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Produção Acadêmica

A TRADUÇÃO DE OVÍDIO, O POETA DO AMOR, NO IMPÉRIO DO BRASIL: O “ERÓTICO”, A MORAL E A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XIX

Tipo: Produção Bibliográfica
| Ano: 2021

Resumo

Esta reflexão insere-se nas discussões dos usos do passado, aqui, em particular, na articulação do Brasil Império com as suas heranças clássicas, na metade do século XIX. Para legitimar a imagem de Nação construída a par- tir das referências históricas consideradas legítimas pelas elites imperiais, era de grande importância a conexão com as bases da civilidade ocidental: latina, com a sua língua materna, o latim, e o direito romano, e as tradições grega e hebraica. Neste processo, saber as letras antigas e ler obras de autores latinos e gregos era o caminho para a erudição e o conhecimento necessário ao ho- mem virtuoso. Dentre os diversos autores traduzidos para o português está o romano Públio Ovídio Nasão. A questão era como publicar e interpretar um autor que tratava de conquistas amorosas e sexualidade dos antigos romanos, e seus conflitos, contradições e zombarias, em um momento em que se dava o aumento da publicação de jornais e livros, das escolas, da amplificação de um público leitor feminino e da definição e imposição de austeros valores. A leitura dos clássicos, ou limitações a eles, reforça um modelo idealizado de sociedade que nos possibilita examinar aspectos que envolvem a seleção, a tradução e a publicação de textos antigos em um cenário político e social que, ao mesmo tempo em que valorizava o vínculo com determinadas sociedades antigas e com elementos neoclássicos, precisava resolver os atritos identi- ficados entre os códigos morais vigentes e os aspectos “eróticos” contidos nas obras ovidianas. É esta articulação entre um ideal de civilidade, cultura, educação e os embates morais em torno da publicação das obras ovidianas no Brasil que serão tratados neste texto.

Membros

LOURDES MADALENA GAZARINI CONDE FEITOSA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
PEDRO PAULO ABREU FUNARI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS