TRAJETÓRIAS MIGRATÓRIAS DE MINORIAS SEXUAIS NO BRASIL

O objetivo deste estudo é explorar a migração interna de minorias sexuais no contexto brasileiro. Eu divido este objetivo em três perguntas de pesquisa: 1) Onde a migração de minorias sexuais se situa nos estudos demográficos? 2) Existem diferenças entre os fluxos de migração interna de gays e lésbicas para homens e mulheres heterossexuais no Brasil? 3) Como as relações familiares afetam a trajetória de migrantes de minorias sexuais, não migrantes e migrantes retornados em pequenas cidades? Inicialmente, estabeleço um referencial teórico refletindo sobre como a orientação sexual tem sido incorporada aos estudos de migração no campo da pesquisa demográfica a partir da qual as hipóteses deste estudo foram extraídas. Posteriormente, proponho uma agenda de pesquisa com o objetivo de apontar as lacunas que precisam ser preenchidas e avançar esse tema nos estudos demográficos. Em seguida, contribuo com estudos que mostraram que existem diferenças entre os padrões de migração de gays e lésbicas (COOKE, 2005; WIMARK; ÖSTH, 2014). Portanto, neste estudo analiso um contexto do Sul Global a partir do Censo Brasileiro de 2010, que contém dados sobre a migração de gays e lésbicas, a fim de entender se seus padrões de migração diferem dos de homens heterossexuais e mulheres no Brasil. Por fim, concentro-me em um estudo de caso de pessoas LGB em cidades de pequeno / médio porte do estado de Minas Gerais, localizado na região Sudeste do Brasil. Contribuo para este trabalho procurando compreender o processo social de migração das minorias sexuais, no qual pouco se investigou, principalmente sobre as minorias sexuais que nunca migraram ou migraram, mas voltaram para sua cidade natal. Para entender por que alguns migram, é importante ver por que alguns ficam e porque alguns voltam. Nesse sentido, os dados qualitativos desta tese possibilitam a investigação de um aspecto mais diversificado da mobilidade dentro desse grupo. Além disso, acrescenta à literatura, explorando como as famílias podem influenciar na decisão de ficar, sair ou retornar à cidade de origem.