OS INTELECTUAIS E A EDUCAÇÃO: AS IDEIAS E AS AÇÕES ENTRE 1956 E 1964

O Brasil, no decorrer da década de 1950, avançou em seu processo de modernização que culminou em transformações socioeconômicas, políticas e culturais. Nesse contexto, o Estado modificou sua atuação na área educacional, criando órgãos públicos como o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) e os Centros Regionais de Pesquisas Educacionais (CRPEs), destinados a elaborar conhecimentos científicos que deveriam pautar a política educacional. Em função desse projeto, que lhes concederia um novo lócus de atuação, intelectuais de diferentes correntes do pensamento educacional e do pensamento social foram atraídos pelo Estado para atuar nos centros de pesquisas contribuindo diretamente para a articulação entre a educação e as ciências sociais, através da realização de pesquisas socioeducacionais e da difusão de novas ideias pedagógicas. Desse modo, partiu-se da hipótese de que esses quadros intelectuais atuaram em prol da conversão da educação em um indutor do desenvolvimento e da democratização da sociedade, contribuindo diretamente para a política educacional formulada pelos governos Juscelino Kubitschek e João Goulart. Para testá-la procedeu-se a uma pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico, voltada à análise de conteúdo de produções realizadas pela comunidade intelectual vinculada ao CBPE e aos CRPEs, e de documentos oficiais (legislação, mensagens presidenciais), com vistas a identificar em que medida o aparelho estatal incorporou à sua atuação, entre 1956 e 1964, as ideias e propostas dos intelectuais pertencentes aos órgãos públicos supracitados.