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Mural

Um mural manchado de branco

  • Comunicação

Valério Paiva, jornalista do IFCH Unicamp 

O primeiro alerta não veio por sirenes, mas por telas de celular. Vídeos começaram a circular no Instagram e no WhatsApp: imagens de paredes pichadas, cartazes arrancados, murais com rostos históricos do movimento negro e de figuras da resistência. As gravações, feitas às escondidas em corredores vazios durante o feriado de Carnaval, acusavam o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp de “doutrinação ideológica”. Mostravam, de modo seletivo, cartazes políticos e manifestações culturais.

O instituto estava fechado, o suficiente para que uma pessoa que se identificava como militante conservador pudesse circular nas áreas abertas, sem ninguém da comunidade por perto, para realizar uma sequência de provocações.

Mural Negro vandalizado e cena de um dos invasores no instituto 

Inicialmente, fui avisada sobre a divulgação de vídeos, nas redes sociais, em que os invasores acusavam a universidade, em especial nosso instituto, de doutrinação partidária e ideológica”, recorda a professora Andréia Galvão, então diretora do IFCH. Ela acrescenta: “Eram filmagens realizadas aos finais de semana e em horários de baixa circulação de pessoas na universidade, que reproduziam, de modo seletivo e com o intuito de manipular a opinião pública, imagens de pichações e manifestações políticas e culturais existentes em nossos espaços.”

Algumas semanas depois, o roteiro ganhou um protagonista mais ruidoso. O vereador Vinícius de Oliveira (Cidadania), de celular em punho e acompanhado de seguranças, entrou sem autorização no IFCH justamente no dia da Virada Transcultural, evento dedicado à diversidade, e da votação no Conselho Universitário (Consu) das cotas para pessoas trans, travestis e não binárias. Filmou corredores, insultou estudantes e professores, e após ser questionado pelo que fazia, chamou a polícia.

Em minutos, o campus estava cercado por viaturas, bases móveis da Polícia Militar. Para os que estavam ali, o susto virou ponto de virada. “No dia em que a polícia veio ao campus, as coisas mudaram de patamar, não podíamos ficar sem reação. Se até então tínhamos agido discretamente para não aumentar o engajamento dos invasores nas redes, depois disso passamos a nos organizar e buscar formas de proteger nossa comunidade”, explica Andréia.

Escalada noturna

A tensão não cessou. Na noite de 27 de março, um grupo de seis pessoas, uma delas com camiseta do Movimento Brasil Livre (MBL), entrou no instituto. Ameaçaram estudantes, interromperam aulas, agrediram fisicamente um aluno e um professor. O diretor associado, Michel Nicolau Netto, acompanhou os depoimentos no distrito policial. 

O professor Rafael Garcia, do Departamento de Filosofia, estava em sala de aula naquela noite e testemunhou diretamente os acontecimentos. “Isso aconteceu na mesma semana em que um vereador foi ao IFCH fazer proselitismo e atacar os murais da consciência negra e da consciência trans. Foi tudo na mesma semana em que a Unicamp estava em vias de votar as cotas trans. A motivação deles foi essa: transfobia”, relatou. Ele enfatiza que a justificativa usada pelos invasores, de que estariam reagindo a pichações, era “uma lorota inacreditável”.

Segundo Rafael, a chegada do grupo foi recebida com indignação, mas também com disciplina. “Os estudantes começaram a entoar um chamamento que foi combinado entre eles, para avisar os demais da presença dos provocadores. Nesse momento, os estudantes que estavam na minha sala se levantaram imediatamente e foram ao encontro dos invasores. Eu os acompanhei, sem ainda saber ao certo do que se tratava. Em todo momento os estudantes se mantiveram calmos e pacíficos. A tentativa era apenas inviabilizar o sensacionalismo dos provocadores, impedindo as filmagens e retirando os extremistas do instituto.”

Para ele, tratava-se de uma encenação premeditada. “O que os provocadores foram fazer é muito diferente de política. Eles armam uma arapuca, semelhante a uma esquete de pegadinhas feita para gerar engajamento. Nós nos sentimos como que jogados numa situação contra a nossa vontade, reféns de uma maquinação feita para desacreditar ainda mais na política como campo de discussão e construção coletiva.”

Rafael Garcia lembra que o modus operandi do grupo ficou evidente. “Eles oscilam da provocação para o vitimismo, e isso é feito de caso pensado. Por isso tantos membros da equipe profissional portavam celulares e se colocavam estrategicamente para filmar as provocações e as reações por todos os lados. Depois disso, editam os vídeos e criam a narrativa que interessa aos agressores. Já faz tempo que esse modo de agir não é segredo, como pude ouvir pessoalmente do delegado que lavrou o BO naquele dia.”

Taís Roldão

Após ser contatada pela direção do IFCH, a Reitoria da Unicamp disponibilizou a Procuradoria-Geral da universidade para realizar queixa-crime contra o vereador e demais invasores. Poucos dias depois, outras incursões foram realizadas em horários de pouco movimento por pessoas que se autodeclaram membros da extrema-direita que nitidamente estão realizando pré-campanha eleitoral, mas sem a mesma repercussão das anteriores.

Para os estudantes, era a materialização do que já se comentava nos corredores: não se tratava de incidentes isolados, mas de uma estratégia política. “Eles estão vindo aqui para ganhar voto, para produzir material para as redes sociais e, com isso, mobilizar sua base e conseguir mais votos em 2026”, disse Felipe dos Santos Carvalho, estudante de graduação em Filosofia. “Nós ficamos com medo. nós queremos estudar, ter um dia de aula normal, e do nada aparece alguém aqui atacando, xingando, agredindo.”

Durante a Virada Transcultural, quando a polícia cercou o IFCH, a comunidade se uniu. “A gente pensava: como auxiliar os estudantes perseguidos? Como garantir que ninguém fosse levado para a delegacia ou sofresse retaliação, seja do vereador ou do aparelho repressivo do Estado?”, lembrou Felipe. “E ficou claro que não eram só os estudantes, os funcionários ou os docentes que estavam sendo atacados. Era o IFCH, era a Unicamp, era todo mundo junto.”

A reação cresceu em assembleias unificadas. Estudantes, professores e funcionários se reuniram para criar protocolos coletivos. “O objetivo deles era sair daqui com imagens para as redes. Então pensamos em como frustrar isso”, conta Tais Roldão, estudante do curso de graduação de Ciências Sociais e membro do Centro Acadêmico de Ciências Humanas.

Ao mesmo tempo, surgiu a ideia de realizar uma série de debates e formações para explicar por que esses grupos eram chamados de fascistas. “Se não conseguíssemos levar essa discussão para fora dos muros, eles passariam a narrativa de que era só xingamento vazio. Precisávamos mostrar o projeto de sociedade que representavam”, explica a estudante.

Luis Antonio Benetti

O choque dos trabalhadores

Entre os mais impactados estava quem conhece a rotina do IFCH há décadas. Luis Antonio Benetti, servidor da área de infraestrutura há mais de 22 anos, presenciou um dos episódios. “Eles começaram a gravar sem autorização. Eu disse que era desrespeito com a comunidade, que aqui existe uma diretoria, regras, um convívio. Eles não quiseram diálogo. Vieram para provocar. Foi um absurdo ver nosso espaço sossegado ser transformado em tumulto.”

Para ele, o mais grave foi a recusa sistemática à conversa. “Política se resolve conversando. Eu tentei falar, os diretores tentaram, os alunos tentaram. Eles não queriam. Nosso ambiente sempre foi tranquilo, de respeito mútuo. Ver isso ser quebrado foi muito doloroso.”

O impacto emocional também foi profundo. “O primeiro sentimento é um sentimento de insegurança, de que você tem violado ali um espaço que você não tá por um posicionamento político em si, mas para desenvolver as suas atividades”, relatou Reginaldo Alves do Nascimento, funcionário da Coordenadoria de Pesquisa que trabalha no IFCH há mais de uma década. “Cria um clima de instabilidade, de receio de você ir trabalhar. O fato de trabalhar em um instituto reconhecidamente de humanas, com pautas políticas fortes, gera insegurança. Você tem a sensação de que o seu local de trabalho, que deveria ser apenas o espaço onde realiza suas atividades, pode ser atacado.”

Se o medo é a primeira reação, logo vem a revolta. “O segundo sentimento que fica bem evidente é o sentimento de indignação. Talvez até no mesmo nível ou mais do que o primeiro, que é o do medo”, afirmou Reginaldo Alves do Nascimento. “É indignação por primeiro demonstrar que as pessoas não têm conhecimento do que que é produzido, do que é feito dentro do instituto. É como se a própria existência do nosso trabalho não fosse aceitável, como se o conhecimento gerado não tivesse valor. Isso é um ataque não só ao instituto, mas à nossa existência enquanto trabalhadores.”

Ele lembra que esses movimentos de intimidação não se restringem à presença física de invasores. “Eles aparecem também de outras formas: no corte de financiamentos, no desprestígio às humanidades, como vimos no governo Bolsonaro. Há uma tentativa de deslegitimar o pensamento crítico em vários níveis.” Ao mesmo tempo, Reginaldo observa que as agressões acabaram por fortalecer a coesão interna: “Esses ataques também criam uma reação contrária, de maior mobilização em defesa da universidade. Mas é claro que deixam marcas, porque afetam a forma como a sociedade enxerga a Unicamp.”

Felipe dos Santos Carvalho

A tinta branca no mural

O episódio mais simbólico foi o ataque ao Mural Negro, feito de colagens e cuja produção foi iniciada a vários anos na escadaria do prédio da Graduação. Durante uma das incursões a extrema-direita, o espaço foi descaracterizado com tinta branca. “Ele pintou o Mural Negro todo de branco, fazendo um claro ataque racista”, disse Felipe dos Santos Carvalho.

O choque virou mobilização. “Meus amigos do movimento negro estavam em estado de choque. O mural sempre foi uma marca potente. Ver tudo coberto de branco foi agressão explícita”, recorda Tais Roldão.

A resposta foi ampla: o movimento negro, centros acadêmicos, professores e direção organizaram um processo de revitalização que durou meses. Houve rodas de conversa, feijoada coletiva, capoeira, samba e baile. Enquanto isso, estudantes retiravam a tinta, imprimiam novas imagens e reconstruíam o mural. “A gente passou de abril a agosto retirando a tinta, reimprimindo imagens e reconstruindo o mural”, explicou Felipe. “Enquanto aconteciam as atividades, a gente estava lá colando os rostos das personalidades negras.” Hoje, o Mural Negro não apenas foi recuperado: segue em expansão, com novas colagens adicionadas continuamente na escadaria do prédio da Graduação do IFCH. 

Outro mural, em homenagem à comunidade trans, também foi alvo de ataques em abril, no mesmo período em que a universidade discutia a aprovação das cotas trans. A comunidade do IFCH foi protagonista nesse debate ao longo dos anos, acumulando experiências e reflexões que já haviam resultado na adoção de cotas trans na pós-graduação alguns anos antes. A revitalização dos murais transformou-se em gesto de afirmação coletiva, reafirmando o compromisso histórico do instituto com a diversidade e os direitos humanos.

Mural Negro reconstruído

Redes de apoio

Enquanto a comunidade agia no cotidiano, a direção do IFCH articulava na esfera política e administrativa. Foram três notas públicas, além dos contatos imediatos com os órgãos gestores da universidade. A Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp) ofereceu assessoria jurídica. A comissão de direitos humanos da subseção Campinas da Ordem dos Advogados do Brasil foi acionada.

“Entramos imediatamente em contato com a Secretaria de Vivência dos Campi (SVC), o gabinete do reitor e a Procuradoria-Geral, que nos atenderam prontamente”, conta Andréia Galvão. Ela lembra ainda que “contamos com o apoio e a solidariedade de todos diretores de unidades de ensino e pesquisa, que subscreveram nossas notas e moções. Essa rede foi construída rapidamente e foi muito importante, pois todos entenderam que os ataques não se limitavam ao IFCH, mas se dirigiam a toda a universidade.”

A rede de apoio também se traduziu em medidas concretas. A direção acolheu os estudantes que haviam sido ameaçados ou agredidos, acompanhou o registro de boletins de ocorrência e formalizou denúncia à Câmara Municipal de Campinas, por meio de carta encaminhada ao presidente, solicitando providências à corregedoria diante da conduta do vereador. O então reitor da Unicamp, Antônio José de Almeida Meirelles, declarou solidariedade à comunidade do IFCH e enfatizou que os acontecimentos não se restringiam ao Instituto, mas representavam um ataque à própria universidade como um todo.

A repercussão chegou à imprensa nacional, entidades científicas e movimentos sociais condenando os ataques. Foi realizado ato de desagravo na Câmara Municipal de Campinas conduzido pela vereadora Mariana Conti, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política no instituto e servidora da Unicamp, com apoio do professor e vereador Wagner Romão, do Departamento de Ciência Política. 

A reação também alcançou o próprio partido do vereador. O Diretório Municipal do Cidadania em Campinas divulgou nota pública de solidariedade ao IFCH. A presidenta municipal da legenda, Ana Stela Alves de Lima, esteve pessoalmente no instituto para entregar o documento e conversar com a Direção. No texto, o partido se posicionou de forma explícita contra as ações de Vinícius de Oliveira Sandoval, conhecido como Vini, afirmando que “o Cidadania é um partido plural, democrático e tem por princípio o respeito à ciência”. A nota ainda destacou: “A Unicamp é a Universidade que muito orgulha os brasileiros e especialmente os moradores da Cidade de Campinas. Portanto, muito nos constrange o posicionamento intolerante, violento e moralista vindo de um vereador que se elegeu pelo Cidadania. Nossas escusas a toda comunidade Unicamp.”

Reflexões

Passados alguns meses, a avaliação é de aprendizado e alerta. “O IFCH é um espaço aberto, plural e democrático, ao passo que a extrema direita é o oposto disso, pois promove intolerância, discriminação e opressão. Ela precisa ser combatida, não há diálogo possível”, afirma Andréia Galvão.

Para ela, os episódios deixaram clara a necessidade de protocolos e vigilância permanente. “Precisamos nos organizar para enfrentar a extrema direita. Denunciar os ataques, ingressar com ações judiciais e exigir a reparação de direitos violados é um caminho. Mas, acima de tudo, precisamos nos manter vigilantes, unidos em defesa da universidade pública e continuar a fazer nosso trabalho, sempre em diálogo com a sociedade.”

Felipe dos Santos Carvalho vê o episódio como prova de que a luta ultrapassa os muros do campus. “Quando atacam a universidade, atacam também as pessoas negras, trans, periféricas que lutaram para estar aqui. A revitalização do mural não foi só reconstrução de uma parede. Foi afirmar nossa existência.” Já Benetti, por sua vez, insiste no fundamental: “A gente sempre respeitou todo mundo aqui. O que pedimos é respeito. Eles não quiseram conversar, mas nós seguimos unidos. Isso ninguém vai tirar.” 

Josianne Cerasoli

A professora Josianne Cerasoli, do Departamento de História, destacou que a experiência abriu também espaços de aprendizado. “Episódios como estes, de invasão e intimidação, costumam ser planejados para provocar, desestabilizar, para impactar. Ao mesmo tempo, são pensados para parecerem espontâneos e naturais, como se fossem reações de autêntica indignação. É um modus operandi frequente em extremismos.”

Segundo ela, o desafio foi não cair na armadilha da escalada. “Entendo que, dentro desse contexto de provocações e de tentativa de uniformizar opiniões, a única postura realmente negativa e prejudicial diante de ataques é o contra-atacar prontamente. Seria uma falsa maneira de medir forças, pois permitiríamos que a disputa se desse no campo da violência, onde a criticidade e o conhecimento que cultivamos no IFCH tem pouco a dizer.”

Josianne lembrou ainda de um efeito inesperado: “Um projeto de extensão mapeou e identificou diversos grafites e pixos entre os espaços do IFCH, construindo recursos para a memória, a história e para as narrativas a respeito dessas manifestações. Na Semana de Ensino de História houve a primeira experiência com esses materiais, e já ficou claro seu potencial para gerar diálogo e ampliar a compreensão e a criticidade sobre nós mesmos.”

Para além de Campinas

Nos meses seguintes a escalada de intimidações atravessou muros e se espalhou por outras instituições. O campus da Universidade Federal de Brasília (UnB) também foi um alvo ao longo do ano. Em Guarulhos, a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH Unifesp) foi alvo de invasões semelhantes, com militantes de extrema direita circulando pelos corredores, hostilizando estudantes e produzindo vídeos para as redes sociais. Em São Paulo, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH USP) também enfrentou episódios de hostilidade e provocação, confirmando que o alvo não é casual: as humanidades, espaços de crítica e reflexão. 

A coincidência não surpreende. “Esse tipo de ataque não é um ato isolado, há outros semelhantes em curso”, alerta Andréia Galvão. A escolha dos alvos revela uma estratégia: enfraquecer ambientes que produzem pensamento crítico, questionam desigualdades e formam futuros professores — justamente aqueles que podem multiplicar a capacidade de resistência nas escolas e na sociedade.

Michel Nicolau Netto, Ronaldo de Almeida, Andreia Galvão e Sávio Cavalcante

É nesse cenário que a nova direção do IFCH, assumida em agosto pelos professores Ronaldo de Almeida (diretor) e Sávio Cavalcante (diretor associado), reforça que o instituto não está sozinho nessa luta. “A Direção atual dá continuidade a uma luta que tende a crescer conforme aproximam-se as eleições de 2026. A vigilância é ato contínuo. E depois de tantos casos em diferentes partes do país, o momento exige articulação entre as universidades públicas para a compreensão do conjunto dos ataques sofridos e a adoção de ações políticas e jurídicas comuns”, afirma o atual diretor Ronaldo de Almeida.

Na escadaria do prédio da Graduação do IFCH, a resposta se tornou visível em forma de imagens. O Mural Negro, antes apagado por uma camada de tinta branca, agora segue recebendo novas colagens. Os rostos se multiplicam: escritores, militantes, intelectuais, artistas. O que começou como agressão se transformou em movimento de memória coletiva.

“A universidade pública é uma trincheira de muitas lutas, um espaço em que não cabe obscurantismo, pensamento único, nem discurso de ódio”, afirmou Andréia. Para ela, "é fundamental não ignorarmos, nem normalizarmos a extrema direita. Denunciá-la e enfrentá-la é uma forma de contribuirmos para a promoção dos direitos humanos e o fortalecimento da democracia.