CRONICAMENTE ONLINE: UM JOGO DE FORÇAS ENTRE PERMANÊNCIA NAS REDES E UBIQUIDADE DAS TICS
Resumo
Este artigo propõe uma análise crítica do fenômeno cronicamente online, estabelecendo uma comparação com o conceito de disforia de gênero, conforme abordado por Paul Preciado (2023). Argumenta-se que ambas as condições, ao serem tratadas sob a ótica médica, apagam as tensões tecnológicas, políticas, sociais e culturais que modulam esses fenômenos. O cronicamente online é visto como nova forma de sociabilidade, especialmente entre os jovens, em um contexto de capitalismo de vigilância (Zuboff, 2018) que transforma a atenção em um recurso lucrativo. Este artigo sugere que estar constantemente conectado não deve ser entendido apenas como uma escolha individual ou uma patologia, mas como parte constituinte de um modo de acumulação contemporâneo baseado no funcionamento da cibernética. Assim, ao deslocar a análise da patologização para uma perspectiva política, explora-se o jogo de forças entre a medicalização e a normalização do comportamento digital, e como a permanência online é, ao mesmo tempo, incentivada e patologizada pelas estruturas sociais e econômicas atuais.
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