formação da sociedade brasileira (Global Editora, 2006).

Elide Rugai Bastos lecionou na PUC-SP de 1961 a 1989, destacando-se como uma das principais referências no estudo do pensamento social brasileiro. Atuou também na Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara da Unesp entre 1987 e 1989, dedicando-se ao estudo da sociologia rural e das questões agrárias. Ingressou na Unicamp em 1989, onde atuou no Departamento de Sociologia do IFCH. Tornou-se livre-docente em 1998 e professora titular em 2006.

Além da docência, coordenou o Programa de Pós-Graduação em Sociologia do IFCH e, junto a outros colegas, fundou o Centro de Estudos Brasileiros (CEB) e a revista Trapézio. Sua atuação foi fundamental na formação de gerações de estudantes e pesquisadores. Após sua aposentadoria em 2007, manteve-se ativa como colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Unicamp e em projetos com instituições como a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Também integrou comitês científicos e editoriais, como os da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e das revistas Brasileira de Ciências Sociais (Anpocs) e Lua Nova (CEDEC).

Elide Rugai Bastos também se destacou como editora e organizadora de livros, entre os quais Conversa com Sociólogos Brasileiros (34 Letras), L’Intellectuels et Politique: Brésil-Europe (Harmatan), Intelectuais e Política: a Moralidade do Compromisso (Olho d’Água) e O Pensamento de Oliveira Vianna (Editora da Unicamp). Em suas obras, abordou temas centrais como intelectuais, política, desigualdade e interpretações sobre o Brasil. Publicou mais de 40 artigos, com destaque para seus estudos sobre a sociologia paulista, especialmente sobre Florestan Fernandes e Octavio Ianni.

Ao longo de sua carreira, recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Antônio Flávio Pierucci (2017), o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico Zeferino Vaz (2007) e o Prêmio Gilberto Freyre (2006).