O Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena (CPEI) da Unicamp convida todas e todos a enviarem produções audiovisuais para sua Mostra de Cinema Indígena, de 28 a 30 de agosto de 2018, no Auditório II do IFCH. Será a primeira edição da Mostra, que tem como objetivo reunir realizadores e diretores que tem o audiovisual como fio condutor, resultado, disparador ou como forma de estabelecer relações em suas pesquisas de campo. Espera-se contribuições de pesquisadores/produtores das diversas áreas do conhecimento, como Antropologia, Comunicação Social, Cinema, Midialogia, Educação, Sociologia, Ciência Política, dentre outras. A participação de indígenas na Mostra é incentivada pelos organizadores, seja como debatedores de sessões, realizadores (seja como cineasta ou não), ou ouvintes.
A Mostra de Cinema Indígena visa reunir não só as produções audiovisuais, como seus realizadores, para que possamos impulsionar os debates em relação à temática. As obras selecionadas serão exibidas e, após isso, um espaço de conversa e discussão será aberto, quando os debatedores poderão expor suas considerações. Por isso, espera-se contar com a presença e a participação voluntária dos proponentes/candidatos no evento, que ocorrerá, entre 28 a 30 de agosto de 2018, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.
Programação
Dia 28/08 - Diálogos com Ameríndios
10h00 - 13h00
Abertura
Profa. Dra. Artionka M. G. Capiberibe (Diretora do Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena/Unicamp)
O que LS deve aos ameríndios (50 min)
Direção: Edson T. Matarezio Filho
O que Lévi-Strauss deve aos ameríndios? Por meio de entrevistas com alguns dos maiores especialistas na obra do mestre francês – alguns deles, inclusive, ex-alunos seus – este filme mostra como muitos dos conceitos fundamentais do estruturalismo lévi-straussiano tem suas raízes no mundo ameríndio, tanto quanto no pensamento ocidental. Menos do que cobrar uma dívida, trata-se de uma homenagem ao maior antropólogo de todos os tempos. Ao mesmo tempo em que, pela primeira vez, um antropólogo “desantropocentricizou” a antropologia, nos mostrou princípios éticos de pessoas que são compostas de suas relações com o mundo. Lévi-Strauss foi quem melhor revelou a sofisticação do “pensamento selvagem”, colocando-o para dialogar com a mais elaborada filosofia e ciências ocidentais.
Dia 28/08 - Saberes e Memórias
15h00 - 18h00
Guardiães da Memória (55 min)
Direção: Alberto Alvares
Guardiões da Memória foi realizado em cinco aldeias Guarani no Estado Rio de Janeiro. O filme mostra como os mais velhos e lideranças fazem circular o conhecimento e a memória nos Tekoa, através de suas rezas, narrativa e belas palavras na casa de reza.
IBURI Trompete dos Ticuna (15 min)
Direção: Edson T. Matarezio Filho
Este documentário registra o processo de construção e execução do trompete Iburi, dos índios Ticuna, instrumento que é tocado durante a Festa da Moça Nova, ritual de iniciação feminina dos Ticuna. A moça que menstruou pela primeira vez ficará reclusa até que seja aprontada sua Festa, ao final da qual ela sairá da reclusão. Atrás do local de reclusão ficarão os instrumentos que aconselharão a moça. Tais instrumentos não podem ser vistos por mulheres, crianças e principalmente pela moça que está sendo iniciada. Paralelamente à construção do Iburi, o filme mostra a história de To’oena, a “primeira moça nova” que, no tempo do mito, quebrou este tabu e pagou com a própria vida.
Dia 29/08 - Indígenas entre Mundos
10h00 - 13h00
Tekoha Há'e Tetã (18 min)
Direção: Alberto Alvares
O curta documentário Tekoha Ha’e Tetã narra a vida do Wera Kuaray em busca de um novo caminho ao caminhar com o seu olhar atento de sabedoria guarani entre dois mundos.
Caminho de Mutum (20 min)
Direção: Edson T. Matarezio Filho e Marília Senlle
O índio ticuna Ondino Casimiro é uma pessoa muito singular em seu povo. Um dos grandes conhecedores da chamada Festa da Moça Nova, o ritual de iniciação feminina. Sua fama como cantor o levou longe, realizando apresentações em Manaus, São Paulo e mesmo uma turnê pela Itália. Conhece como ninguém as artes do trançado da cestaria e da rede. É o responsável por oficiar a missa católica aos domingos na pequena capela da comunidade. Professor dedicado das crianças da comunidade, todas as manhãs é possível ouvi-lo alfabetizando nas duas línguas, ticuna e português. Não há como negar que Ondino é um erudito em sua cultura e um hábil tradutor do mundo dos brancos para os ticuna e vice-versa.
YUXIÃ (25 min)
Direção: Nawa Siã e Siã Inubake
Txana Mashã está aprendendo a usar o poder da medicina da floresta e do nixi pae para se tornar um yuxiã, o pajé-espírito mediador entre os humanos e os seres encantados. Com seu yuxinbiti (câmera) Nawa Siã e Siã Inubake acompanham Txana Mashã na sua prática de dawaya (conhecedor de medicina) e agente de saúde. “O nixi pae (ayahuasca) é que me dá o poder de curar as pessoas. Ele é medicina e o verdadeiro pajé.”
Dia 29/08 - Territórios e Vidas Guarani
15h00 - 18h00
História do Tekoá Sapukai (11 min)
Direção: André Ribeiro e Cláudio Benites
Histórias da formação da Terra Indígena do Bracuí (Tekoá Sapukai), as questões da saúde e educação e suas relações com as políticas públicas de assistência.
Flor brilhante e as cicatrizes da pedra (30 min)
Direção: Jade Rainho
Flor Brilhante é a matriarca de uma família indígena de rezadores Guarani-Kaiowá que vive na reserva de Dourados-MS, Brasil. Lá, cerceados de seu modo de viver originário, tentam sobreviver preservando conhecimentos e hábitos da cultura dos antigos, enquanto convivem com os efeitos e mazelas causados pelas explosões continuas de uma usina de asfalto, que dinamita e explora uma pedra sagrada no território da aldeia há mais de 40 anos.
O que você vai fazer? (13 min)
Direção: André Ribeiro e Cláudio Benites
O que fazem os Guarani do litoral para viver e se defender.
Dia 30/08 - Realidades Socioambientais
10h00 - 13h00
Agroflorestas no Bracuí (11 min)
Direção: André Ribeiro e Cláudio Benites
Este vídeo mostra o trabalho de agrofloresta realizado pelos Guarani da Tekoá Sapukai (Terra Indígena Guarani do Brací).
Documentário sobre a produção de castanhas pelos Paiter Suruí (20 min)
Filmagem: Ricado Minussi
Mini-documetário sobre o trabalho produtivo desenvolvido com a castanha de forma totalmente sustentável pelos Paiter Suruí, em Rondônia.
Dia 30/08 - Encontros Indígenas
15h00 - 18h00
A alegria da Terra (21 min)
Direção: Melquior Brito e Priscila Jácomo
Um encontro de palhaços e indígenas para reverenciar os erros, os tropeções e a beleza de sermos iguais e diferentes ao mesmo tempo. Um encontro para recordar a importância do palhaço para a humanidade.
Indígenas (22 min)
Direção: Magda Bast e Renan Moreira
A aldeia Xucuru-Kariri em Caldas, no Sul de Minas, é documentada no momento em que sediam os Jogos dos Povos Indígenas do Estado de Minas Gerais – 2017. Depoimentos do Cacique Jal, de sua mãe e Pajé Dona Josefa e da jovem Iracanã somam-se às imagens das modalidades disputadas nesse primeiro curta produzido pela dupla Magda Bast e Renan Moreira. Os Jogos Indígenas de Minas Gerais, assim como seus similares de caráter nacional, continental e mundial, já foram roteiros de premiados filmes. A singularidade desse documentário deve ao povo Xucuru Kariri em Caldas, sul de Minas, e sua resistência cultural em um território distante da terra natal, Palmeira dos Índios-AL, onde outros 15 mil indígenas ainda moram e cultivam suas tradições. Anfitriões dos Jogos, os Xucuru Kariri documentados são narradores dos valores comuns dos povos indígenas de MG, celebrados e partilhados, nessa forma contemporânea de (re)união e fortalecimento das memórias, a partir das leituras do cotidiano. Esse documentário se configura como primeiro resultado de uma pesquisa ampla de cinema, enquanto arte, e cultura, que pretende alcançar novas produções