O COMPORTAMENTO SEXUAL DOS ESTUDANTES DE 13 A 17 ANOS NO BRASIL: UMA LEITURA DOS DADOS A PARTIR DAS RELAÇÕES DE GÊNERO
Resumo
Pode-se dizer que todas as esferas sociais são estruturadas (também) pelas relações de gênero. No que diz respeito a saúde sexual e reprodutiva isto é bastante visível, por dois motivos: a esfera da reprodução é, ainda hoje, entendida como “assunto de mulher”; o comportamento adolescente (especialmente, o sexual) é permeado pela desigualdade de gênero. Pensando nisso, objetivo deste estudo é investigar se há relação entre o sexo dos adolescentes brasileiros e os indicadores de saúde sexual e reprodutiva, segmentados entre práticas/comportamentos e a presença de orientação escolar sobre o tema. Buscou-se fazer um panorama da saúde sexual e reprodutiva dos estudantes, com ênfase nas possíveis disparidades de gênero. Para tanto, a fonte de dados utilizada foi a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019, que investiga os fatores de risco e proteção relacionados a saúde dos estudantes de 13 a 17 anos do Brasil. Realizou-se uma análise descritiva dos dados e, em seguida, será realizado o ajuste de um modelo de regressão logística binária múltipla, com objetivo de averiguar se existe associação entre o sexo do(a) estudante e os indicadores de saúde sexual e reprodutiva. Observamos que a maioria dos estudantes brasileiros recebem orientação escolar sobre prevenção à gravidez e prevenção ao HIV/Aids e outras ISTs. Apesar disso, o uso de preservativo ainda é baixo e revela discrepâncias entre os sexos: são as meninas quem menos usaram preservativo e que possuem maior inconstâncias no uso deste, entre a primeira e a última relação sexual. Acreditamos que para mudança deste cenário, as políticas educacionais voltadas a educação sexual devem se ater ao que já está posto pela ciência: uma abordagem voltada aos direitos sexuais e reprodutivos, de forma que a igualdade de gênero, a sexualidade e os relacionamentos afetivos sejam os temas principais do debate.
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