Tomás de Aquino e as características necessárias dos transcendentais

Esta dissertação tem por objetivo investigar e elucidar as características necessárias de uma das teorias mais importantes e originais da filosofia medieval no século XIII: a teoria dos transcendentais assumida por Tomás de Aquino. Um transcendental é uma noção que, na linguagem filosófica da escolástica, se diz de certas propriedades do ser que ultrapassam as categorias aristotélicas e que convém a todo ente. Tomás de Aquino elencou, em De veritate q. 1, a. 1, o que até então é tido como o rol definitivo de tais noções, as quais são: ente, coisa, uno, algo, bem e verdadeiro. Os transcendentais formam parte de uma teoria genuinamente medieval e que são mobilizados para responder questões importantes de teologia e filosofia, especialmente metafísica, ontologia e teoria do conhecimento. Todavia, não é qualquer noção que é trabalhada pelas disciplinas de Filosofia que pode receber o título de noção transcendental. Há critérios que são encontrados nos textos tomasianos, bem como noutros autores do século XIII, que servem de condições necessárias para que uma noção seja dita transcendental. É preciso que uma noção seja auto-evidente ou notada por si mesma (per se notam), que seja de máxima extensão ou uma noção mais comum (communissima) e que sejam conversíveis (convertibilia) umas com as outras.