DA CASA À FÁBRICA: TRAVESSIAS POSSÍVEIS
Resumo
Nossa proposta é registrar e compreender a trajetória de trabalho e de família de duas mulheres operárias, migrantes e com idades aproximadas. Ambas compartilharam o mesmo horizonte histórico em finais dos anos 70 e início dos 80: a ditadura militar no contexto da industrialização do ABC paulista; com experiências aparentemente opostas. De um lado, uma trabalhadora metalúrgica, sindicalizada e em constante diálogo com os movimentos sociais; de outro, uma mulher, trabalhadora têxtil, que, após nascimento de uma filha portadora de síndrome de down, interrompe as atividades laborais na indústria para dedicar-se aos cuidados da criança. As entrevistas foram realizadas na convergência de duas pesquisas: “Movimentos cruzados, histórias específicas: estudo comparativo das práticas sindicais e de greves entre metalúrgicos e canavieiros” e do projeto “Memórias de Vida e de Luta”, de iniciativa da Associação dos Metalúrgicos Anistiados e Anistiandos do ABC - AMA-A em parceria com discentes de graduação, pós-graduação e docentes e técnicos administrativos da UFABC. Escolhemos essas duas mulheres por conta de suas experiências aparentemente distintas e por suas narrativas que nos permitem problematizar algumas ideias, como a de que “trabalho doméstico não é trabalho”, posto que o cotidiano da família, do cuidado é também um espaço estruturante onde as lutas sociais e sindicais se forjam. O trabalho se divide em duas partes: no primeiro apresentamos a proposta do texto e a metodologia utilizada; no segundo, apresentaremos a análise das entrevistas a partir de dois eixos: 1) classe e/gênero; 2) intersecções entre vida privada e pública.
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