IFCH perde o professor Reginaldo de Moraes

Data da publicação: qui, 05/09/2019 - 10h44min

Faleceu nesta segunda-feira (26) o professor Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes, docente aposentado do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. 

Nascido em 11 de outubro de 1950, Reginaldo Moraes se formou em filosofia na Universidade de São Paulo em 1972. Em 1975 iniciou o mestrado na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da universidade, obtendo o título em 1982 com a dissertação A Fênix Tropical (nota crítica sobre o dualismo e a teoria da dependência). Sua tese de doutorado, Planejamento: democracia ou ditadura? - Intelectuais e reformas sócio-econômicas no pós guerra, foi defendida em 1987. Ambos os projetos estiveram sob orientação da professora Maria Sylvia de Carvalho Franco. 

Reginaldo Moraes ingressou na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas em 1984, e em 1989 migrou para o Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Ao longo de sua carreira no IFCH, foi coordenador do curso de graduação em Ciências Sociais, chefe de Departamento Ciência Política e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Se aposentou em 2011, mas continuou colaborando com o instituto, orientando pesquisas e produzindo análises sobre a conjuntura brasileira e internacional, muitas delas publicadas semanalmente no Jornal da Unicamp. 

Nos últimos anos, Reginaldo Moraes atuou como pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec), como coordenador de Difusão do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos e foi membro do Conselho Superior da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Além de manter atividades de ensino e pesquisa, contribuía com artigos e colunas para diversas publicações, como Brasil Debate, Fundação Perseu Abramo, Carta Maior e Núcleo Piratininga de Comunicação. Com seu pensamento crítico e refinado, Reginaldo Moraes se dedicava a compreender o avanço do conservadorismo  e suas consequências para os trabalhadores.

A atual chefe do Departamento de Ciência Política, Andréia Galvão, lembra de suas qualidades como professor e colega. “Reginaldo foi um grande professor, com uma imensa capacidade de reconstituir os debates teóricos, dos clássicos aos contemporâneos, e com uma clareza e perspicácia incríveis ao analisar as mais variadas conjunturas políticas, nacionais e estrangeiras. Foi um colega sempre bem humorado, generoso e dotado de uma ironia fina, à qual recorria de modo preciso, quase cirúrgico. Foi um intelectual público no pleno sentido do termo, politicamente engajado, indignado com nossas mazelas do passado e do presente. Nunca se furtou a assumir suas posições e seu compromisso como o desenvolvimento e a redução das desigualdades. O Departamento de Ciência Política lamenta profundamente sua partida tão precoce e reconhece o inestimável legado que ele deixa para todos nós”, declarou Andréia Galvão.

Foi autor de uma vasta obra, da qual destacamos os livros O peso do Estado na pátria do mercado (2013), As cidades cercam os campos (2008, em coautoria com Maitá de Paula e Silva e Carlos Henrique Goulart Árabe), Estado, desenvolvimento e Globalização (2006), Educação superior nos Estados Unidos (2015), Bloco de Esquerda e Podemos: dois experimentos de organização na nova esquerda europeia (2016), Rural, Agrário, Nação: reflexões sobre políticas e processos de desenvolvimento na era da globalização (2015) e Capitalismo, Classe Trabalhadora e Luta Política no Início do Século XXI (2017, em coautoria com Marcio Pochmann).