PADRÕES DEPRESSIVOS: fenotipagem digital e subjetivação neoliberal
Resumo
Assistimos hoje a uma quantidade crescente de diagnósticos de ansiedade e depressão, ao mesmo tempo em que as práticas e os discursos psicológicos e psiquiátricos assumem, frequentemente, certa proximidade com os ideais políticos e econômicos neoliberais de maximização imperativa (medicalizada ou tecnicamente mediada) do desempenho e do prazer. Paralelamente a isso, os sistemas de inteligência artificial e as técnicas de aprendizado de máquina vêm sendo cada vez mais empregados em processos de automatização de cada vez mais esferas da vida, inclusive no âmbito do diagnóstico e tratamento da saúde mental. Partindo desse cenário contemporâneo, propomos neste artigo percorrer um trajeto que se inicia no site de um aplicativo para automonitoramento de saúde mental, se aprofunda em sua fundamentação tecnocientífica e econômica, e culmina no desdobramento da racionalidade neoliberal que o sustenta. Concluímos com considerações sobre as implicações mais amplas do modo de funcionamento das técnicas de aprendizado de máquina, em especial sua tendência de reproduzir o passado e descartar o singular.
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