Esta tese diz respeito a uma análise da história social da vida de alunos com trajetórias improváveis. A partir da teoria de Pierre Bourdieu buscamos compreender como os ex-alunos de pré-vestibular comunitário da periferia da Grande São Paulo e egressos de graduações advindos de uma condição de desfavorecimento socioeconômico podem ou não superar os entraves impostos a partir do capital simbólico, que eles não detêm, como a superação ocorre, se de fato ela ocorre, sobretudo em relação a inserção no mercado de trabalho a estes ex-alunos que demonstram ser trajetórias improváveis. Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de depoimentos com entrevistas semiestruturadas, para tanto ouvi, sete egressos e três alunos do último ano de suas graduações, retornando a ouvi-los depois de formados, sendo sete homens e três mulheres, além dos membros fundadores do Cursinho Comunitário Pimentas. Esta tese foi realizada sob a perspectiva da teoria desenvolvida pelo sociólogo Pierre Bourdieu, com isso é fundamental conhecer o conceito de Capital Simbólico, que se caracteriza pelo reconhecimento que um agente social detém a partir da posse do conjunto de outros capitais. Compondo o Capital Simbólico estão o capital econômico, capital social e capital cultural que se desdobram na existência do habitus, que é estruturante e estruturado em um determinado campo social que, por sua vez, é sempre um campo de lutas de classes. Estes conceitos são trabalhados ao longo da tese, o que nos permite junto com os depoimentos confirmar nossa hipótese inicial, que a posse do capital simbólico é primordial para alcançar o sucesso no mundo do trabalho, assim como as trajetórias improváveis são mais frequentes quando os jovens se direcionam para o setor público por meio de concursos. Os jovens presentes nesta pesquisa demonstram ter trajetórias improváveis justamente porque conseguiram mudar seus “destinos” que seriam de mão-de-obra barata e pouca consciência de suas condições sociais, para cidadãos com comprometimento com a comunidade/sociedade e qualificação para o trabalho de modo que tiveram suas condições socioeconômica transformadas significativamente para melhor. Sendo assim, trata-se de uma análise sobre como as formas simbólicas dominantes na sociedade capitalista contemporânea podem orientar as expectativas da juventude e suas trajetórias de formação, reproduzindo ou resistindo aos caminhos pré-estabelecidos pela condição de origem. Dessa forma, esta pesquisa buscou, por meio dos depoimentos destes ex-alunos do Cursinho Comunitário Pimentas, compreender suas relações com os capitais mencionados, e quais as influências do CCP na formação destes alunos.
Trajetórias improváveis: a inserção ao mundo do trabalho para jovens de um cursinho comunitário da periferia
Data da defesa:
quarta-feira, 28 Julho, 2021 - 14:00
Membros da Banca:
Profa. Dra. Márcia de Paula Leite
Profa. Dra. Angela Maria Carneiro Araújo
Profa. Dra. Liliane Bordignon de Souza
Prof. Dr. Andre Pires
Prof. Dr. Jose Dari Krein
Profa. Dra. Magda Barros Biavaschi
Prof. Dr. André Luis Scantimburgo
Prof. Dr. Luciano Pereira
Programa:
Nome do Aluno:
Josuel Stenio da Paixão Ribeiro