Fórum debate os dez anos das diretrizes da educação quilombola

Data da publicação: sex, 09/09/2022 - 13h47min

Os dez anos de criação e implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola pelo Conselho Nacional de Educação foram tema do Fórum Permanente realizado no Centro de Convenções da Unicamp no dia 31 de agosto. O evento foi promovido pelo Laboratório de Pesquisa e Extensão em Povos Tradicionais, Amerindos e Afro-americanos, Centro de Estudos Rurais (Ceres) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, e Departamento de Ciências Sociais na Educação da Faculdade de Educação. O Fórum Permanente é uma realização da da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEC).

O encontro reuniu educadores, militantes e cientistas que foram personagens centrais na elaboração do plano nacional, bem como da construção de planos estaduais e municipais, realizando um balanço desse processo e analisando as perspectivas e desafios para os próximos anos.

A mesa de abertura teve a presença da Givânia Maria da Silva, da Coordenação Nacional de Quilombolas, onde pode expor um pouco sobre os avanços conquistados nessa década e os desafios que virão pela frente. A mesa contou como debatedora das questões levantadas de Gessiane Nazário, doutora em educação pela UFRJ e professora da Rede Municipal de Ensino em Armação dos Búzios e integrante da coordenação do Coletivo de Educação da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos.

Estudos preliminares do IBGE para a realização do Censo 2022 levantou a existência de 5.972 comunidades quilombolas em todo o Brasil, espalhadas por centenas de municípios. Ao longo do encontro, os participantes puderam debater sobre o balanço desse processo, que é parte da luta pelo reconhecimento e valorização da diversidade interna do país. 

Os painéis também trouxeram elementos de reflexão sobre os desdobramentos das Diretrizes Curriculares Nacionais na elaboração de políticas educacionais estaduais e municipais, além do impacto dessas iniciativas diretamente nas escolas e no desenvolvimento de práticas pedagógicas adequadas para a realidade das comunidades. 

"Desde o início da articulação nacional quilombola, em 1995, dois temas foram fixados como fundamentais ao movimento: o acesso à terra e o acesso a uma educação de qualidade e diferenciada", relata o professor José Maurício Arruti, do Departamento de Antropologia do IFCH Unicamp. “Os dez anos das diretrizes agora coincidem com um outro momento crucial, em que deveremos decidir se nos manteremos neste projeto de sociedade aberta e plural inspirada em exemplos de cuidados e solidariedade, ou se recuaremos em definitivo. Por isso é necessário comemorar e também questionar”.

O vídeo com as mesas do Fórum em breve será disponibilizada no canal dos Fóruns Permanentes no YouTube.