“DE VOLTA PARA ONDE NUNCA ESTIVE”: ARTE AFRICANA E DIÁSPORA NA BIENAL DE DACAR (1992-2012)

“Seria possível retornar a um lugar onde nunca estive antes?”, perguntava a artista cubana Maria Magdalena Campos-Pons ao narrar a realização de sua primeira exposição em solo africano — parte integrante da programação da sexta bienal de Dacar (Senegal, 2004). O paradoxo latente à questão enunciada por Campos-Pons dá nome a esta tese, e abre caminho para uma investigação sobre a presença dos artistas da diáspora africana na bienal de Dacar — também conhecida como Dak’art —, ao longo de suas dez primeiras edições (1992-2012).

Expoente cultural da África do Oeste, a cidade de Dacar é tomada aqui como um terreno privilegiado na gestação de imagens e narrativas dos sujeitos em diáspora, tanto no campo das artes, quanto da política ou da produção intelectual. Guiados por pautas heterogêneas, tais sujeitos projetam na África diferentes temporalidades. Do retorno desejado a uma terra ancestral ao olhar futurista e cosmopolita que desvincula o continente do legado colonial, tais projetos acompanham as distinções entre as dispersões históricas e contemporâneas, sem desconsiderar o horizonte global de pertencimento e solidariedade que questiona a racialização do "ser negro" face ao privilégio social da “brancura”.

Muitas vezes oscilantes, as narrativas de pertencimento associadas ao campo da arte contemporânea africana estão diretamentes relacionadas a esse contexto, e posicionam os artistas entre a adesão e a recusa de identidades essencializadas no campo da história da arte. Longe de indicar uma contradição, tais posicionamentos são estrategicamente mobilizados pelos artistas que os enunciam, lhes permitindo afirmar sua coetaneidade e negociar ativamente sua entrada no mundo da arte contemporânea.

Ora, que visões de mundo, experiências sociais, dimensões simbólicas e políticas o termo “diáspora africana” engloba? E, como repercutem no campo da arte contemporânea? Que imagens os artistas da diáspora mobilizam ao expor seus trabalhos no continente africano? E, por outro lado, o que representa para a cena dakaroise a presença dos artistas da diáspora? Essas são algumas das questões que esta tese se propõe a responder.

Data da defesa: 
segunda-feira, 21 Setembro, 2020 - 17:00
Membros da Banca: 
Omar Ribeiro Thomaz - Presidente (UNICAMP)
Claudia Valladão de Mattos Avolese (UNICAMP)
Roberto Luís Torres Conduru (Southern Methodist University)
Goli Almerinda de Sales Guerreiro (Editora Corrupio)
Renata Bittencourt (Instituto Moreira Salles)
Programa: 
Nome do Aluno: 
Sabrina Moura de Araujo
Sala da defesa: 
Integralmente a Distância