Instituto

Classe CSS para cor: 
instituto

Resultado: PIBID Sociologia e Filosofia - inscrições homologadas

Data da publicação: sex, 04/11/2022 - 15h53min

Anexo o resultado referente ao Edital de seleção de bolsista para projeto de extensão (em duas páginas).

aprovacao_e_classificacnao_pibid_2022_-_supervisores_e_estudantes.pdf

 

 

 

 

------------------------------------

Inscrições encerradas

Inscrições homologadas de estudantes bolsistas PIBID – Sociologia e Filosofia (2022)


Partido Cidadania divulga nota em solidariedade à comunidade do IFCH Unicamp

Data da publicação: qua, 30/04/2025 - 18h26min

O IFCH recebeu nesta semana uma nota de solidariedade do Diretório Municipal do partido Cidadania em Campinas. A presidenta municipal da legenda, Ana Stela Alves de Lima, veio pessoalmente ao Instituto para conversar com a Direção e entregar o documento.

A manifestação pública do partido ocorre após os ataques verbais proferidos pelo vereador Vinicius de Oliveira Sandoval (conhecido como Vini), eleito pelo Cidadania, contra atividades e docentes do IFCH.

Confira a íntegra da nota divulgada pelo partido:

Campinas, 10 de abril de 2025

Reunião extraordinária do Partido Cidadania23/Campinas para ratificação do posicionamento do partido sobre os ataques do vereador de Campinas Vinicius de Oliveira Sandoval, eleito pelo Cidadania:

O Partido Cidadania23 não compactua com o vereador Vini (Vinicius de Oliveira Sandoval), pelas atitudes tomadas no início deste mês de abril, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, IFCH. O Cidadania é um partido plural, democrático e tem por princípio o respeito à ciência.

A Unicamp é a Universidade que muito orgulha os brasileiros e especialmente, os moradores da Cidade de Campinas. Portanto muito nos constrange o posicionamento intolerante, violento e moralista vindo de um vereador que se elegeu pelo Cidadania.

Nossas escusas à toda comunidade Unicamp.


Breve nota em defesa da Unicamp, por João Carlos Salles

Data da publicação: seg, 14/04/2025 - 16h37min

BREVE NOTA EM DEFESA DA UNICAMP

João Carlos Salles

Professor de Filosofia da UFBA

Doutor em Filosofia pela Unicamp

As universidades enfrentam hoje intenso ataque em diversas partes do mundo, seja por meio de repressão direta, seja por restrições orçamentárias. Não podemos ignorar que também no Brasil os ataques continuam, apesar de termos superado o período das conduções coercitivas a reitores no governo Temer e a violência orçamentária e política do governo Bolsonaro — dirigidos estes, em especial, contra as instituições federais de ensino superior.

Forças obscurantistas, que preferem a exclusão e a ignorância, tomam agora por alvo a UNICAMP — e o fazem exatamente por essa instituição, reconhecida mundo afora por sua excelência acadêmica, aprofundar ações afirmativas, visando a que seu ambiente acadêmico refinado contemple manifestações de cultura e não de barbárie.

Talvez devêssemos até chamar esses grupos de provocadores de “bandos”, envolvidos que estão em prática criminosa, ameaçadora e invasiva de um espaço sagrado, que é o da universidade. Entretanto, é importante não diminuirmos, com isso, a gravidade e o perigo desses grupos de natureza fascistóide, que, como descrito em importante nota de ex-diretores do IFCH, “Gravam vídeos de espaços do nosso Instituto e de membros da comunidade acadêmica sem a devida autorização, abordam estudantes de forma provocativa e os agridem. Depredam os muros dos nossos prédios, voltando-se especialmente contra as manifestações políticas e culturais dos movimentos negros e de minorias, indicando, por meio da ação violenta, sua índole autoritária e seu inconformismo com a política democrática de ação afirmativa.” 

Em primeiro lugar, a ação desses grupos não é isolada. Ela tem propósito político claro, servindo a quantos almejam retrocessos civilizatórios.Em segundo lugar, esses atos disruptivos se dão em momento delicado, no qual a educação superior ainda não encontrou a proteção e o reconhecimento necessários e próprios de seu papel central em um projeto de nação profundamente democrática.

É, pois, urgente, por um lado, reagir com medidas imediatas e adequadas à ação desses grupos, como têm sido anunciadas pela Direção do IFCH e pela Reitoria da Unicamp. Por outro lado, as forças democráticas não podem subestimar a extensão da ameaça, devendo estar preparadas para uma luta mais demorada e bem mais ampla.

Defender a universidade pública é defender a democracia. Viva a Universidade Estadual de Campinas!


Nota da Direção do IFCH sobre os acontecimentos da noite de 27/03/2025

Data da publicação: sex, 28/03/2025 - 09h20min

Na noite do dia 27 de março de 2025 o IFCH foi, novamente, alvo de ataque politicamente motivado. Um grupo de 6 pessoas, uma delas com camisa do MBL, ameaçou estudantes e professores que estavam em aula. As aulas foram interrompidas e um dos estudantes foi agredido.

A SVC, que assegura a segurança do campus, foi acionada e o grupo foi conduzido ao 4º Distrito Policial, onde um estudante e um professor prestaram depoimento. Foi aberto um boletim de ocorrência pelos crimes de agressão física e homofobia. O diretor associado, Michel Nicolau, acompanhou todo o processo.

Reiteramos que a direção do IFCH não tolera, e não tolerará, que pessoas venham perturbar nosso ambiente de trabalho e estudo, nos intimidando, provocando, ameaçando, agredindo e depredando nossos espaços.

Continuamos vigilantes e tomando todas as providências cabíveis, com o apoio incondicional de toda a universidade.


Nota da direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp sobre os acontecimentos de 24/03/2025

Data da publicação: ter, 25/03/2025 - 16h51min

A Unicamp é uma universidade aberta a toda pessoa interessada em conhecê-la. O IFCH é parte dessa universidade democrática, transparente, plural e diversa, que preza o debate de ideias e o respeito a posicionamentos distintos. A direção do IFCH sempre esteve aberta ao diálogo com a sociedade, mas em nenhum momento o vereador que se diz preocupado com as condições de nossa infra-estrutura nos procurou para conversar. Se o vereador estivesse disposto a conversar, não teria vindo filmar nossos espaços à noite, quase clandestinamente, em um final de semana. Isso indica que ele não veio aqui para dialogar e apresentar propostas para a universidade, mas sim para provocar. Chegou com uma narrativa pronta, usando um método sensacionalista, com o objetivo de se promover em suas redes sociais. 

O vereador se comportou de forma inadequada, pois desrespeitou as regras da universidade para a realização de filmagens e o uso de imagens (Instrução normativa da prefeitura universitária nº 03/2024). Não apenas não solicitou permissão às autoridades competentes como, ao retornar no dia 24 de março de 2025 na hora do almoço para prosseguir com suas gravações, não pediu o consentimento das pessoas que apareceriam nas imagens, o que contraria a legislação. 

Se o vereador estivesse disposto a contribuir, teria aceito o convite da direção para visitar nossos espaços e conhecer nosso trabalho, convite feito a ele no próprio dia 24, mas que ele não aceitou. Se tivesse interessado em nos conhecer, poderia verificar que a Unicamp é uma universidade de excelência, de padrão internacional. Veria também que este é um espaço aberto, pelo qual circulam muitas pessoas, tanto de nossa comunidade quanto de fora dela, que se expressam das mais variadas formas. Saberia que diversos setores da sociedade trazem suas pautas para a universidade, promovem debates e nos convidam à reflexão.  As propostas apresentadas, quando devidamente encaminhadas e embasadas, são debatidas coletivamente, com espaço para divergências e vozes dissonantes. Isso nos permite avançar na inclusão de diferentes saberes e perspectivas. 

Se o vereador estivesse aberto ao diálogo, saberia que o conhecimento se constroi com argumentos fundamentados em teorias, conceitos, métodos e não em preconceitos. Saberia, ainda, que as paredes contam uma parte da nossa história, mas não toda a história. Veria que o IFCH é um lugar vivo, pulsante, que tem orgulho de abrigar murais do movimento negro, em homenagem aos indígenas, às trabalhadoras terceirizadas, às pessoas trans, em defesa dos direitos humanos. Se tivesse nos escutado, poderia constatar que aqui não há pensamento único, mas também não há espaço para a intransigência, a intolerância, o machismo, o racismo, a homofobia, a transfobia. 

O modus operandi do vereador, ao selecionar as imagens que cabem em sua narrativa e omitir aquelas que contam outras histórias - inclusive as que não estão escritas nos muros, mas se encontram nos laboratórios, nas bibliotecas, nas salas de aula - visa distorcer a realidade e manipular a opinião pública. Ele age de forma premeditada, com o propósito de desqualificar e difamar o trabalho de toda uma universidade. Esse é um método de ação que tem crescido no Brasil e no mundo, e que tem servido para atacar as universidades, as ciências e o pensamento crítico. Não é um ato isolado, há outros semelhantes em curso, como na UnB, e o próprio IFCH já foi alvo de ataques recentemente.  É um procedimento intelectualmente desonesto e politicamente antidemocrático.

Continuaremos defendendo os princípios e valores que orientam a universidade pública, inclusiva, diversa e democrática! Não aceitaremos nenhuma forma de intimidação!


Nota da Direção do IFCH

Data da publicação: seg, 24/03/2025 - 17h05min

A direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp repudia veementemente quaisquer tentativas de intimidação, difamação e desrespeito a sua comunidade. Os cursos de graduação e de pós-graduação do IFCH são reconhecidos por sua excelência, sendo sempre avaliados com as melhores notas em rankings nacionais e internacionais.

As pesquisas nele desenvolvidas caracterizam-se pela preocupação em compreender os problemas de nossa sociedade, contribuindo para a redução das injustiças e desigualdades.

O IFCH é um espaço público, democrático, que está sempre aberto ao diálogo com pessoas verdadeiramente interessadas em conhecer a diversidade e pluralidade de temas e abordagens teórico-metodológicas que orientam as atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas pelos/as estudantes, docentes e funcionários/as que nele trabalham.

A direção do IFCH empreenderá todas as ações cabíveis para garantir os direitos e a segurança das pessoas que fazem a excelência deste instituto.


Sociólogo guineense Miguel de Barros visita o IFCH

Data da publicação: sex, 21/03/2025 - 17h07min

O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp recebeu, na última segunda-feira, 17 de março, o sociólogo Miguel de Barros, pesquisador do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral (CESAC), da Guiné-Bissau. O pesquisador ministrou a palestra Amílcar Cabral: Juventude, Questão da Terra e Políticas Contemporâneas - Princípios, Legados e Emancipações, promovida pelo Centro de Estudos de Migrações Internacionais (Cemi), em conjunto com o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) e o Programa de Pós-Graduação em História (PPGH).

Miguel de Barros é uma das principais referências no debate sobre políticas públicas e desenvolvimento social na Guiné-Bissau. Nascido em 1980, em Bissau, formou-se no Instituto Universitário de Lisboa, em Portugal, e, desde 2012, dirige a organização não governamental Tiniguena, que atua na proteção da biodiversidade e no apoio a agricultores para a adoção de práticas sustentáveis. Além disso, é cofundador do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral (CESAC) e da cooperativa Corubal, que busca divulgar obras científicas e culturais na Guiné-Bissau. Em 2018, foi eleito pela Confederação da Juventude da África Ocidental (CWAY) como a personalidade mais influente do ano e recebeu o Prêmio Pan-Africano Humanitário de Liderança em Pesquisa e Impacto Social. Em 2020, foi agraciado com o Creative Activism Awards por suas contribuições na promoção da justiça social e ambiental.

Em entrevista realizada após a palestra, Miguel de Barros destacou que Amílcar Cabral antecipou muitas das teorias contemporâneas sobre movimentos sociais e agroecologia. "Amílcar Cabral empresta à nova geração o pensamento e a ação prática de lutar contra o sistema. Mas essa luta passa pela capacidade de maior conhecimento, maior proximidade com as comunidades de pertença, pela construção de alianças que vão além dessas comunidades, tanto no plano local, nacional quanto internacional. E, acima de tudo, pela formulação de uma agenda para essa transformação", afirmou.

Ele ressaltou ainda a importância da cultura como instrumento de libertação, um dos conceitos centrais de Cabral. "A cultura é o meio para a nossa libertação. Essa conceptualização permite não apenas trabalhar a autoestima, considerando o que a nossa própria cultura pode representar, mas também fornecer ferramentas para a legitimação da ação pública", disse Barros, que também destacou como rappers na Guiné-Bissau e em Cabo Verde utilizam o pensamento de Cabral em suas músicas para mobilizar a juventude.

Miguel de Barros também chamou a atenção para os desafios econômicos e ambientais enfrentados pelos países do Sul Global, criticando o modelo econômico atual e a exploração desenfreada dos recursos naturais. "Esse modelo, baseado na especulação, não cria condições nem para um sistema educacional capaz de fornecer as ferramentas necessárias para enfrentar o mercado, muito menos facilita a integração produtiva da juventude. Como resultado, os jovens são empurrados para a precariedade, gerando revoltas que, por sua vez, levam à repressão", afirmou.

O sociólogo guineense enfatizou a necessidade de uma agenda internacional que una países da África e da América do Sul em torno da justiça social e ambiental, destacando a importância de repensar modelos econômicos e culturais que integrem as sociedades na vanguarda da proteção ambiental. Com uma trajetória marcada pela multidisciplinaridade, além de estudar os movimentos sociais juvenis, Miguel de Barros dirige a ONG Tiniguena, que trabalha com agricultores familiares e valoriza os saberes tradicionais.

"Essa ONG tem uma abordagem muito forte em relação ao trabalho de proteção da natureza com os agricultores familiares que estão inseridos em mercados endógenos e, ao mesmo tempo, com a valorização dos saberes tradicionais. A ONG foi fundada por Augusta Henriques, que foi a principal auxiliar de Paulo Freire no programa de alfabetização em língua materna na Guiné-Bissau e trouxe metodologias de educação participativa de base. Isso permitiu desenvolver uma corrente de proximidade com as comunidades tradicionais, com os agricultores, com os povos rurais, em particular com as mulheres, que estão fortemente envolvidas no sistema da agricultura familiar camponesa", contou Miguel.

A importância de articular pesquisadores de diversas universidades para ampliar o diálogo entre a academia e as comunidades locais também é citada por Miguel de Barros. Ele enfatizou a necessidade de incluir, no espaço acadêmico, agentes sociais que tradicionalmente eram apenas objetos de estudo, como agricultores familiares, ativistas, líderes tradicionais, artistas e jovens. Segundo Barros, é essencial inverter a lógica de apenas levar o conhecimento científico para essas comunidades, trazendo também seus saberes para o campo acadêmico. Essa abordagem tem permitido uma ressignificação do espaço universitário, desconstruindo narrativas tradicionais sobre ciência e produção de conhecimento. Ao incluir esses protagonistas, cria-se uma legitimidade maior para suas vozes e experiências, transformando a dinâmica acadêmica.

Além disso, Miguel de Barros ressaltou a aproximação entre pesquisadores e instituições acadêmicas no Brasil e na África, promovendo um diálogo mais profícuo no Sul Global. Ele mencionou que essa conexão tem permitido a mobilidade entre territórios e a produção conjunta de conhecimento. "O Brasil tinha a tendência de se voltar para o Norte, sobretudo para os Estados Unidos e a França. Hoje, há estudantes africanos que vêm estudar no Brasil, assim como pesquisadores e estudantes brasileiros que estão fazendo suas pós-graduações na África e têm o continente como campo de pesquisa e trabalho", destacou, enfatizando como esse intercâmbio tem enriquecido a produção acadêmica e fortalecido os laços entre pesquisadores e comunidades dessas regiões.

Por fim, o sociólogo avaliou a necessidade de reconstruir o Estado com base em premissas como instituições prestadoras de serviços, políticas de proteção social, um modelo econômico que promova o bem-estar e uma cultura de solidariedade. Ele ressaltou, em especial, a importância da formação de novas lideranças entre os jovens. Barros defende a construção de lideranças colegiadas, baseadas em uma governança participativa, em decisões tomadas por consenso e em um compromisso social amplo. Para ele, os jovens devem ser protagonistas na construção de um novo modelo de sociedade, no qual possam exercer plenamente os seus direitos.

 


Comissão Eleitoral divulga normas e calendário para escolha da nova Diretoria do IFCH

Data da publicação: sex, 21/03/2025 - 18h35min

A Comissão Eleitoral designada pela Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp anunciou as regras e o cronograma para a consulta à comunidade que elegerá a nova Diretoria do Instituto para o quadriênio 2025-2029. A votação, que ocorrerá de forma eletrônica nos dias 27 e 28 de maio de 2025, permitirá a participação de docentes, servidores técnico-administrativos e discentes.

Os interessados em concorrer ao cargo de Diretor(a) do IFCH devem realizar inscrição entre os dias 14 e 25 de abril de 2025 por meio de requerimento assinado, enviado aos e-mails atu-ifch@unicamp.br e dirifch@unicamp.br. A consulta incluirá um debate geral no dia 07 de maio de 2025, organizado pela Comissão Eleitoral, e debates setoriais, caso sejam solicitados por representantes das categorias de eleitores na Congregação do Instituto. Para garantir ampla participação, as atividades acadêmicas e administrativas serão suspensas durante o debate geral.

A votação será realizada eletronicamente, com acesso permitido por computadores conectados à rede da Unicamp ou externamente, via VPN. Os eleitores receberão, em seus e-mails institucionais, uma senha para acessar o sistema de votação, que estará disponível das 9h do dia 27 de maio até as 20h do dia 28 de maio de 2025. É essencial que todos atualizem seu acesso ao e-mail institucional até 21 de maio de 2025 para garantir a participação.

O resultado da votação será divulgado no dia 29 de maio de 2025, e a lista tríplice será elaborada na reunião da Congregação do dia 04 de junho de 2025. A consulta será paritária, com votos ponderados proporcionalmente entre as categorias. A apuração, feita automaticamente pelo sistema eletrônico, resultará na divulgação dos resultados por e-mail e no site do IFCH. A planilha detalhada com os resultados por categoria será encaminhada à Congregação do Instituto.

A Comissão Eleitoral, designada em 4 de dezembro de 2024, é composta pelos seguintes membros: Raquel Gryszczenko Alves Gomes e Luiz Gustavo Rossi como representantes dos docentes; Nilton César Betanho e Reginaldo Alves do Nascimento como representantes dos funcionários; e Waléria Oliveira Vicente Ferreira e Eduardo Freitas de Santana como representantes dos alunos. 

Consulte as Normas e Calendário aprovados pela Congregação.

Requerimento de inscrição.


Elide Rugai Bastos, Professora Emérita da Unicamp

Data da publicação: sex, 14/03/2025 - 11h18min

A Universidade Estadual de Campinas homenageou a socióloga Elide Rugai Bastos com o título de Professora Emérita em uma cerimônia realizada nesta quarta-feira, 12 de março de 2025, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). A outorga do título reconhece a trajetória acadêmica e as contribuições da professora para as Ciências Sociais no Brasil, marcadas por uma dedicação incansável à pesquisa, ao ensino e à formação de gerações de estudantes e pesquisadores.

A mesa da cerimônia contou com a presença do reitor Antônio José de Almeida Meirelles, da professora Andréa Galvão, diretora do IFCH, e da professora Mariana Chaguri, do Departamento de Sociologia e madrinha da homenageada. A aprovação do título foi realizada na reunião do Conselho Universitário da Unicamp em 26 de novembro de 2024, a partir de uma proposta apresentada pelos professores Mário Augusto Medeiros da Silva, Marcelo Ridenti e Mariana Chaguri, do IFCH.

Nascida em São Manuel (SP), em 9 de março de 1937, Elide Rugai Bastos vem de uma família de agricultores. Estudou em colégios internos em Botucatu e na capital paulista, além de ter cursado piano no Conservatório Musical de São Paulo. Graduou-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1960 e, no mesmo ano, iniciou sua carreira como professora universitária. Tornou-se referência nas Ciências Sociais no Brasil, com destaque para seus estudos sobre a luta pela terra, a reforma agrária e o pensamento social brasileiro.

Elide Rugai Bastos obteve o título de mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) em 1981, com a dissertação As Ligas Camponesas, orientada por José Augusto Guilhon Albuquerque. Sua pesquisa sobre o tema consolidou sua atuação na sociologia rural e nas questões agrárias, sendo publicada como livro pela Editora Vozes em 1984. Já o doutorado em Ciências Sociais foi realizado na PUC-SP, com a tese Gilberto Freyre e a formação da sociedade brasileira, sob a orientação de Octavio Ianni, defendida em 1986. O estudo projetou-a no campo do pensamento social brasileiro e deu origem ao livro As Criaturas de Prometeu: Gilberto Freyre e a formação da sociedade brasileira (Global Editora, 2006).

Ingressou na Unicamp em 1989, onde atuou no Departamento de Sociologia do IFCH. Tornou-se livre-docente em 1998 e professora titular em 2006. Além da docência, coordenou o Programa de Pós-Graduação em Sociologia do IFCH e, junto a outros colegas, fundou o Centro de Estudos Brasileiros (CEB) e a revista Trapézio. Sua atuação foi fundamental na formação de gerações de estudantes e pesquisadores, e dois de seus orientandos deram sequência ao seu legado no mesmo departamento, evidenciando o impacto duradouro de seu trabalho. Elide não apenas atuou no IFCH, mas foi uma das principais responsáveis por sua construção e consolidação, dedicando quase 40 anos à instituição.

Após sua aposentadoria em 2007, Elide manteve-se ativa como colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Unicamp e em projetos com instituições. Ela também se destacou como editora e organizadora de livros, entre os quais Conversa com Sociólogos Brasileiros (34 Letras), L’Intellectuels et Politique: Brésil-Europe (Harmatan), Intelectuais e Política: a Moralidade do Compromisso (Olho d’Água) e O Pensamento de Oliveira Vianna (Editora da Unicamp).

Além de sua atuação na Unicamp, Elide Rugai Bastos teve uma carreira marcada por reconhecimentos nacionais e internacionais. Foi coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Fapesp por dois mandatos consecutivos, a partir de 2013, e atuou em comissões e comitês de assessoramento do CNPq e da Capes. Recebeu, em 2005, o prêmio Gilberto Freyre, concurso nacional de ensaios da Fundação Gilberto Freyre, e, em 2017, o prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica. Sua obra é referência não apenas no Brasil, mas também em países da América Latina e Europa, onde participou de conferências e colaborou com pesquisadores de diversas instituições.

Durante a cerimônia, Mariana Chaguri, sua ex-orientanda na graduação, mestrado e doutorado e madrinha da homenagem, destacou a importância de Elide Rugai Bastos na formação de mais de 1.100 alunos ao longo de seis décadas de atuação. "Elide nos ensinou que sociologia é uma prática cotidiana e exigente. Exigente porque nos demanda o melhor das nossas capacidades de observação e de escuta. Exigente ainda porque nos demanda horas e horas de leitura e de releitura, de escrita e de reescrita. Elide também foi muito generosa ao nos ensinar que a vida acadêmica tem uma temporalidade lenta, que ela é feita a partir de espaços muito diferentes, na interação com pessoas muito diversas entre si e que são inúmeros desafios que a vida acadêmica nos prepara, nos apresenta. Sobretudo, Élide nos ensinou a ter coragem. Coragem para experimentar no campo teórico e metodológico, coragem para explorar as mais diversas empirias do mundo social e coragem para inventar os mais diversos espaços intelectuais e institucionais. Elide nos ensinou a sermos corajosos, que gentileza, generosidade e a ética são imperativos da vida acadêmica", afirmou.

Mariana Chaguri também ressaltou o compromisso de Elide com a universidade pública, especialmente durante o período de lockdown no Brasil entre 2020 e 2021. “Durante a pandemia de Covid-19, Elide sempre me ligava para perguntar sobre como eu estava me saindo com as aulas remotas, mas me perguntava especialmente sobre os estudantes e sobre como eles acompanham as aulas e se saiam nas atividades. Quando a retomada presencial das aulas na Unicamp foi anunciada para março de 2022, Elide novamente me telefonou e foi muito categórica: “vamos dar aula semestre que vem, Mariana”. Eu obedeci, claro”.

Em sua fala, a professora Andréia Galvão destacou a generosidade e o rigor intelectual de Elide. "Elide é uma grande referência para todos nós, não só para o departamento de Sociologia ou para o IFCH, mas para as Ciências Sociais, no Brasil e na América Latina. Foi uma das principais responsáveis pela construção e consolidação do pensamento social brasileiro como campo de estudos, tendo sido pioneira em diversas frentes e agendas de pesquisa, trazendo também uma imensa contribuição ao campo dos estudos rurais", afirmou. 

A diretora do IFCH também ressaltou a importância de sua obra para a compreensão das desigualdades sociais no Brasil. "A preocupação com as raízes que frutificaram e dominaram o pensamento social e político brasileiro se combinam, ao longo de sua obra, à análise dos atores que os difundem e os mobilizam, e que inspiram novas e velhas formas de ação coletiva, que coexistem no tempo e no espaço. Ao invés de dualismos e linearidades, seus textos insistem na dinâmica entre as permanências e mudanças, os avanços e retrocessos que permeiam os processos sociais", disse Andréia Galvão, que ainda lembrou o papel de Elide na consolidação do pensamento social brasileiro como campo de estudos, bem como por ter sido uma  primeiras pesquisadoras a oferecer uma visão sistemática sobre o conservadorismo brasileiro como fenômeno social e sociológico, abordando o tema com rigor teórico e metodológico. 

Em seu discurso, Elide Rugai Bastos refletiu sobre sua trajetória e o significado de fazer sociologia no Brasil. "A expressão 'no Brasil' significa ter em conta o fato de constituirmo-nos em uma formação econômico-social localizada na periferia do capitalismo. O que se configura um fundamento para a busca de explicações diferenciadas daquelas utilizadas para as formações capitalistas originárias, mostrando que são aspectos de realização particulares do modo de produção. Ou seja, como essa construção não se realiza estritamente nos moldes clássicos que a história nos apresenta, conferindo a esse processo certa ambiguidade que exige do analista uma abordagem especial das categorias analíticas", afirmou a homenageada. Elide também destacou a importância de enfrentar os desafios da desigualdade social. "A sociologia enfrenta essa situação, assumindo a dimensão das legitimidade do conflito como um dos passos em direção a uma sociedade democrática", completou.

Elide Rugai Bastos também falou sobre a importância da universidade e do compromisso com a formação de novas gerações, aproveitando a comemoração dos 50 anos do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Unicamp. "Sinto-me honrada de participar, agora como convidada de sua continuidade. Os alunos nele titulados espalham-se por várias instituições aqui e no exterior. Orgulhamo-nos ao ler seus trabalhos, constatar sua atuação como produtores de arquivos e livros, relatórios de pesquisa, formação de médicos, pesquisadores e assessores de entidades voltadas a políticas sociais e muito mais. Junto aos novos alunos, eles fazem parte importante de nossa carreira profissional e intelectual", disse.

A cerimônia foi encerrada com a entrega do título de Professora Emérita pelo reitor Antônio José de Almeida Meirelles, que destacou a importância de Elide Rugai Bastos para a Unicamp e para as Ciências Sociais no Brasil. Com uma trajetória marcada pela coragem, generosidade e compromisso com a universidade pública, Elide Rugai Bastos tem um legado que continuará a inspirar novas gerações de pesquisadores e estudantes.