Desafios e potencialidades do uso de questionário estruturado em pesquisas sociológicas sobre distinção e classes sociais
Resumo
Tendo como pano de fundo a relação entre empiria e teoria social, o artigo analisa a construção do questionário estruturado e seu lugar em pesquisas que visam captar empiricamente as possíveis homologias entre classe social e distinção. O artigo parte de uma análise do mesmo instrumento em A Distinção, de Pierre Bourdieu. Em diálogo com uma extensa bibliografia, aponta alcances e limites no uso da ferramenta na obra do autor francês e busca caminhos para aprimorar seu emprego. Para tanto, reflete-se sobre a forma como foi construído o questionário da pesquisa “Para além d’A Distinção: gostos, práticas culturais e classe em São Paulo”. Reafirma-se uma série de elementos centrais em Bourdieu, em especial sua noção multidimensional e relacional de classe social, a necessidade de se construírem os espaços social e simbólico e a importância de se testar a hipótese da homologia entre tais espaços. Ao mesmo tempo, defende-se que, em pesquisas que relacionam classe social e distinção, o questionário seja utilizado dentro de uma pesquisa de métodos mistos com fases encadeadas, em que etapas iniciais permitam superar os efeitos de “imposição da problemática” no momento da construção do questionário. Destacam-se grupos focais e análises documentais para tal intuito. Fundamental para a construção dos espaços social e simbólico, o questionário é seguido pelo emprego de métodos qualitativos, como entrevistas e observação, para se compreender aquilo que é mobilizado pelos indivíduos para a construção de fronteiras sociais e, portanto, a “realidade” das classes sociais.
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