AFETO E PERIGO: REFLEXÕES SOBRE MÁSCARAS E RESPIRAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Resumo
Neste artigo, analiso um artefato que se tornou cotidiano e que atua contendo aquilo que
escapa às camadas da pele: a máscara. Para tanto, parto do quadro Os Amantes, de René
Magritte, e de um relato etnográfico sobre um hospital de tratamento de tuberculose. À
luz desses dois materiais, situo as tensões entre afeto e perigo geradas pelo contágio no
contexto pandêmico, posicionando as máscaras como artefatos centrais para a gestão das
misturas corporais. Argumento que, no contexto de pandemia, a máscara faz parte de um
movimento mais amplo de proliferação de fronteiras que opera em diversas escalas, que
tanto irradiam do corpo quanto nele reverberam. Compreendendo-as como parte deste
movimento, foco especificamente no seu acoplamento com a respiração, atentando para
a materialidade do seu funcionamento. Nesse sentido, exploro como a respiração emerge
não apenas como um ponto de conexão entre nós e o mundo, mas também como um ato
que faz da categoria de cuidado profícua para refletir sobre interdependência e corpo
político, além de possibilitar imaginar um mundo por vir.
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