Igor Cavallini Johansen é homenageado com o IUSSP Early Career Awards 2025

Data da publicação: qui, 12/06/2025 - 20h14min

O professor Igor Cavallini Johansen, do Departamento de Demografia do IFCH Unicamp, foi um dos homenageados do IUSSP Early Career Awards 2025. Concedido pela União Internacional para o Estudo Científico da População (IUSSP), esta é a segunda edição do prêmio, que busca reconhecer jovens talentos na área da demografia. Igor foi escolhido pela Associação Latino-Americana de População (ALAP) para representar a região da América Latina e Caribe na premiação.

A IUSSP é a principal associação de demógrafos e estudiosos da população em nível global, compreendendo associações regionais como a ALAP e a Population Association of America (PAA). O processo de seleção para o prêmio envolve uma chamada global, para a qual os candidatos submetem documentação detalhada, incluindo currículo e cartas de endosso de pesquisadores associados tanto à IUSSP quanto à associação regional. Durante a cerimônia de premiação, realizada online no último dia 12 de maio, os pesquisadores homenageados tiveram a oportunidade de apresentar seus trabalhos, trajetórias e contribuições para os estudos populacionais. A cerimônia pode ser assistida no YouTube pelo endereço https://youtu.be/hLGkB9IuQVU?si=nx1ue_gXZjDYIB4x&t=2836.

Para Igor Cavallini Johansen, o prêmio traz uma série de impactos positivos, especialmente por ser um jovem pesquisador com uma carreira em ascensão. Ele destaca a possibilidade de visibilidade internacional ao apresentar os seus trabalhos para pesquisadores do mundo todo. Igor participará de um encontro presencial da IUSSP em Brisbane, Austrália, em 2025, onde haverá uma sessão dedicada a jovens pesquisadores. "O evento, associado ao prêmio, permite a ampliação da minha rede de contatos, que inclusive pode ser base para projetos colaborativos futuros, tanto com jovens pesquisadores quanto com outros mundo afora que são líderes em suas linhas de pesquisa".

Além do impacto pessoal, Igor vê o prêmio como um destaque para o conjunto dos trabalhos de excelência realizados pela equipe de docentes e discentes associados ao Departamento de Demografia do IFCH, ao Programa de Pós-graduação em Demografia do Instituto e aos pesquisadores do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (NEPO-Unicamp), do qual faz parte como pesquisador. "O prêmio permite que a gente tenha uma visibilidade ainda maior para o Departamento de Demografia, para o nosso Programa de Pós-graduação e ao NEPO, colocando em evidência o trabalho que vem sendo desenvolvido na Unicamp". Ele considera que a honraria é um reconhecimento da importância da Demografia na Unicamp e da estrutura institucional e científica de ponta criada por professores e pesquisadores que o antecederam.

A trajetória acadêmica de Igor Cavallini Johansen é permeada pelo interesse pelo tema da desigualdade. Sua preocupação com a desigualdade social motivou sua escolha pelo curso de Ciências Sociais no IFCH. Ele descreve sua formação no IFCH como muito sofisticada tanto do ponto de vista teórico quanto metodológico. Ainda durante a graduação, Igor Cavallini realizou pesquisas de campo na Amazônia, realizadas pela cooperação entre o NEPO da Unicamp com instituições estrangeiras, despertando seu interesse para outras faces da desigualdade. 

Foi durante uma dessas pesquisas, em Altamira, que ele se deparou com pessoas doentes com sintomas de dengue e a falta de acesso a tratamento, o que o levou a conversar com o professor Roberto Luiz do Carmo, do Departamento de Demografia e seu orientador na iniciação científica, mestrado e doutorado. O professor Igor Cavallini destaca que iniciou sua primeira iniciação científica sobre dengue em Altamira, abordando a saúde como um tema privilegiado para evidenciar as relações de desigualdade. Ele investigou como grupos populacionais mais vulneráveis, devido a condições de moradia e saneamento precários, são mais acometidos pela doença. Esse interesse o acompanhou durante o mestrado e doutorado em demografia, onde aprofundou estudos sobre a dengue em Caraguatatuba e Campinas, respectivamente. No doutorado, ele observou que a população mais pobre, mais vulnerável, que vive com piores condições socioeconômicas e ambientais é mais impactada pela dengue em Campinas.

Após o doutorado, Igor realizou dois pós-doutorados. O primeiro, na USP, focou na malária na Amazônia, mantendo a desigualdade como chave de investigação. O segundo pós-doutorado, realizado no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp, ampliou seu leque de temas, incluindo insegurança alimentar (fome) e os impactos sociais de grandes hidrelétricas, como Belo Monte (Altamira) e Santo Antônio e Jiral (Porto Velho), na Amazônia brasileira. Em síntese, sua trajetória sempre teve como ponto central "a desigualdade social, tendo elegido como tema principal de investigação a saúde da população", visando não só entender os problemas, mas também subsidiar políticas públicas.

Olhando para o futuro, Igor pretende aprofundar-se em duas frentes de trabalho principais. A primeira é a coleta de dados primários, especialmente por meio de surveys, que envolve a ida a campo, programação de tablets para coleta de informações e padronização de questionários. Ele destaca que essa é uma área inerente à demografia. A segunda frente de trabalho foca na relação entre população e ambiente, com um foco específico em saúde, considerando as mudanças ambientais globais e a crise climática. Igor Cavallini está particularmente interessado em como extremos climáticos, como o excesso de calor e chuva, influenciam a saúde da população. Ele menciona um artigo que publicou no ano passado, demonstrando que um aumento de 1°C na temperatura média de Campinas ao longo dos últimos anos pode resultar em um crescimento significativo de casos de dengue nos três meses subsequentes. Destaca a gravidade desse fenômeno, sobretudo em contextos de ondas de calor, e reforça a necessidade de ampliar pesquisas sobre o tema. O objetivo é aprofundar o entendimento científico das relações entre a dinâmica demográfica, os fatores ambientais ligados a eventos climáticos extremos e os impactos na saúde pública – sempre tendo em vista subsidiar políticas públicas baseadas em evidências científicas.