SER A PRIMEIRA GERAÇÃO FAMILIAR A CHEGAR À UNIVERSIDADE FAZ DIFERENÇA EM TERMOS DE FECUNDIDADE E NUPCIALIDADE?
Resumo
É amplamente aceito que o investimento dos anos de juventude em escolarização, qualificação profissional e construção da carreira exige em grande medida o adiamento das chamadas transições familiares, que têm como marcos a formação do par conjugal e o nascimento dos filhos. É plausível supor que expectativas elevadas de mobilidade social em alguns casos, ou a impossibilidade de manter determinado padrão de consumo em outros, levem a uma constante postergação do projeto de constituição de família, sob o risco de que em casos extremos nos quais as expectativas não se cumprem, o projeto familiar seja abortado. Com a expansão do sistema universitário brasileiro são comuns as narrativas de estudantes que são os primeiros de suas famílias a chegar à universidade. Mas o que passa com o padrão de fecundidade e nupcialidade dessas pessoas? Se enquadram rapidamente ao grupo social no qual estão ingressando? Mantêm traços característicos do seu grupo social de origem? Desenvolvem comportamentos demográficos sui generis? Utilizando dados do módulo de mobilidade social da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1996 e 2014, o presente estudo visa responder a esses questionamentos através da construção de medidas clássicas da análise demográfica como a taxa de fecundidade total, parturição, idade média da fecundidade e proporção de mulheres nulíparas ao final do período reprodutivo. Quanto ao comportamento da nupcialidade de pessoas que são a primeira ou a segunda geração de suas famílias a chegar à universidade, além de contrastar o tipo de união elegido, a propensão ao celibato “supostamente definitivo” e à homogamia educacional, também se empreende uma releitura da “pirâmide da solidão” descrita por Elza Berquó.
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