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O Boletim do IFCH traz a nota de pesar pela triste perda do professor aposentado Carlos Rodrigues Brandão (Departamento de Antropologia), ocorrida na última semana. Como homenagem, trazemos a entrevista realizada por ele para a TV Unicamp sobre sua trajetória e vida.

E no IFCH Público, divulgamos duas entrevistas sobre os resultados do Censo 2023, uma no programa Analisa da TV Unicamp com Roberto do Carmo e José Marcos Cunha (Departamento de Demografia), e outra do Roberto do Carmo ao podcast Fora da Política Não Há Salvação.

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  • Informes institucionais

 

Nota de pesar - Carlos Rodrigues Brandão

 

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É com imenso pesar que informamos o falecimento de nosso professor emérito Carlos Rodrigues Brandão, que deixa à toda comunidade do IFCH um legado de trabalho, luta e generosidade.

Brandão, como era carinhosamente conhecido, foi professor permanente da Unicamp de 1976 até 1997, desenvolvendo pesquisas na área de antropologia rural, cultura e educação popular, e questões ambientais, em diferentes regiões do país. No Departamento de Antropologia, ministrou disciplinas na graduação e na pós-graduação em áreas como religião, cultura popular e teoria antropológica. Participou da criação do Centro de Educação e Sociedade (Cedes), na Faculdade de Educação, e do Centro de Estudos Rurais (Ceres), no IFCH. Foi também vinculado ao Núcleo de Pesquisas Ambientais (Nepam). 

Brandão formou uma legião de estudantes não somente na teoria, mas também na prática, nas inúmeras viagens de campo que organizou, especialmente no interior de São Paulo e Minas Gerais. Invariavelmente, esses estudantes se tornaram qualificados pesquisadores e colegas mas, sobretudo, estimados amigos. Com eles, compartilhou o trabalho, o gosto pelo sertão, seu sítio Rosa dos Ventos, as delicadezas do cotidiano e da vida. Autor de inúmeros livros sobre comunidades tradicionais e populações rurais, de literatura, conto e poesia (que podem ser consultados em https://apartilhadavida.com.br/), Brandão se definia como um “militante ativista”, para quem ensinar e aprender são ações coletivas e indissociáveis.   

Depois de aposentado, continuou a atuar como professor colaborador nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e do Doutorado em Ciências Sociais da Unicamp. Foi ainda professor visitante de inúmeras universidades, pesquisador do Instituto Paulo Freire e recebeu vários prêmios, sempre compreendendo as homenagens como algo plural, de reconhecimento a um coletivo. Em 1998, foi contemplado com o título de Comendador do Mérito Científico pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de Professor Benemérito do Centro de Memória da Unicamp (CMU). Em 2006, foi agraciado com a medalha Roquette Pinto da Associação Brasileira de Antropologia. Em 2008 e 2010, recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Uberlândia e pela Universidade Federal de Goiás. Em 2015, foi a vez de receber o título de professor emérito pela Unicamp.

Em nome da direção do IFCH, manifestamos nossa solidariedade a seus familiares e amigos/as e rendemos nossas homenagens a este grande professor e educador popular. Brandão seguirá vivo e presente entre nós! 

Tudo e Eu - poema do livro "O jardim de todos", de Carlos Rodrigues Brandão

Vive em mim
o fio de seda
do bem da força
do amor de tudo.
Eu vivo nele:
no fio que fia
e tudo tece
e une tudo
e em tudo junta
um lado e o outro
e vive em tudo.
Eu estou em mim
e estou em tudo
quando amo todos
e amo tudo
o tempo todo
e toda hora
e sendo eu mesmo
e estando em tudo
em tudo, assim:
eu estou na terra
e estou na Terra
na flor, no bicho
no chão, na lua
no céu, no sol
no arco-íris
na borboleta
e no alecrim!
Eu vivo! Eu sou!
E sendo em tudo
o tempo todo
a toda hora
eu vivo agora

 

 

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O professor Carlos Rodrigues Brandão foi entrevistado em novembro de 2015 pelo programa Memória Científica, da TV Unicamp.

O programa trouxe relatos de Brandão sobre sua vida, desde a infância até a escolha pela antropologia. Sonhava, como conta, ser um explorador, um aventureiro, pois a vida haveria de ter o sabor de um conto de Julio Verne ou de um episódio de Tarzan. E foi assim que, com apenas quinze anos de idade, querendo voar, ingressa na Aeronáutica. Pouco tempo depois, por conta de um grave acidente, vê abreviada tal aventura. Querendo ainda ver o mundo do alto, inicia grandes escaladas nas montanhas do Rio e outros pontos da região sudeste, enquanto pairavam dúvidas sobre qual caminho de formação profissional seguir: Engenharia Florestal, Filosofia ou Psicologia?

Católico, milita na Ação Popular e no MEB (Movimento de Educação de Base), onde dá seus primeiros passos como educador popular, caminho que o leva a ter forte ligação com as ideias e a pessoa de Paulo Freire. A entrevista reserva ainda outros tantos episódios que traçam o inusitado caminho de formação do antropólogo do mundo rural. “Um dia acordei e falei para Maria Alice [esposa] que seria professor”. Desejoso do ofício, inicia, em Goiás, a aventura que o traria, no início dos anos 1970, ao IFCH.

A entrevista de Carlos Rodrigues Brandão ao Memória Científica foi publicada no YouTube nesta semana em sua homenagem. O  programa pode ser assistido pelo link https://youtu.be/i28BkA3JbBU.

 

 

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