TRANSPONDO ÁGUAS E REDISTRIBUINDO A ESCASSEZ: UM ESTUDO DA HIDROMEGALÓPOLE SÃO PAULO-RIO DE JANEIRO

A crescente demanda por água nos grandes aglomerados urbanos tem sido respondida através de soluções técnicas; como por exemplo, a implementação de projetos de transferência de água de outras bacias hidrográficas. Desta forma, novas regiões passam a ter dinâmicas hídricas interdependentes, definindo assim novas territorialidades, tal qual a intitulada “Hidromegalópole”. Nota-se que essas novas definições contrapõe a unidade de gestão dos recursos hídricos definida no momento anterior à transposição de águas (NIEMANN, 2008). A transferência de águas não é uma solução nova. Pelo contrário, projetos de transferência de água foram implementados na Roma antiga (CARMO, 2002) e China (ELVIN, 1998). Mas projetos desse tipo têm sido apresentados cada vez mais como solução às crises hídricas (MCDONALD et al., 2014), e no Brasil temos também casos emblemáticos como a transposição do rio São Francisco (AB’SÁBER, 2006; CASTRO, 2011).
Ao mesmo tempo, o crescimento do consumo de água, especialmente nos grandes centros urbanos, gera uma configuração de interdependência regional sobre a disponibilidade de água, que afeta a vida de um amplo conjunto da população. Além disso, as atividades agropecuárias também dependem do uso da água. As soluções apresentadas para o caso do abastecimento das Regiões Metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro têm se dado principalmente a partir da transposição de bacias hidrográficas. No entanto, essa solução tende a priorizar certos usos ou localidades de maneira desigual. A formação do espaço modifica a relação de consumo que se estabelece entre as populações e o ambiente (LUTZ; PRSKAWETZ; SANDERSON, 2002) (...)