O trabalho trata da tatilidade em Walter Benjamin, conceito empregado aqui para caracterizar a experiência do cinema como uma relação psicofísica entre o coletivo e o mundo através da percepção tecnicamente mediada. O ponto de partida é o diagnóstico da transformação histórica da percepção e experiência ensejada pela tecnicização das condições urbanas de existência, que estabelece o choque como forma da percepção corporificada e exteriorizada. Em seguida, a caracterização benjaminiana do cinema é situada nesse horizonte, ressaltando-se a transformação do choque em percepção artística sob a égide do jogo e da distração, o que, ao mesmo tempo, permite delinear a especificidade do conceito benjaminiano de filme. A discussão segue abordando a dimensão imagética do cinema, remontando ao materialismo antropológico divisado a partir do surrealismo para destacar o inconsciente óptico como um espaço de imagens técnico. O texto culmina na caracterização da tatilidade como uma experiência cinematográfica de inervação coletiva do mundo por meio das imagens do inconsciente óptico, o que permite pensar uma experiência que rompe os limites carcerários da vivência moderna.
The work addresses tactility in Walter Benjamin, a concept employed here to characterize the experience of cinema as a psychophysical relationship between the collective and the world through technically mediated perception. The starting point is the diagnosis of the historical transformation of perception and experience brought about by the technologization of urban living conditions, which establishes shock as a form of embodied and externalized perception. Next, Benjamin's characterization of cinema is situated within this horizon, emphasizing the transformation of shock into artistic perception under the aegis of play and distraction. This, in turn, allows for the delineation of the specificity of Benjamin's concept of film. The discussion then moves on to address the imagistic dimension of cinema, tracing back to the anthropological materialism viewed through the lens of surrealism to highlight the optical unconscious as a space of technical images. The text culminates in the characterization of tactility as a cinematic experience of collective innervation of the world through the images of the optical unconscious, which allows for thinking about an experience that breaks the prison-like limits of modern lived experience.