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RURIS

Dossiê Temático Ruris 2º semestre de 2026

  • Programa de Antropologia Social

Dossiê Temático Ruris 2º semestre de 2026

 

A Revista Ruris - do Centro de Estudos Rurais (Ceres) IFCH – Unicamp - convida para colaboração com artigos, ensaios, resenhas, traduções, entrevistas, depoimentos, notas de pesquisa e/ou extensão e caderno de imagens para o dossiê temático Plot e Plantation: precariedades analíticas, opacidade e recusa, organizado por Antonádia Borges, Stella Paterniani e Gustavo Belisário. O dossiê têm publicação prevista para o segundo semestre de 2026.

Em seus números, a Ruris apresenta resultados de pesquisas realizadas em contextos nacionais e internacionais que envolvam atores e situações relacionados ao mundo rural, de forma a trazer para o leitor os temas e as questões que emergem tanto dos estudos históricos, quanto dos processos sociais contemporâneos. A revista, seguindo o caráter interdisciplinar do CERES, publica trabalhos realizados no âmbito de diferentes campos do conhecimento das Ciências Humanas e Sociais.

As normas para publicação podem ser conferidas no site da Revista Ruris: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/ruris/about/submissions

Para mais informações, escreva-nos: ruris@unicamp.br

 

CHAMADA:

A centralidade da plantation nos modos de produzir, conhecer e experimentar o mundo erigido pelos modernos colide com formas de existir que ameaçam seu avanço. A lógica que opera por meio de métricas e valores universais, orientada pela analítica da racialidade, estabelece como periférico e menor o que chamamos de composições-terra: forças retrógradas do selvagem e da chamada natureza que ameaçam o desenvolvimento, como nos alerta Jerá Guarani. Reflexões contemporâneas como as de Denise Ferreira da Silva, Katherine McKittrick, Jota Mombaça e Sylvia Wynter nos permitem desafiar o que temos chamado de precariedades analíticas das teorias sociais contemporâneas que, a partir do insulamento europeu, forjaram categorias ontoepistemológicas para o entendimento da emergência e do avanço do capitalismo moderno em conluio com a plantation instauradora da racialidade como modelo global de capitulação ontológica das vidas na/da terra.

Um assalto à razão moderna e racializante, supostamente universal e humanista, espreita, no entanto, a plantation desde o plot, desde os aquilombamentos, as roças, a opacidade cogitada por Édouard Glissant. A contraplantation se instala qual glitches no funcionamento plantationcrático.

Convidamos, para este dossiê, artigos que se voltem tanto para modos de produção plantationcráticos, como para recusas e manutenção de opacidade próprias do esplendor e da exorbitância do plot. Aguardamos contribuições que nos convoquem a confrontar analiticamente os modos-plantation de fazer ciências sociais, problematizando a expropriadora episteme plantationcrática da academia, a partir de pesquisas atentas à indeterminação e à espiralação próprias do plot, nas suas mais variadas acepções, seja como roça, como enredo ou como trama.

Organização:
Antonádia Borges: Professora Doutora na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua pesquisa problematiza como diferentes experiências humanas implicam expectativas distintas sobre o significado e o propósito da vida. Tem feito investigação etnográfica junto a pessoas que também são pesquisadoras e que lutam por terra e moradia, aspirando a liberdade de designar, em seus próprios termos (e não por meio de ideias do opressor), o propósito dos lugares onde seus ancestrais e as gerações futuras viverão. Sua pesquisa mais recente é sobre o papel da universidade no Brasil e na África do Sul, analisando a supremacia epistêmica da branquidade na plantation acadêmica. Além disso, desenvolve projeto sobre territorialidades acadêmicas, aprofundando perguntas sobre a complexidade dos locais onde as instituições de educação superior se estabeleceram.

Stella Paterniani: Professora Doutora no Departamento de Antropologia e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É doutora em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (UnB). Desenvolve pesquisa com pessoas que lutam por moradia no Brasil e na África do Sul. Tem trabalhado com a crítica da analítica da racialidade nos estudos urbanos e com a ideia de transtopias como práxis de recusa e fugitividade nas cidades-plantation.

Gustavo Belisário: Doutor em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Mestre pela Universidade de Brasília (UnB). Fez Pós-Doutorado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) entre 2023 e 2025, com um período sanduíche no Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social (CIESAS Sureste) em Chiapas, no México. Tem se dedicado a pesquisar a relação entre a plantation e a imposição da noção de família na organização dos modos de vida sob a ocupação colonial, bem como as criatividades das composições rebeldes nos vínculos, especialmente a partir do diálogo com crianças e pessoas trans. É Coordenador Editorial da Áltera - Revista de Antropologia.

 

Prazo para submissão de trabalhos: 23 de fevereiro de 2026